sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Estranho mundo real

O que você faria se sua filha de 9 anos, doente terminal de leucemia, pedisse para se casar com um garotinho de 7, também doente?
Este "matrimônio" ocorreu de fato nos EUA entre Jayla e José, duas crianças leucêmicas, ela com um prognóstico fechado, ele em fase de remissão, realizado pela "Make a Wish Foundation", organização que realiza os desejos dos pequenos doentes terminais. Geralmente são cãezinhos, desta vez foi diferente.
A menina pediu um "casamento" com flores e 150 convidados. Ela queria uma festa para agradecer a todos que tinham sido gentis com ela durante seu tratamento e como casar era seu "sonho", então pensaram em promover a festa de casamento. Jayla, a quem se dá poucas semanas de vida, conheceu José numa festa de Halloween realizada no Center for Cancer and Blood Disorders de Dallas, o hospital onde ambos faziam o tratamento e ficaram muito amigos. Os pais de ambos os "noivos" aprovaram o "casamento", que não tem valor legal, mas onde os noivos se prometeram uma amizade eterna. A noiva afirma que o noivo é "um gatinho" e que ela o ama.
Talvez não queira dizer muito para quem já foi "noiva" de brincadeira em uma festa junina, talvez queira dizer muito para alguém que sabe que nunca vai chegar lá. Talvez seja um abuso, talvez seja um gesto de compaixão...
Mas que faz pensar, ah, isso faz...

Para ver o filme na ABC, clique no título.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Termômetros e lâmpadas

Acabo de ler que a partir de 3 de abril os termômetros de mercúrio, aqueles clássicos, serão proibidos na União Europeia. Entrará em vigor um decreto ministerial de 30 de julho de 2008, que visa evitar que estes instrumentos acabem no lixo, contaminando o ambiente e colocando em risco a saúde de todos.
A coisa não diz respeito aos termômetros que as pessoas já possuam. Elas não deverão descartá-los (e quando o fizerem deverão entregá-los nos postos de coleta nas farmácias). É uma medida que diz respeito aos produtos novos, que, por sua vez, já vêm utilizando alternativas como uma liga de Gálio, Índio e Estanho, capaz de medir a temperatura em cerca 3 minutos, mas atóxica para o ambiente.
O Mercúrio é um metal pesado, líquido, contaminante comum em regiões de garimpo e presente em lâmpadas fluorescentes, em moldes industriais e nas células de eletrólise do sal para a produção de cloro e também nos termômetros, barômetros, etc...
Portanto, atenção na hora de jogar suas lâmpadas fora! Isto diz respeito às lâmpadas ditas "econômicas", eco-amigáveis, enfim.
Nos EUA existe a obrigatoriedade de rotular as lâmpadas com o símbolo Hg (mercúrio), mas aqui não. Então atenção redobrada. Todas as lâmpadas fluorescentes no mercado brasileiro contém mercúrio e não deveriam ser jogadas no lixo comum.
Elas deveriam ser cuidadosamente descartadas, evitando que se quebrassem e tratadas como lixo "perigoso" e encaminhadas para empresas especializadas na sua reciclagem. Já existem algumas no Brasil (ver lista ao fim deste post).
Embora as lâmpadas fluorescentes e halogenadas sejam consideradas uma medida ecológica por sua economia energética e emissão de gases (inclusive mercúrio) permanece o risco ambiental do mercúrio que elas contém.

Os seguintes tipos de lâmpadas contém mercúrio:
a)Fluorescentes, fluorescentes compactas, luzes negras.
b)High intensity discharge bulbs (HID). Elas lâmpadas são usadas em iluminação de armazéns, ambientes industriais e comerciais, na iluminação de segurança e outdoors. Elas são as lâmpadas a vapor de mercúrio, de metal-halido e sódio de alta pressão.
Estas lâmpadas também são utilizadas em veículos (luzes azuladas).
c)ultravioletas
d)neon

obs: Lâmpadas halogenadas não contém mercúrio.

No Brasil são consumidas cerca de 100 milhões de lâmpadas fluorescentes por ano. Desse total, 94% são descartadas em aterros sanitários, sem nenhum tipo de tratamento, contaminando o solo e a água com metais pesados. Por este motivo a conscientização da importância da reciclagem deste lixo se torna tão importante.


A intoxicação aguda por Mercúrio apresenta náuseas, vômito, glossite, estomatite, gengivite, perda dos dentes, forte dor abdominal e eventual diarréia com sangue, por seus efeitos corrosivos sobre as mucosas e na pele. O Mercúrio é nefrotóxico, hepatotóxico e neurotóxico e pode levar à morte em poucos dias. O tratamento requer suporte intensivo em UTI.
A intoxicação crônica apresenta vários sintomas neurológicos como tremores, vertigens, irritabilidade e depressão; associados à salivação, estomatite e diarréia; descoordenação motora progressiva, perda de visão e audição, autismo e deterioração mental. Ocorre a chamada Neuroencefalopatia tóxica, interessando cérebro e córtex cerebelar. Pode ocorrer dano genético. A terapia médica se faz com quelantes.

