sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Yakisoba (Bee Gees)

Hoje estou cheia de graça. Recebi este video de minha amiga Inara. Ri muito. Lembrei da Thais, das duas, para dizer a verdade. Tá certo que a receita está meio fraquinha, mas a risada...
Ah, dar risada emagrece, hehehe.

As aparências enganam...

Vou deixar hoje um link para um site de brincadeiras e ilusões de óptica.
Para a gente curiosar, de divertir, se maravilhar com a obviedade daquilo que não vemos à primeira vista.
E quem sabe aprendermos que a verdade tem muitos ângulos e todos eles são verdadeiros...ou não?

http://www.planetperplex.com/en/gallery.html

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Poluentes ambientais no leite materno e criptorquidia

A revista Gynécologie Obstétrique & Fertilité de Agosto traz um artigo de Françoise Brucker-Davis e seu grupo sobre a incidência de criptorquidia* correlacionada a poluentes ambientais no leite materno.
(*Para quem não sabe, criptorquidia é a retenção dos testículos dentro da cavidade abdominal nos meninos. É um fenômeno evolutivo relacionado à sinalização andrógena no feto masculino.)
O grupo pesquisou 15 contaminantes ambientais do leite materno conhecidos por sua ação anti-androgênica ou anti-estrogênica, inclusive diclorodifeniltricloro etileno (DDE), bifenis policlorados (PCBs), dibutilftalato (DBP) e seu metabólito monobutilftalato MBP, hexaclorobenzeno (HCB).
Os resultados mostraram contaminação universal do leite com interferentes endócrinos nas mães francesas (mas que podem ser facilmente transpostos para nossa realidade urbana) e suportam a associação entre criptorquidia e exposição fetal a PCBs e possivelmente DDE sozinhos ou em associação com os outros compostos.

Apesar destes achados, gostaria de deixar claro que o leite materno, apesar de toda a contaminação ambiental, é ainda o melhor leite para os nossos bebês, por conta do seu componente imunitário, que vai além das qualidades nutricionais e que nenhuma fórmula no mundo é capaz de dar.

Para saber mais:

Gynecol Obstet Fertil. 2008 Aug 14. (artigo em francês disponível no site)
[Environmental pollutants in maternal milk and cryptorchidism.]
Brucker-Davis F, Ducot B, Wagner-Mahler K, Tommasi C, Ferrari P, Pacini P, Boda-Buccino M, Bongain A, Azuar P, Fénichel P.
Service d'endocrinologie-diabétologie-médecine de la reproduction, pôle Gore, hôpital l'Archet 1, CHU de Nice, 151, route de Saint-Antoine-de-Ginestière, 06200 Nice, France; Inserm, unité 895, 06200 Nice, France.

Simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti.

Hoje o assunto é Perfume!