Além de reciclar, é importante prevenir. A inclusão de castanhas na dieta, por ser uma fonte de selênio, pode diminuir a biodisponibilidade do mercúrio por efeito quelante natural (os íons se ligam e o mercúrio vem "desativado" pelo selênio).O consumo de alho (alicina e ácido succínico)também é uma boa opção natural de quelante para o mercúrio. Não vai tratar uma intoxicação patológica, mas pode ajudar na prevenção.

E para quem ainda não conhece, recomendo a leitura do texto do Dr. Moacyr Scliar para a Clínica Literária chamado "Minamata, a cidade onde os gatos dançavam (e as pessoas morriam)" disponível no link http://www.conversanopier.com.br/minamata.htm#scliar ou clicando sobre o título deste post.

Empresas que reciclam lâmpadas fluorescentes:

Apliquim
(11) 3722-5478
www.apliquim.com.br

Rodrigues & Almeida Moagem de Vidros
(19) 9649-6867

Tramppo
(11) 3039-8382
www.tramppo.com.br

Naturalis Brasil
(11) 4496-6323 e 4591-3093
www.naturalisbrasil.com.br

Em Santa Catarina

Brasil Recicle
(47) 3333-5055
www.brasilrecicle.com.br

No Paraná

Bulbox
(41) 3357-0778
www.bulbox.com.br

Mega Reciclagem
(41) 3268-6030 e 3268-6031
www.megareciclagem.com.br

No Rio Grande do Sul

Sílex
(51) 3421-3300 e 3484-5059
www.silex.com.br

Em Minas Gerais

Recitec
(31) 3213-0898 e 3274-5614
www.recitecmg.com.br

HG Descontaminação
(31) 3581-8725
www.hgmg.com.br
25 / 06 / 2008


Para saber mais sobre MERCÚRIO e sua toxicidade: http://www.toxnet.com.br/t-metais_mercurio.php

PS: A Anary contribuiu com um comentário bem legal, uma matéria no site: http://empresas.globo.com/Empresasenegocios/0,19125,ERA1696949-2991,00.html

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Repartindo as borboletas




Meses atrás postei aqui os macaquinhos que apareceram no meu quintal.
Hoje quero repartir com vocês uma coisa que nunca tinha me acontecido antes. Fui dar uma voltinha ao redor da casa e surpresa: no limoeiro uma nuvem de borboletas. Acho que eram mais de vinte, todas laranja, uma festa!
Chamei minha filha para ver, para ela não esquecer.
Aqui tem borboleta. Até daquelas em extinção, azuis e pretas, grandonas.
Tem monarcas, tem amarelas limão, brancas, mariposas, tem de tudo. Mas nunca tinha visto tantas iguais todas juntas deste jeito.
Tentei fotografar, mas elas não param e esta é a tragédia das câmeras digitais, cuja velocidade não acompanha a ação. Aqui tem só uma amostra bem tímida.
Lamento, queria ter podido repartí-las todas com vocês.
Valeu a pena ter suportado todas as larvas na minha horta.
Para quem não sabe, borboletas são sinalizadores ambientais. Fico feliz de saber que elas estão por aqui.

Bisfenol A ataca de novo!


Publicado antecipadamente on line na Endocrinology por pesquisadores do Physicians Commitee for Responsible Medice e do National Institute of Child Health and Human Development do NIH, é o artigo que trago hoje, mais uma vez sobre o Bisfenol A.
Já dissemos aqui que o Bisfenol A (BPA) é uma substância química presente em muitos plásticos manufaturados e nas resinas epoxi e sabidamente capaz de alterar a diferenciação sexual por interferência endócrina. Recentemente o Bisfenol vem sendo implicado também como agente interferente sobre a atividade tireoidea por antagonização da ativação no receptor (TR) do hormônio tireoideo T3.
Os autores estudaram a relação entre a exposição ao Bisfenol A e seus efeitos sobre o desenvolvimento dos vertebrados, identificando as vias críticas do T3 que possam sofrer a sua interferência através de análise molecular in vivo.
Como a metamorfose nos anfíbios necessita de T3 e engloba o período pós-embrionário nos mamíferos, sendo um período crítico do ponto de vista de sinalização do hormônio tireoideo, foi o modelo e o período escolhido pelos autores para a observação.
Os autores encontraram, após 4 dias de exposição ao BPA, uma inibição do remodelamento intestinal induzido pelo T3. O BPA antagonizou a regulação da maioria genética dos genes modulados pelo T3, explicando o efeito do BPA sobre a metamorfose.
Os autores afirmam que, a partir de suas observações, o Bisfenol A não apenas é um interferente endócrino por sua atividade estrogênica, mas a sua atividade na inibição das vias do T3 na inibição do desenvolvimento dos vertebrados, não apenas dá um mecanismo para os prováveis efeitos deletérios do BPA no desenvolvimento de seres humanos, mas também demonstra a importância de estudar estas substâncias e suas ações in vivo.