Perfumes são muito mais do que uma poção cheirosa.
Expressam estados de espírito, emoções, desejos, identificam os indivíduos.
É inegavelmente um objeto de luxo sensorial.
Particularmente considero os perfumistas verdadeiros artistas. É necessária uma grande sensibilidade para reconhecer e arranjar as fragrâncias. É uma antiga profissão e está presente na Bíblia, no capítulo 30 do livro do Êxodo.
O olfato é o mais primário e antigo dos sentidos. É através dele que criamos identidade para uma infinidade de estímulos provenientes do mundo externo e que pode expressar desde grande prazer como ser um sinal de alerta para grandes perigos. Apesar de ser pouco desenvolvido no ser humano, somos capazes de sentir 10 mil cheiros diferentes. O interessante é que ninguém percebe o cheiro de forma idêntica. Duas pessoas que cheiram a mesma coisa terão percepções diferentes sobre ela. É um sentido que vem acoplado a funções básicas para a sobrevivência, que são a própria respiração e a escolha do alimento.
Impossível não respirar, e todas as vezes que respiramos “cheiramos”.
Além disso, a percepção do gosto, o sabor do que comemos, depende muito do olfato. Especula-se que até o desenvolvimento da linguagem passe através do olfato. Portanto os cheiros são uma das mais importantes pontes entre nós e o mundo.
As mães respondem aos cheiros dos próprios filhos recém nascidos liberando um hormônio denominado cortisol. Porque isto acontece, não é ainda claro. Porém sabe-se que o neonato reconhece o cheiro de sua própria mãe e que o complexo aprendizado olfatório associativo foi comprovado na literatura científica já nas primeiras 48 horas do nascimento.
Como qualquer outro sentido pode ser treinado e aprimorado através da experiência. É interessante tentar reconhecer os cheiros que nos circundam e torná-los conscientes. É um excelente exercício de concentração e auto-conhecimento.
A palavra perfume tem significado literal “através da fumaça”, pois no início se referia aos incensos. A história dos perfumes ao longo dos séculos é muito bela e vale a pena ser conhecida. Um bom livro onde você pode conhecer um pouco da ciência dos aromas é: “Aromacologia, uma ciência de muitos cheiros” da Eng.a Sonia Corazza.
Flores, folhas, especiarias e resinas aromáticas foram usadas por séculos como fonte de essências perfumadas. Alguns ingredientes animais também fazem parte deste arsenal como o almíscar por exemplo. Substâncias naturais são mais caras que as sintéticas, pois para a extração de pequenas quantidades de essência são necessárias toneladas de flores ou folhas. Por este motivo e também para que certas espécies fossem preservadas, houve a necessidade de desenvolver substâncias sintéticas, às vezes cópias moleculares da substância natural, às vezes substitutos para estas moléculas.
Para melhor conhecer um perfume é importante conhecer as suas principais características, e portanto, para fins didáticos as substâncias aromáticas foram classificadas por famílias.
As principais famílias de perfumes são: cítrica, floral, chipre e oriental para mulheres; e herbal, cítrica, oriental e amadeirados para homens.
Além disso, as fragrâncias não são iguais ao longo do tempo, e apresentam-se estruturalmente em três fases olfativas: as notas altas ou de cabeça, que se caracterizam por serem mais voláteis, geralmente frescas e são a primeira impressão que alguém tem de um perfume; as notas médias ou de corpo, de volatilidade intermediária, que duram algumas horas; e as notas de fundo ou de base, frequentemente resinas e almíscares, de maior permanência, e popularmente chamadas, de forma inadequada, de fixadores.
Algumas casas perfumísticas especializadas criaram uma espécie de pirâmide olfativa, onde as características de cada fragrância vêm apresentadas como uma configuração gráfica, sendo o pico da pirâmide constituído das notas mais voláteis, de cabeça e a base das notas de fundo.
Perfumes são compostos complexos, ricos de nuances, que às vezes envolvem centenas de ingredientes.

Famílias olfativas segundo o Comitê Francês do Perfume:

Hesperidata ou cítrica
Se entende por “hesperidata” a família dos óleos essenciais obtidos da bergamota, laranja, lima, pomelo, mandarino e limão. Também conhecidos como cítricos. Neste grupo se encontram as primeiras águas de colônia. Podem ser utilizados seja por homens como por mulheres. São notas frescas, adequadas aos climas quentes.
Nesta família existem:
Hesperidata
Hesperidata Floral Chypre Este subgrupo representa colônias que combinam além das notas cítricas outras notas frescas que apresentam uma nota de corpo floral ou jasmim e uma nota de base amadeirada.
Hesperidata Especiada Na estrutura cítrica se adicionam notas especiadas como canela, nós moscada, pimenta ou cravo da índia.
Hesperidata Amadeirada Mantém sempre as notas cítricas porém menos acentuadas. Possui geralmente um corpo floral e uma base marcante de madeiras e polverosas.
Hesperidata Aromática Mantém a estrutura cítrica que se modifica através de notas aromáticas como o timo, a mangerona,o mangericão, o alecrim e a menta.

Floral
Família importante e agrupa os perfumes cujo tema principal são uma ou mais flores: Jasmim, rosas, violeta tuberosa, narciso, etc...
Soliflor Uma única nota floral: uma rosa, um lilás, um muguet, um jasmim, uma violeta, uma angélica,...
Soliflor Lavanda Foi uma das primeiras "Eau de Toilette" destinadas aos homens. O óleo essencial de lavanda compõe cerca de 50% deste tipo de formulação. É típica e de fácil reconhecimento. Formulações mais modernas mantém a nota dominante de lavanda porém são mais elaboradas.
Bouquet Floral Se compõe de múltiplas notas florais, como em um buquê. É mais complexa como formulação pois usa várias matérias primas.
Floral Verde É uma classe recente de perfumes. Se adiciona a um complexo floral uma nota fresca e sobretudo verde. Isso vem percebido como um maior frescor. O gálbano (Ferula galbaniflua) é um exemplo de matéria prima empregada nesta categoria.
Floral Aldeídico Se compõe de um buquê floral prolongado através de notas animais, polverosas e ligeiramente amadeiradas. Possui um “brilho” metálico. A nota alta se faz através de aldeídos aromáticos em associação com notas cítricas e florais.
Floral Amadeirado A nota floral é muito incisiva nesta categoria. As notas altas podem ser diversas: cítricas ou herbáceas em particular. As notas de base se constituem de notas polverosas, baunilha e madeiras.
Floral Amadeirado Frutado Como o anterior adicionado de notas frutadas: abricot, ameixa, maçãs ou pêssegos.