Para saber mais:

Heimeier RA, Das B, Buchholz DR, Shi YB.
The xenoestrogen bisphenol A inhibits postembryonic vertebrate development by antagonizing gene regulation by thyroid hormone.
Endocrinology. 2009 Feb 19
http://endo.endojournals.org/
http://www.pcrm.org/
http://www.nichd.nih.gov/

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Para o maior amor do mundo



Ontem tivemos o privilégio de festejar com você seu aniversário de 7 anos. Cada ano que passa me dá a magnitude do presente que você é.
Ter tido você na minha vida, foi e continua sendo a coisa mais forte, mais especial que me aconteceu.
Obrigada por compartilhar conosco este tempo neste planetinha azul. Depois de você, ele se tornou mais cheio de importância e sentido.
Para você, meu pequeno grande amor, todos os meus melhores desejos:

Que sua vida seja doce e plena, as dores passageiras, as alegrias frequentes.
Que as suas conquistas não apaguem os sonhos e que eles sejam possíveis.
Que você tenha a consciência dos seus limites (e que você possa expandí-los todos ao longo de sua vida), só assim poderá chegar no seu máximo.
Que as amizades sejam verdadeiras, as companhias honestas e o abraço sincero.
Que o respeito permeie sua vida em uma via de mão dupla.
Que a sua voz seja ouvida e que você seja capaz de ouvir os que lhe rodeiam.
Que você pense sobre o que lhe digam, reflita e critique sem preconceitos e forme suas próprias opiniões. Que você nunca perca sua curiosidade sobre o mundo.
Que você cresça serena, segura e amada.

Que nós possamos estar juntos ainda por muitos dos seus aniversários.
Ti vogliamo tanto bene. Sei il nostro tesoro.
Buon compleanno!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Carnaval, Álcool e Gestação: combinação perigosa

A ingestão de álcool durante a gravidez afeta o desenvolvimento fetal e provoca a chamada Síndrome Alcoólica Fetal (FAS), cuja mais severa consequência é a lesão ao cérebro que se manifesta como deficits cognitivos, de aprendizado e de comportamento.
O Hipocampo é uma das áreas mais sensíveis a toxicidade provocada pelo etanol(álcool). Estudos recentes mostraram que o uso de bebidas alcoólicas pela mãe durante a gestação, leva a alterações no desenvolvimento do giro dentado de forma específica.

O Carnaval é um período de excessos. Exceda na alegria, nas danças. Se você está esperando um bebê, ou o está amamentando, evite bebidas alcoólicas.
Vai ser bom para você, vai ser bom para ele.
E se você for dirigir, não beba.


Miki T, Yokoyama T, Sumitani K, Kusaka T, Warita K, Matsumoto Y, Wang ZY, Wilce PA, Bedi KS, Itoh S, Takeuchi Y.
Ethanol neurotoxicity and dentate gyrus development.
Congenit Anom (Kyoto). 2008 Sep;48(3):110-7.
Department of Anatomy and Neurobiology, Faculty of Medicine, Kagawa University, Kagawa, Japan. mikit@med.kagawa-u.ac.jp

a imagem é de:www.educaçãopublica.rj.gov.br

Dois anos bastam?

Direto do National Institute of Environmental Health Sciences, do NIH e do University of Pittsburgh Cancer Institute, um comentário bastante interessante sobre os limites dos atuais modelos de ensaios para identificação de carcinógenos.
Os autores, Dr.s James Huff, Michael Jacobson e Devra Lee Davis criticam a real eficácia do modelo atual de bioensaios para carcinógenos químicos, considerando que tais estudos são conduzidos em animais de experimentação (geralmente roedores) por 2 anos apenas. Eles acreditam que diante de descobertas mais recentes sobre os mecanismos de ação de certas moléculas, estes estudos deveriam iniciar-se in utero e continuar por 30 meses ou até a sua morte natural (cerca 3 anos).
Ao observar três diferentes substâncias químicas tanto por estrutura como por uso, ou seja: aspartame, cádmio e tolueno, os autores sugeriram que o fato de extender o período de observação de intrauterino até morte natural, aumenta a sensibilidade destes ensaios, evita falsos-negativos e reforça o valor dos achados para as agências reguladoras.
Eles sugerem também que se os resultados controversos para certas substâncias químicas seja reproposto utilizando este intervalo, para melhor acessar o potencial carcinogênico destas substâncias e adequar os protocolos (que foram estabelecidos na sua maioria nas décadas de 60 e 70 do séc. XX).
Alterar os tempos de observação e as doses nos estudos animais, levaria a um aumento na proteção de trabalhadores e consumidores (e toda a cadeia que se segue), expostos a agentes potencialmente contaminantes danosos no seu ambiente de trabalho ou em seus lares, a aditivos alimentares e outras substâncias químicas ao longo de suas vidas.

James Huff, Michael F. Jacobson, and Devra Lee Davis
The Limits of Two-Year Bioassay Exposure Regimens for Identifying
Chemical Carcinogens
Environ Health Perspect 116:1439–1442(2008)
http://www.ehponline.org/members/2008/10716/10716.html

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Suplementação de Cálcio na gestação: diminuindo a exposição ao chumbo.