Fougère
São composições frescas, com componentes herbais e amadeirados leves, tubérculos e raízes. Geralmente realizados com notas de lavanda, resinas amadeiradas, bergamota, cumarina, líquens. Este nome deseja transmitir a impressão de feno recém cortado, de forragem, de grama.
Fougère
Fougère Ambrado Doce
São clássicos com notas de cumarina, baunilha, centeio bem acentuadas.
Fougère Floral Ambrado A mesma estrutura do anterior com uma nota floral bem marcante.
Fougère Especiado Se caracterizam pela presença de notas florais e sobretudo de notas especiadas como a Pimenta e o Cravo da Índia.
Fougère Aromático Sempre um Fougère mas associado a notas cítricas e herbáceas, utilizando-se de aromas como timo, coentro, alecrim, podendo também utilizar-se de algumas notas especiadas discretas.

Chypre
São um grupo de perfumes que apresentam em sua composição patchouli, bergamota, musgo de carvalho e cisto labdano em combinação. Foi elaborado por François Coty em 1917 e desde então se tornou uma tendência, uma categoria em perfumaria
Chypre
Chypre Floral Em uma estrutura tipicamente Chypre se adicionam notas florais como muguet, rosa, jasmim,...
Chypre Floral Aldeídico É um Chypre floral adicionado da nota aldeídica, mais brilhante.
Chypre Frutado É um Chypre acrescido de notas frutais como pêssego, frutas exóticas, ameixa,...
Chypre Verde neste caso existe um contraste interessante entre a nota alta fresca e verde (ervas e folhas) e uma base quente.
Chypre Aromático Chypre geralmente floral (principalmente lavanda) acrescido de notas aromáticas como coentro, timo, artemísia, junípero.
Chypre Couro Neste caso se acrescentam notas de couro, de fumo, de madeira queimada, notas animais que vem equilibradas na maioria das vezes por uma nota cítrica.

Amadeirados
São notas quentes e opulentas como Sândalo e Patchouly ou em alguns casos secas como Cedro e Vetiver com a nota alta geralmente cítrica ou lavanda.
Amadeirado
Amadeirado conífera hesperidata Aqui a essência de Pinho é acentuada e associada a uma nota alta cítrica.
Amadeirado aromático Os acordes de madeiras são fundamentais nesta composição onde se encontram geralmente notas de lavanda, às vezes notas verdes, com uma nota alta aromática de timo, artemísia, mirto, alecrim, salvia.
Amadeirado especiado Um amadeirado quente e doce, com notas mais comuns de pimenta noz moscada cravo e canela.
Amadeirado especiado couro À estrutura anterior se acrescenta notas de couro.
Amadeirado ambrado As notas de fundo se constituem de aromas ricos e quentes como baunilha, cumarina (Tonka), cisto labdano, sândalo, patchouly e cevada.

Ambrados ou Orientais
Sob a denominação “ambrados” ou “orientais” se agrupam as notas doces, polverosas, abaunilhadas, cisto labdano e notas animais bem marcadas. A composição mais típica deste grupo se observa nas ambradas doces.
Ambrado floral amadeirado a característica amadeirada é bem marcante com uma nota alta floral variável.
Ambrado floral especiado Sob um acorde ambrado se percebe uma nota especiada e uma nota floral.
Ambrado doce Se distinguem pela sua douçura e seu calor. São os clássicos representantes desta categoria.
Ambrado doce floral Esta categoria possui um carater floral e sua nota alta cítrica é bem marcante.
Meio-ambrado floral Uma proporção mais equilibrada de notas ambradas em uma combinação olfativa potente. As notas dominantes: florais, frescas, especiadas que se compõe em um bouquet integrado.

Couros
Representa uma nota diferente das habituais e inclui notas secas, às vezes muito secas, na tentativa de reproduzir o odor característico de couro (fumos, madeiras queimadas, tabaco com notas altas de inflexão floral
Couro
Couro floral São notas lineares, sem agressividade, equilibradas a notas florais como violeta, íris ou outras.
Couro Tabaco A nota de couro é temperada com acordes amadeirados, mel, cevada que darão a caracterização de tabaco claro, adocicado.

Algumas outras classificações incluem as famílias denominadas Watery ou Ozone, com uma característica nota marinha e um toque de melão e melancia, a família Powdery com características polverosas e farináceas e as Animais, que podem ser subdivididas em Musks, Civet e Ambar gris.
O prazer de um perfume está ligado a nossa memória, às experiências que vivemos e aos cheiros que sentimos quando experimentamos prazer e alegria. São estes pequenos detalhes que tornam um aroma mais agradável para uns que para outros. É esta complexidade e esta riqueza que fazem da perfumaria uma arte.