O Chumbo, como o Cálcio é depositado nos ossos e não costuma circular pelo corpo exceto quando ocorre uma demanda maior pelo Cálcio, como no caso da gestação e lactação, que promove a liberação de ambos os íons. O problema é que chumbo é tóxico.
Um estudo conduzido por um grupo da Universidade de Harvard em cooperação com a Universidade de Michigan e o Ministério da Saúde do México, observou que o uso de suplementos diários e realtivamente baratos de Cálcio (1200mg/d) diminuem os níveis de chumbo livres no plasma de 15 a 20% e no leite materno de 5 a 10% na lactação e também (e este é o objeto do estudo) durante a gravidez, e que esta ação relativamente simples poderia ajudar a diminuir os efeitos indesejados da exposição prenatal ao chumbo, tais como: baixo peso, baixo coeficiente intelectivo, e deficits na função motora e visual.
O artigo completo pode ser lido no link abaixo e é gratuito.

Effect of Calcium Supplementation on Blood Lead Levels in Pregnancy: A Randomized Placebo-Controlled Trial
Adrienne S. Ettinger, Héctor Lamadrid-Figueroa, Martha M. Téllez-Rojo, Adriana Mercado-García, Karen E. Peterson, Joel Schwartz, Howard Hu and Mauricio Hernández-Avila
http://www.ehponline.org/members/2008/11868/11868.pdf

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

"Preserve o planeta, compre um Rolex".

No vídeo o engenheiro, empreendedor, ambientalista e inventor Saul Griffith explica o motivo pelo qual, em termos de consumo energético, é melhor comprar um único produto de ótima qualidade uma só vez, que tantos de pior qualidade durante a vida. É provocador o título, mas "Preserve o planeta, compre um Rolex" diz exatamente isto: compramos muita porcaria, fazemos muito lixo, gastamos energia demais fazendo coisas de qualidade duvidosa, de curta meia-vida, de duração efêmera (se alguém duvida, vá dar uma passeada na 25 de Março em S. Paulo). Então, ao invés de 500 reloginhos, compre algo que vá durar toda a sua vida, quem sabe algumas gerações. Me lembro da época das Olimpíadas na China onde mostraram um imenso shopping center de quinquilharias onde um pacote com 100 relógios custava como R$5,00.
Falando de suas próprias necessidades ele afirma que não basta somente mudarmos para alternativas energéticas mais limpas e eficazes, mas é necessário reduzir o consumo para evitar uma catástrofe ambiental. Nada de novo para quem frequenta o clube dos 3Rs (reduzir, reusar, reciclar).



Aí a gente cai em um dilema: social x ambiental, e embora cedo ou tarde este embate vá ocorrer de todas as maneiras, ninguém quer sentir na pele.
Explico: em um mundo movido a consumo, a economia depende deste imenso ciclo de produção e venda, de uma oferta sem fim de gadgets. O emprego e a renda das famílias depende de quanto se põe neste ciclo de compra sem fim. Nem precisa ir muito longe, basta olhar em torno depois da anunciação da "crise econômica" e ver quantos empregos formais e não foram para o ralo e quanto da renda familiar não ficou comprometida.
Então para manter a situação atual da economia a gente adia para a geração que vem todas as mazelas. A fome, a carestia a miséria em massa. E injeta no mercado rios de dinheiro público sem nenhum compromisso com a sustentabilidade.
Talvez a solução esteja mesmo na redução da população global, mas este também é um outro ponto dolente, pois ninguém quer ter uma ingerência na sua vida pessoal e familiar.

Para saber mais:

O vídeo completo se encontra no FORATV e dura 1h40' aproximadamente.
http://fora.tv/2009/01/16/Saul_Griffith_Climate_Change_Recalculated

BIOGRAFIA:
Dr. Saul Griffith has multiple degrees in materials science and mechanical engineering and completed his PhD in Programmable Assembly and Self Replicating machines at MIT. He is the co-founder of numerous companies including: Low Cost Eyeglasses, Squid Labs, Potenco, Instructables.com, "HowToons" and Makani Power. Saul has been awarded numerous awards for invention including the National Inventors Hall of Fame, Collegiate Inventor's award, and the Lemelson-MIT Student prize. A large focus of Griffith's research efforts are in minimum and constrained energy surfaces for novel manufacturing techniques and other applications. Griffith holds multiple patents and patents pending in textiles, optics, nanotechnology, and energy production. Griffith co-authors children's comic books called "HowToons" about building your own science and engineering gadgets with Nick Dragotta and Joost Bonsen. Griffith is a technical advisor to Make magazine and Popular Mechanics. Saul is a columnist and contributor to Make and Craft magazines.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A inveja dói.

Você já sentiu inveja, daquelas que fazem sofrer? E já sentiu o gostinho de ver alguém que você inveja se dar mal?
Na Science Magazine, um interessante artigo publicado por um grupo de pesquisadores japoneses, liderados pelo Dr. Hidehiko Takahashi do Instituto Nacional de Pesquisas Radiológicas em Chiba
traz um tema no mínimo curioso: as relações neurais da inveja e da "vingança".
Coloquei em parênteses, pois diz respeito ao sentimento de prazer que alguém tem ao ver alguém que você inveja em situação de dificuldade (ou seja, literalmente "se ferrando"), conhecido como "Schadenfreude".
Os autores objetivando esclarecer as vias neurocognitivas destas experiências sociais, desenharam dois estudos e através de ressonâncias magnéticas funcionais acessando as áreas ativadas do cérebro durante a experimentação. No primeiro estudo, os participantes eram estimulados a sentir inveja. Neste caso, observou-se uma maior atividade no córtex cingulado anterior (ACC). No segundo estudo estudou-se a "Schadenfreude" e observou-se uma forte ativação do complexo estriado em particular do corpo estriado ventral.