Para saber mais: http://www.senseofsmell.org/index.php

NA: Este texto é protegido por Copyright e é parte integrante do livro Mamãe passou açúcar em mim, S. Goraieb, 2006. Para reproduções, consulte a autora.

sábado, 23 de agosto de 2008

Uma notícia da Folha de São Paulo

Brasil importa agrotóxico vetado no exterior
Até julho, país importou mais de 6.000 toneladas de substâncias que foram proibidas nos próprios países onde são produzidas.
Segundo a OMS, esses produtos podem causar problemas no sistema nervoso, câncer e danos ao sistema reprodutivo
por ANGELA PINHO, DA SUCURSAL DE BRASÍLIA ...

Esta é uma péssima notícia.
Estamos usando nas nossas lavouras e consequentemente estamos ingerindo, substâncias que foram proibidas (inclusive nos países de origem) por serem causadoras de câncer, de interferência hormonal no aparelho reprodutor, na tireoide, de deficit intelectivo em crianças e neurotoxicidade.
Não tenho autorização de reproduzir o artigo aqui, mas é deste dia 23 de agosto. Quem puder, leia.
Já foram 6000 toneladas de produtos proibidos até agora.
A ANVISA havia solicitado a revisão de alguns registros mas foi impedida pela justiça por uma ação do Sindicato das Indústrias dos Defensivos Agrícolas, segundo a autora do artigo.
É uma vergonha e uma pena que a agência que tem o dever de defender os interesses da saúde dos cidadãos brasileiros não tenha plena autonomia para fazê-lo.
E somos nós e nossos filhos que ficamos expostos aos interesses de quem da nossa saúde, se importa bem pouco.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

(off topic) A menina e sua bonequinha



Minha filha ganhou uma boneca que canta músicas japonesas.
É incrível como as crianças são permeáveis a novas culturas.
Agora ela está apaixonada pelo Japão e quer saber tudo, inclusive quer cantar as tais músicas.
O mais interessante é que não importa minimamente o que está sendo dito, ela diz que deve ser tudo lindo pois a música é linda, a boneca é linda, e canta, e... viva o entusiasmo!
Então fui atrás na rede tendando pelo som desencavar as letras ocidentalizadas das músicas. Depois de muitas peripécias e tentativas acabei encontrando 2 delas. A terceira veio com a ajuda da Thais (arigato!!!!), que decifrou através de uma mensagem cifrada absurda que mandei a ela, qual seria a tal canção.
Então vou por as canções aqui. Pode servir para outras mães desesperadas. Pode servir só para reverenciar um povo de grande valor.
Lá vai:



Churippu (Tulipa)

Saita, saita churippu no hana ga
Naranda, naranda aka, shiro kiro
Dono hana mite mo kireidana

Saita, saita churippu no hana ga
Naranda, naranda aka, shiro kiro
Dono hana mite mo kireidana

Donguri Koro Koro ( Bolota)

Donguri koro koro donburiko
Oikeni hamatte saa taihen
Dojou ga detekite konnichiwa
Bocchan isshoni asobimasho

Donguri koro koro yoro
kondeShibaraku isshoni asondaga
Yappari oyamaga koishikute
Naite wa dojouwo komaraseta

Donguri koro koro donburiko
Oikeni hamatte saa taihen
Dojou ga detekite konnichiwa
Bocchan isshoni asobimasho

Donguri koro koro yorokonde
Shibaraku isshoni asondaga
Yappari oyamaga koishikute
Naite wa dojouwo komaraseta


Mori No Kuma -san (O urso da floresta)

Aru hi mori no naka
Kuma-san ni deatta
hana saku mori no michi
kuma-san ni deatta

kuma san no iu koto nya
ojousan onigenasai
sutakora sassassanossa sutakora sassassanossa

tokoro ga kuma-san ga
atokara tsuitekuru
toko toko toko toko to toko toko toko toko to

ojousan omatinasai
chotto otoshimono
shiroi kaigara no chiisana iaringu (earing)

ara kuma-san arigatou
orei ni utaimashou
rarararararara....

E para quem ainda não conhece, recomendo meu poeta preferido: Takuboku Ishikawa. O seu livro de Tankas é comprável no Centro de Cultura Brasil-Japão de São Paulo e vale muito a pena.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Codex alimentarius FAO/WHO

A Organização Mundial da Saúde disponibiliza em conjunto com a FAO uma lista de aditivos alimentares que podem ser consultados on-line.
Trago o link e ponho na barra ao lado para consultas:

CODEX alimentarius (FAO):
http://www.codexalimentarius.net/gsfaonline/index.html?lang=en

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Panelas antiaderentes e PFOA (ácido perfluorooctanoico)

Hoje no UOL (http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/2008/08/19/ult4477u905.jhtm) uma interessante notícia sobre panelas anti-aderentes escrita por Marina Almeida traz as opiniões de um professor de Química e de um executivo da DuPont.
Ñinguém se maravilha que as opiniões não coincidam exatamente.
A coisa é colocada de certa forma bastante edulcorada pela indústria e bastante elementar pelo professor, o que era o esperado.
Na verdade a questão é a seguinte: até agora supunha-se que o principal mecanismo pelo qual os PFOA (o que no artigo vem denominado fluoropolímeros) agiriam seria através de receptores ativados de peroxissomas. Isto foi provado em animais de laboratório (ratos). Sua relevância em seres humanos, no entanto, seria estatísticamente não significativa.
Mas a má notícia é que agora outros autores encontraram em estudos em trutas, um novo mecanismo para a ação destas substâncias, completamente independentes do mecanismo descrito anteriormente e que envolvem sinalização estrogênica.
Isto começa a ser mais relevante, pois se a coisa não depende exclusivamente de uma única via, e envolve vias alternativas, talvez seja efetivamente mais sábio passar a usar panelas e utensílios de aço inox.

Para saber mais (o artigo é gratuito, basta seguir o link abaixo):

Tilton SC, Orner GA, Benninghoff AD, Carpenter HM, Hendricks JD, Pereira CB, Williams DE.
Genomic Profiling Reveals an Alternate Mechanism for Hepatic Tumor Promotion by Perfluorooctanoic Acid in Rainbow Trout. Environ Health Perspect. 2008 Aug;116(8):1047-55.
http://www.ehponline.org/members/2008/11190/11190.pdf

Sobre medalhas e atletas...

Não falei nada sobre as olímpíadas até agora. Acho que já se fala muito sobre isso. às vezes se fala demais.
Olimpíada não é guerra, são jogos. Jogos deveriam ser lúdicos.
Mas os atletas se preparam por anos, às vezes toda uma vida para ter seu momento de glória e consagração nas Olimpíadas. Um momento que muitas vezes se esfuma em um pequenino centésimo de segundo.
O que eu quero dizer é que a glória e o valor de um atleta não se mede pela medalha (menos ainda pelo metal que ela traz). Não se mede nem mesmo pelo recorde batido.
Mas alguém já disse isto antes de mim... então deixo a música e o poeta (La Leva Calcistica del 68, Francesco de Gregori) que a canta dizer:

"Nino non aver paùra di tirare un calcio di rigore
non è mica da questi particolari che si giudica un giocatore.
Un giocatore si vede dal coraggio, dal altruismo, dalla fantasia...
(Nino, não tenha medo de chutar um penalty, não é por estes particulares que se julga um jogador. Um jogador se vê da coragem, do altruísmo, da fantasia.)"

E aplaudo os que caíram, os que chegaram por último, os que choraram no pódio e os que choraram fora dele, as medalhas que se venceram e aquelas que se perderam, o sacrifício de cada atleta, de cada família e o espetáculo de querer chegar no limite.
Mesmo com tudo o que isto representa.