Trocando em miúdos, o que isto representa é que a inveja pode ser sentida como um episódio doloroso real, tanto quanto um pisão no pé, um chute, ou um soco ou uma agressão física qualquer, e que o prazer na desgraça dos nossos desafetos ativa o sistema de recompensa tanto quanto comer um doce que você goste, ou usar um alucinógeno.
Ou seja, as experiências sociais e as experiências físicas são elaboradas pelo cérebro da mesma forma.
Logo, se você não gosta de apanhar, talvez seja melhor se contentar com aquilo que você tem ou que você é.


Hidehiko Takahashi, Motoichiro Kato, Masato Matsuura, Dean Mobbs, Tetsuya Suhara, and Yoshiro Okubo
When Your Gain Is My Pain and Your Pain Is My Gain: Neural Correlates of Envy and Schadenfreude
Science 13 February 2009: 937-939
http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/323/5916/937

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Happy birthday, Charles Darwin!

Não tenho dúvidas da origem comum das espécies.
Nem tenho nenhuma dúvida de ser um simples animal em meio a tantos da Natureza.
Também não tenho dúvidas que a Natureza vai sobreviver a nós, independente de nossos esforços contínuos para transformá-la conforme nossas conveniências.
Talvez, neste aniversário de 200 anos de nascimento de Charles Darwin, o indivíduo que em primeiro lugar hipotizou uma herança compartilhada entre as espécies, nós bichos-gente tenhamos um momento de reflexão para com os outros seres vivos e de como os temos tratado.
E se for muito difícil extrapolar a própria espécie, já seria um bom começo se as pessoas começassem a se tratar com mais respeito.
Estamos todos no mesmo barco. Ricos e pobres, politizados e alienados, homens e mulheres, bichos e plantas de todas as latitudes, nós precisamos entender que não é só nosso passado que foi compartilhado, mas também será o nosso futuro.



Ah, não somos descendentes dos macacos. Somos sim, macacos e humanos, descendentes de um ancestral comum.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Parafenilenediamina, a vilã da novela.

Hoje na UOL, artigo sobre o uso de henna para tatuagens temporárias.

http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/2009/02/10/ult4477u1337.jhtm

Já falamos sobre os efeitos da Lawsonia (Henna). Trouxe o link acima que está bem didático.
A foto é do Metro.UK (http://www.metro.co.uk/news/article.html?in_article_id=211260&in_page_id=34), de uma reportagem de 9 de Julho de 2008, de uma menina, C.W. de 10 anos e mostra a reação cutânea (dermatite aguda) decorrente de uma tatuagem temporânea realizada nas férias da garota na Turquia.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Tratamento de água com garrafas PET,uma opção segura.


Dia desses vi uma reportagem sobre um sistema de esterilização de água usando garrafas PET colocadas no telhado das casas. É um mecanismo barato de obter água limpa para consumo humano em regiões de baixa renda.
O sistema de desinfecção solar da água (Solar Water Disinfection - SODIS) consiste em encher garrafas de PET transparente com a água contaminada e expô-las à plena luz solar por no mínimo 6 horas. A radiação e a temperatura destroem os patógenos de forma eficaz, mas ainda não havia sido estabelecido se o tratamento poderia resultar da contaminação da água por substâncias químicas liberadas das próprias garrafas PET.
Um grupo de pesquisadores do "Swiss Federal Laboratories for Materials Testing and Research", se interessou pelo problema e desenhou um estudo para avaliar esta contaminação.
No estudo, a transferência de substâncias orgânicas da garrafas PET para a água foi avaliada nas condições de um procedimento SODIS utilizando garrafas transparentes de várias origens, com uma exposição total de 17 horas em determinada latitude (47°N).
Foram detectados alguns flavors alimentares na água tratada de acordo com o que a garrafa continha antes acima de um limite de 1 microg/L Os plasticizantes dietil hexil adipato (DEHA) e dietil hexil ftalato (DEHP) apresentaram concentração máxima de 0,046 e 0,71 microg/L, níveis encontrados em águas minerais comerciais engarrafadas neste tipo de embalagem. O fator mais decisivo, segundo os autores, foi o país de origem das garrafas enquanto a temperatura e a exposição solar foram de baixo impacto.
O risco toxicológico das concentrações máximas revelaram um fator de segurança mínimo de 8,5 e um risco carcinogênico de 2,8 10(-7) para o DEHP.
Segundo os autores o SODIS é um procedimento seguro para a obtenção de água para uso humano no que diz respeito ao DEHP e o DEHA.

Menos mal! Esta pode ser uma opção barata para o tratamento de água nas regiões de menores recursos. Serve um telhado, as garrafas e uma boa dose de sol. Coisa que por aqui não falta. O sistema já era funcional no Paraná e agora também o IMA (Instituto do Meio Ambiente) o está levando a algumas regiões das Alagoas.

Schmid P, Kohler M, Meierhofer R, Luzi S, Wegelin M.
Does the reuse of PET bottles during solar water disinfection pose a health risk due to the migration of plasticisers and other chemicals into the water?
Water Res. 2008 Dec;42(20):5054-60.
Empa, Swiss Federal Laboratories for Materials Testing and Research,
Uberlandstrasse 129, CH-8600 Dübendorf, Switzerland. peter.schmid@empa.ch

IMA: http://www.ima.al.gov.br/

foto do site: www.strallos.com.br
do Sr. José Alano, criador do "aquecedor solar com garrafas PET".

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

The Last Lecture, Randy Pausch: Achieving Your Childhood Dreams

A ultima aula é em inglês: "Como realizar seus sonhos de infância"
O Prof. Randy Pausch da Carnegie Mellon (23/10/1960 - 25/07/2008) deu sua última aula (Last Lecture) na universidade em 18 de setembro de 2007 no McConomy Auditorium.
Como ele mesmo disse, não é uma aula sobre a morte, mas sobre a vida.



Uma versão mais compacta e com legendas em espanhol está disponível neste endereço:
http://www.clarin.com/shared/v8.1/swf/fullscreen_video.html? archivo=http://videosfla.uigc.net/2008/07/29/rp.flv

A reforma ortográfica, ou será "ortografica"?

Descobri que não sei mais escrever em português. Com todas as mudanças que implementaram, não sei mais acentuar nem escrever.
Como já tenho uma certa idade, e a certa idade é responsável por tantos mecanismos automáticos aprendidos ao longo do tempo, a coisa ainda fica mais dramática. Fico imaginando quando meus avós tiveram que tirar os pês (com acento?) de captura, óptico, excepção e os cês de acto ou acção... coisa antiga, mas que os portugueses vão ter que aprender agora. Na minha infância (1971) aconteceu uma outra mudança ortográfica. Foi aquela que, para seguir o mundo da moda, aboliu o chapéu da palavra ele. Antes todo mundo usava chapéu, agora, no mundo pós-moderno era um adereço cafona, e o ele ficou sem o circunflexo. Sozinho também perdeu o acento agudo, antecipando os tempos, mas confesso que por muitos anos ainda me batia a dúvida se deveria ou não colocá-lo. Mas a gente quando está aprendendo acaba assimilando as coisas de forma mais fisiológica.
Algumas coisas já são descontadas, tipo o trema nas linguiças e liquidificadores. Penso que 99,9% da população já as havia abolido faz tempo. H em úmido e erva, que não se usa por estas plagas faz um milênio linguistico (sem trema e sem temor). E os acentos nas formas verbais dos verbos apaziguar, arguir e averiguar também vão ficar apaziguados e tranquilos.
Mas o acentinho da jiboia...ah, alguém vai dizer que jiboia é cobra e cobra não tem mesmo acento (malandramente, desconsiderando os dois "ss" no lugar do "c") e em todos os ditongos abertos "ei" e "oi".
Ideia, ficou sem, heroi também. Sejamos francos, ambos os substantivos escarceiam, mas confesso minha estranheza em escrevê-los assim. Parecem nús.
A feiura ficou mais feia, talvez seja o botox que lhe tirou o vinco. Mas com ela todas as paroxítonas com "i" e "u" tônicos precedidos de ditongo vão ficar lisinhas e sem o pé de galinha que as decorava.
Ninguém vai mais precisar acentuar nada para diferenciar o que é verbo, substantivo ou preposição de todo o resto. Pelo (verbo) e pelo (subst.) e pelo (prep.), para (verbo) e para (prep.), peras, polos e etc... Embora uma boa parte da confusão seja tão arcaica quanto eu, e ninguém mais pare para nada.
Não se separa mais nada com hífen (que termina assim, com n) quando o segundo elemento começa com s ou r, basta dobrar as letras e assim fica correto escrever ultrassom (era hora) como todos os médicos que conheço. Vale para anti, infra, ultra, mega,... Mas hiper, inter e super mantêm tudinho "como era antes no quartel d'Abrantes" e assim hiperreação está errado e deveria ser grafado hiper-reação. Cai também quando o primeiro elemento termina em vogal diferente da inicial do segundo, coisa como autoestrada, aeroespacial, antiespasmódico.
Mas o que me arrasou foi mesmo o circunflexo, mais uma vez. Aquele simpático chapeuzinho chinês, tão lindinho que se foi para sempre de leem, veem, creem e deem. Tudo bem que fica mais internacional, parece até outra língua, dá um toque sem fronteiras. Tudo bem que são verbos pouco conjugados por estas plagas, com excessão para algumas aplicações do verbo crer e dar, que em certas ocasiões são até excessivamente utilizados de forma errônea e para estranhos fins.`As vezes me dá até enjoo (que ficou sem acento, tais como voo e os hiatos "oo", que também apelaram para seu lado mais global).
Em compensação entrou o K, o Y e o W.
Não acrescentou nada. O Detran já usava estas letras para compor as chapas...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Uma moça chamada Eluana e o testamento biológico