Onde há fumaça há fogo

Quando se fala de risco, efetivamente é o câncer a coisa que vem em mente em primeiro lugar. As pessoas normalmente se perguntam: -“Ah, esta coisa é de risco para minha saúde, então essa coisa dá câncer?” Por muitos anos esta também foi a pergunta da comunidade científica sobre o risco de uma substância: provoca câncer? É cancerígeno?
Além disso outros questionamentos também eram feitos, coisas como: “Provoca mudanças no DNA da célula ou na síntese protêica, é mutagênico, é genotóxico?” ou “Pode causar dano ao feto em formação, é teratogênico?”...
De recente mais uma pergunta passou a ser levada em consideração: “Esta substância pode causar efeitos sobre o equilibrio hormonal do indivíduo, é interferente hormonal?”.
Então, como a coisa é complexa, vamos começar com a preocupação mais comum, mais intuitiva: o câncer.
Mas como se determina o risco de câncer? Existem dois métodos para determinação de risco de câncer por exposição à contaminantes químicos: o epidemiológico e o experimental.
O método experimental se baseia em estudos feitos em animais de laboratório, geralmente realizados por institutos oficiais e controlados. Os resultados destes testes são aceitos como presuntivos de risco para seres humanos por organizações como a OMS (Organização Mundial da Saúde, WHO). Através da Agência Internacional para a Pesquisa em Câncer (IARC), estes dados são analisados e o consenso derivado deles é utilizado como base para normativas e aspectos técnicos legislativos.
A maioria das substâncias identificadas como cancerígenas em humanos foram detectadas inicialmente em estudos animais, especialmente em ratos e camundongos, e depois confirmadas tais por estudos epidemiológicos.
Muitas empresas alegam em sua defesa quando fazem uso de substâncias de risco, que qualquer substância em doses muito elevadas poderia ser carcinogênica e que tudo seria somente uma questão de dose. Mas esta tese não é verdadeira. Nem tudo é carcinogênico para ratos, por exemplo. Atualmente somente menos de 700 substâncias.
Os estudos de caráter epidemiológico são realizados a partir da observação de uma população exposta a um particular tipo de carcinógeno ou carcinógenos, e depois comparadas a uma população controle não exposta no que diz respeito a incidência destas patologias.
Estudos epidemiológicos de larga escala já foram realizados, por exemplo, o que relaciona o fumo de cigarros e a aumentada incidência de tumores. Mesmo em larga escala é possível dividir claramente o grupo de fumantes e o de não fumantes.
Estudos epidemiológicos com cosméticos e produtos de cuidados pessoais, além de serem de larga escala, são difíceis de serem realizados, pois os grupos não ficam bem definidos uma vez que os agentes comprometidos estão incluídos em várias formulações de utilização diferente, tornando muito difícil em termos práticos a seleção de um grupo controle. Por este motivo existem poucos estudos epidemiológicos com produtos de cuidados pessoais. Exceções são grupos específicos de produtos (como as tintas de cabelo, talco) e grupos profissionais como cabeleireiros e esteticistas.
Mas quão realística é a afirmação que produtos de cuidados pessoais podem conter substâncias cancerígenas?
Existem várias fontes sérias que avaliaram o problema, por exemplo, o IARC (nas suas monografias, quase 90 publicações detalhando diferentes classes de agentes químicos) e o National Toxicology Program que publica os 600 relatórios do National Institute of Health Technical Report Series (baseado em estudos em roedores) e seu relatório denominado “Report on Carcinogens” atualmente na sua 11º edição.
Nenhuma entidade governamental deste porte investiria tempo e dinheiro em pesquisa se o assunto não fosse relevante.

(Este texto é parte integrante do livro "Mamãe passou açúcar em mim", e é protegido por copyright. Para autorizações, favor consultar a autora)

NA: Já publiquei no blog antigo posts sobre agentes neoplásicos presentes em cosméticos. As datas são:
05 de março de 2007, 07 de março de 2007,
31 de março de 2007

Deixo aqui os links para eles:
http://leiaorotulo.zip.net/arch2007-03-04_2007-03-10.html
http://leiaorotulo.zip.net/arch2007-03-25_2007-03-31.html

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A Semana da Água em Estocolmo e outras notícias

*
Começou a "Semana Mundial da Água", encontro internacional realizado pelo Stockholm International Water Institute, que reune 2500 especialistas de mais de 140 países para discutir temas importantes como saneamento, mudanças climáticas, mananciais, energia, alimentos, colaboração além-fronteiras, etc...
Água é básica para a manutenção da vida. Temos tido poucos cuidados com a água potável, poucas preocupações com os resíduos, com o tratamento e preservação dos mananciais, pouco interesse na proteção das nascentes, apesar da legislação. Tomara que as consciências despertem para a relevância deste assunto.

Para saber mais:
http://www.siwi.org/
http://www.worldwaterweek.org/


*
Soube de uma notícia muito legal e quero dividí-la com vocês. A União Européia está criando um banco de dados das principais bibliotecas européias e disponibilizando o material on-line para consulta e download a partir de 28 de novembro. Este projeto se chama EUROPEANA, e vou deixar o link aqui embaixo e na barra ao lado. Pode ser uma útil fonte de dados e de material didático para consultas no futuro breve. Acessem e registrem-se para receber as novidades.

http://www.europeana.eu/

*
Minha amiga, Bel Paraguay me manda e-mail sobre o seminário "Bioética e Humanização dos Serviços de Saúde" a ser realizado na Sala Paula Souza da Faculdade de Saúde Pública da USP, Av: Dr. Arnaldo, 715, S. Paulo, no dia 11/09/08
A programação é a seguinte:

9:00 – Abertura – Diretor da FSP-SUSP (Prof. Chester Luis Galvão Cesar), Presidente da CCEx (Profa. Fabíola Zioni) e Coordenador do evento (Prof. Paulo Antonio Fortes)
9:15 às 10:15 - "Aspectos teórico-conceituais da Humanização nos Serviços de Saúde" – Dr. Ricardo Teixeira – Consultor do Ministério da Saúde para a Política nacional de Humanização
10:30 às 11:30 - "Perspectivas da Política Nacional de Humanização" - Dr. Dario Peshe – Coordenador da Política Nacional de Humanização/Ministério da Saúde
11:30- 12:00 – Debate com a Platéia
12:00 – Encerramento do evento

Atividade gratuita e vagas limitadas.
Ficha de inscrição disponível em http://www.fsp.usp.br/crintform/phpmyadmin/form.php

domingo, 17 de agosto de 2008

Varre, varre, varre vassourinha...