Era uma vez uma moça chamada Eluana Englaro. Como tantas outras moças da sua idade levava uma vida normal, com sua família. Era amada, querida por seus amigos, cheia de planos. De repente, num dia qualquer, de uma hora para outra, um acidente grave a colocou em um estado vegetativo persistente. Uma semana antes do acidente, em uma conversa com a família ela havia expressado o desejo de não ser mantida em vida de forma artificial se algo de grave acontecesse com ela.
Faz 17 anos que Eluana está em uma cama, hospitalizada, em coma vegetativo. Ela é alimentada e hidratada por sondas. Recebe eventualmente suporte ventilatório e antibioticoterapia quando tem febre.
Há anos seu pai luta pela vontade expressa pela própria Eluana de parar com o suporte e deixá-la morrer. Após vários revezes, ele conseguiu e esta semana Eluana foi transferida para uma outra clínica onde ela será acompanhada com a suspensão de todos os interventos invasivos, inclusive nutrição enteral e hidratação venosa e por sonda. Eluana finalmente vai poder morrer.
O motivo pelo qual trago a história de Eluana é a idéia da morte.
Não vou entrar nos méritos da questão judicial ou religiosa de todo o processo.
Vou só querer refletir sobre morrer.
Todo mundo tem medo da morte. É instintivo. Eu tenho, você tem. O que não se percebe facilmente é que a morte é parte da vida. Não existe a morte sem a vida. Logo, a morte não é uma entidade em si, mas só parte da própria vida. E incluída nela impreterivelmente. Se você ama a vida, isto inclui a morte.
Então fico pensando sobre a distorção que existe na não aceitação da morte e nas inúmeras tentativas de manter um estado artificial de juventude eterna. Na negação da própria vida ao negar a morte.
Daria para escrever um tratado, ms não vou não. Vou deixar vocês pensarem, refletirem, se em uma situação como a de Eluana vocês estariam "vivos" ou "mortos".
Se tirassem o sua capacidade de decidir, de fazer, de pensar, valeria a pena manter-se vivo? Ou a vida em si vale mais do que a sua individualidade?
O que é mais importante para você: existir ou ser?
O que é viver (e morrer) com dignidade?
Aí entra o chamado testamento biológico, ou seja, expressar em condições de lucidez o que você acredita seja válido para você em uma circunstância como esta. Este também é questionável, mas você gostaria de deixar claro o que pensa para você ou preferiria que outras pessoas tomassem a decisão no seu lugar?

Muitas vezes me ocorreu que muitos dos pacientes que atendi na UTI teriam preferido morrer nas próprias camas, cercados por seus familiares e amigos, do que em um ambiente frio, anônimo e solitário, cercados por estranhos, cheios de fios e monitores e luzes que não se apagam nunca.
Talvez a gente precise quebrar os tabus e discutir mais sobre isso. Porque a gente morre, mesmo tendo feito tudo certo, mesmo não querendo.

OBS: Gostaria de esclarecer que existem diversos níveis de coma e de estado vegetativo. No caso de Eluana não há possibilidade de recuperação pois ela teve danos extensos na substância cinzenta, aquilo que se chama "morte cortical", e só não é em "morte cerebral" (condição de doador de orgãos, por exemplo) porque ainda tem a função no tronco encefálico. A sua capacidade de raciocínio, de entender-se como pessoa, de reconhecer o ambiente e interagir está perdida para sempre. Este diagnóstico está devidamente documentado. Beppino Englaro é seu tutor e não é um monstro, é só um pai que não vê saída e cuja dor merece respeito.
A questão é mais complexa do que possa parecer, pois implica em um artigo do código de deontologia médica que trata da futilidade terapêutica (art. 14 do Cod. de Ética Médica Italiano) e não é uma "eutanásia" como comentado pela mídia. Dá margem a muitas discussões e não é o objetivo discutir o Código di Ética Italiano.
No Brasil, não existe este enfoque, pois a lei obriga o médico a fazer tudo pelo doente, independente deste procedimento ser ou não fútil.
O que eu quero com este post, é que vocês pensem sobre como se sentiriam se vocês fossem Eluana, sobre seus valores, sobre uma decisão importante que é como vocês gostariam de viver e de morrer.
Eu acredito que a dignidade da vida humana merece todo o respeito e a dor das pessoas envolvidas em uma circunstância como essa também.
A ortotanásia, ao contrário da distanásia, deveria ser um direito de todos os cidadãos. Até o Papa João Paulo II entendeu isto.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Dermatite têxtil e dermatite de contato

Um grupo de pesquisadores suecos da Universidade de Lund e do Hospital Universitário de Malmö publicaram estudo sobre a hipótese da relação entre dermatite de contato e sensibilização por corantes têxteis.
É sabido que os sensibilizantes mais frequentes entre as tintas de tecido são os do grupo disperse. Os autores queriam estabelecer a relevância dos resultados positivos nos patch tests quando avaliados do ponto de vista clínico. Então desenharam um protocolo estudando oito tipos diferentes de corantes do tipo disperse e/ou substâncias correlatas, que poderiam explicar uma alergia de contato observada clinicamente, seja por exposição ocupacional ou por constituição atópica. Eles também consideraram se poderia haver influência da idade e do sexo.
Foram observados 858 pacientes submetidos a patch test após responderem a questionário direcionado a pesquisa de agentes causais têxteis. Os patch tests foram complementados com um mix de corantes.
Do grupo estudado, 18% dos pacientes suspeitavam que sua alergia fosse relacionada aos tecidos.
O sexo feminino e a constituição atópica foram fatores de risco para as reações cutâneas.
Materiais sintéticos também se demonstraram mais alergênicos que fibras naturais.
Uma relação significativa ocorreu entre os que alegavam reações relacionadas a tecidos e fenilenediamina (PPD). Um resultado similar, mas mais impreciso se deu para o chamado Textile dye mix (TDM), um mix de corantes. Alergia de contato relacionada ao mix de borracha negra foram tão raros que não houve significância estatística para ser considerado.
Estes resultados levaram os autores a supor que a alergia a parafenilenediamina seja um indicador mais prevalente para reações alérgicas a têxteis que o mix de corantes.


Algumas coisinhas relevantes:
* a parafenilenediamina é ingrediente frequente em tinturas para cabelos e as reações de sensibilização com esta susbtância estão em aumento
* fibras naturais são menos sensibilizantes que fibras sintéticas, porém algumas fibras naturais (como a lã, por exemplo) podem induzir a reações de sensibilização
* os corantes utilizados na indústria têxtil não são inóquos para a microfauna e microflora aquática e podem causar danos ambientais significativos, por este motivo, empresas que tratam seus efluentes é um importante diferencial qualitativo e deve ser um critério na escolha do produto comercial
* em alguns países, como a Alemanha, por exemplo, alguns corantes têxteis são proibidos, em especial alguns da categoria azo, pois considerados carcinógenos. Infelizmente estas normas não se aplicam universalmente.


Para saber mais:
Ryberg K, Goossens A, Isaksson M, Gruvberger B, Zimerson E, Nilsson F, Björk J, Hindsén M, Bruze M.
Is contact allergy to disperse dyes and related substances associated with textile dermatitis?
Br J Dermatol. 2009 Jan;160(1):107-15

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Odoiyá, Iemanjá!



Hoje, 2 de fevereiro se festeja Iemanjá.
Diz-se de Iemanjá, um orixá, que seja uma deusa, uma rainha. A rainha das águas, a rainha do mar.
E se fazem oferendas: pentes de plástico, espelhos, garrafas de vidro com perfumes e champanhe. É a cultura, é a tradição, para obter-se o favor da deusa e suas bençãos.
Questiono se esta prática, se a deusa vive no mar, é realmente algo que pudesse trazer algum favor, pois se ela vive nas águas, gostaria sem dúvida de ter seu lar bem limpinho. Eu que nem deusa sou, acho fundamental. Pode até ser bagunçado, mas tem que ser limpo.
E se eu representasse para tanta gente as águas da Terra, preferiria que meus devotos tivessem respeito por aquilo que eu represento, e abriria mão de tanta quinquilharia. Acho que esse é o comportamento esperado de uma deusa, de uma rainha que não depende disso para ser bela.
É obvio que os credentes vão me apontar o dedinho e dizer: "você não acredita, você não sabe o que é isso, você não entende" e com isso justificar o dano que causam. Vão me dizer: "é a tradição".
E eu não entendo mesmo. Pois para mim, a cultura e a tradição não podem justificar um erro tão abissal. Ela não pode servir de muleta para a manutenção de uma prática danosa (inclusive para a própria homenageada). Faz anos, décadas, séculos que se faz assim, mas e se eu dissesse que Iemanjá já existia, como orixá e aquilo que representa, antes do perfume, antes do champanhe, do espelhinho e do pente de plástico? E se eu dissesse que na sua origem africana, estes bens não eram parte da oferenda a orixá? Quer ser tradicional? Faça colares de sementes, biodegradáveis, que servirão a alimentar os peixes, ao invés de matá-los.
Mas não depende de crença, depende de fé. Você tem fé? Eu tenho. Fé no bom senso.
Adorei ter visto ontem na TV o Carlinhos Brown fazendo um discurso de bom senso sobre as oferendas, para evitar o acúmulo de detritos e lixo no mar. Nada mais representativo da Bahia e de seus valores que ele. E talvez por isso ele preserve o que ama: a sua terra.
Seria bom que as pessoas adequassem a tradição ao cuidado verdadeiro com o mar e as águas.
Iemanjá iria gostar com certeza, pois bem mais que um espelho de vidro, recuperaria seu espelho de água.
Mãe do rio, Odoiyá, Iemanjá! Cuide bem das suas águas, porque nós ainda não aprendemos a fazê-lo!

PS: E parabéns para minha tia Nilze, que completa 70 anos hoje. Sua alegria é um exemplo de vida! Beijos.