(Este é um tópico importante para melhor entender intoxicações e como o nosso corpo reage a elas.)

O dano potencial da exposição a agentes tóxicos depende de vários fatores.
Entre estes é necessário considerar se a exposição é única, múltipla ou contínua, de uma única fonte ou de múltiplas fontes.
Em alguns casos torna-se difícil estimar o grau de exposição quando estão implicados contaminantes difusos ou agentes químicos que possam persistir ou acumular-se no ambiente.
Gostaria de deixar claro que pessoas expostas aos agentes de risco em baixas doses por longos períodos de tempo na maioria dos casos não apresentarão sintomas de intoxicação aguda. As pessoas apresentarão, em sua maioria sintomas genéricos, não bem definidos, típicos de patologias crônicas ou mesmo sintomas subclínicos.
Afirmar que um determinado agente tóxico não tenha causado uma doença reconhecível no homem não significa que ele não exerça um efeito fisiológico. Ou seja, o fato de não acontecer uma doença imediatamente não exclui efeitos indesejáveis destas substâncias, mesmo inaparentes.
Os agentes potencialmente tóxicos são indutores do sistema microssomal enzimático no fígado. Este sistema exerce um papel crítico para o metabolismo de drogas e venenos provenientes do meio externo.
A transformação de substâncias químicas orgânicas ocorre através de dois sistemas enzimáticos: as reações de fase I e fase II. As enzimas envolvidas nestes processos são conhecidas como enzimas de conjugação. Em todos os mamíferos a desintoxicação de poluentes orgânicos ocorre predominantemente no fígado, pois é ali, entre todos os órgãos do corpo, que estas enzimas existem em maior concentração.
As reações de fase I são processos metabólicos que fracionam moléculas complexas em moléculas mais simples. Isto se chama catabolismo. Estas reações também adicionam à molecula um grupo funcional com uma carga elétrica (polarização). Isto se dá através de uma adição enzimática controlada de oxigênio (oxidação), criando assim um intermediário mais reativo. As principais enzimas envolvidas nesta fase de catalização são as mono-oxigenases, em especial as da flavoproteina e as do citocromo P450 (também conhecido como sistema de oxigenase de função mista, MFO). Após a oxidação pelo sistema MFO, as reações de fase II conjugam o intermediário com moléculas hidrossolúveis como a glutadiona, através de reações catabólicas ou pela síntese mediada por enzimas de moléculas complexas denominada biossíntese.
Os produtos da reação virão eliminados na bile ou na urina.
Quando a desintoxicação não ocorre em modo suficiente resultará em um efeito tóxico que será percebido como toxicidade aguda, genotoxicidade (dano ao material genético) ou intoxicação crônica com efeitos prolongados no organismo.
Bem, todos estes nomes complicados servem para dizer que dentro de você existe um sistema de “tratamento químico” destas substâncias tóxicas e que se ele funcionar de maneira adequada muitas substâncias tóxicas poderão ser elaboradas e eliminadas do seu corpo. É importante, no entanto, saber que este mecanismo não é ilimitado e infalível e que certas substâncias são sempre tóxicas para o nosso organismo.
Outra coisa importante é ter em mente que a atividade do sistema enzimático microssomal é mínima ao nascimento e no início da vida, devido a sua imaturidade e que aumenta progressivamente com a vida adulta.
Supõe-se que o desenvolvimento da capacidade enzimática seja um reflexo da exposição do indivíduo aos agentes químicos ambientais. A atividade do sistema, uma vez induzida por um agente, pode ser válida também para outros. Então, quando mais de uma substância é introduzida no organismo simultaneamente, a disposição metabólica de uma das substâncias pode ser alterada pela presença ou características indutoras da outra. A este ajuste se dá o nome de sistema adaptativo hepático.
Normalmente os sistemas corporais são programados para atingir um estado de equilíbrio chamado homeostase. Muitos sistemas em nosso corpo funcionam continuamente, sem nehuma pausa, somente para manter esta homeostase sem algum dano.
Mas para o correto funcionamento de alguns destes sistemas, ou seja, os que se utilizam de síntese protéica, faz-se necessária uma maior disponibilidade de precursores destas proteínas. Isso implicaria em um relativo “custo fisiológico”, pois haveria um “desvio” destes precursores de suas normais utilizações. Então, para cada reação adaptativa haveria um custo para os demais processos. Quando a ativação do sistema tem origem no meio externo, como no caso do sistema microssomal hepático, o contínuo e longo comprometimento com uma série de estímulos químicos poderia levar a um “custo fisiológico” que poderia se verificar deletério ao organismo.
Em nenhum outro tempo os seres humanos estiveram expostos a uma miríade tão ampla de substâncias químicas e, de fato, os efeitos de muitas delas ainda não estão perfeitamente claros no ser humano.

(continua...)

Este texto é protegido por copyright e é parte do livro "Mamãe passou açúcar em mim" (Sandra Goraieb, 2006).

sábado, 16 de agosto de 2008

Sem-vergonha de amamentar!!!!!

Este vídeo é do blog da Thais (Diário da Thais (http://burranona.blogspot.com/). Vi lá, achei que todos que passam aqui também tinham que ver. Porque todas as crianças tem direito ao melhor! E as pessoas tem que perder a vergonha (e o medo) de amamentar.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Críticas, critérios e incongruências em um site útil

Eu costumo recomendar o skindeep database como ponto de partida para averiguar do que são feitos os produtos, mas acho importante esclarecer alguns pontos que não são muito claros e que dão margem a interpretações errôneas sobre alguns ingredientes.
Um deles e muito importante é o que eles chamam "parfum", ou "fragrance". Indiferentemente da formulação da fragrância a nota atribuída a ela é sempre a mesma, ou seja 8. Não importa se a fragrância é hipoalergênica, isenta de musks sintéticos ou de ftalatos, a determinação do risco para eles é o mesmo. Não sei se por incompetência no avaliar as formulações de forma mais aprofundada, ou simplesmente por comodidade.
O mesmo acontece para substâncias com diferentes graus de impuresas: grau cosmético, grau médico, grau alimentar. Para eles não faz diferença, mas na realidade faz muita diferença, pois produtos no grau médico tem que ser o mais puros possível e a presença de contaminantes é intolerável. Obviamente isto se reflete no preço da matéria prima.
Outra incongruência gritante é o tocoferol. O tocoferol é a vitamina E e o seu acetato a forma mais absorvível da mesma. O curioso é que quando especificado com o nome técnico, o tocoferol apresenta uma nota 4, mas quando o fabricante, de má fé coloca óleo de vitamina E (que nem é classificável no INCI), recebe o inóquo 0. Ou seja, se é vitamina E, é sempre óleo, pois é uma vitamina liposolúvel. Então como explicar se ela é sempre tocoferol, ou tocoferil, que ela passe por tantas avaliações diferentes para uma mesma substância?
Então ao ver a tabela você constata que foi "enganado" por gente cheia de boa-vontade, mas de visão um pouco estreita. Digo de boa-vontade pois eles tem uma perspectiva bem interessante ao considerar a questão da toxicidade e que compartilho em muitos pontos.
É muito mais sábia a postura do Dr Samuel Epstein, professor emérito de Saúde Pública em Chicago, que escreveu um livro que recomendo muito "Unreasonable Risk" (indisponível em português, mas é possível comprar na amazon no original) e responsável pelo projeto da Cancer Prevention Coalition.
Portanto, é necessário cuidado ao consultar as fontes. Sugiro sempre ir ao PUBMED antes de mais nada e verificar os dados em publicações sérias. Comparar os artigos, avaliar os resultados e usar o bom senso.
Ah, também não sou a dona da verdade. Vivi o bastante para aprender que em Medicina o que é válido hoje pode não ser válido amanhã. As coisas evoluem, graças a Deus, e as cabeças devem estar prontas para aceitar o novo, melhorar o que for possível e reconhecer as suas falhas, carências e limites. E estes últimos, são ainda tantos...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Vivendo em um mundo de risco

O dano potencial da exposição a agentes tóxicos depende de vários fatores. Entre estes é necessário considerar se a exposição é única, múltipla ou contínua, de uma única fonte ou de múltiplas fontes.
Em alguns casos torna-se difícil estimar o grau de exposição quando estão implicados contaminantes difusos ou agentes químicos que possam persistir ou acumular-se no ambiente.
Gostaria de deixar claro que pessoas expostas aos agentes de risco em baixas doses por longos períodos de tempo na maioria dos casos não apresentarão sintomas de intoxicação aguda. As pessoas apresentarão, em sua maioria sintomas genéricos, não bem definidos, típicos de patologias crônicas ou mesmo sintomas subclínicos. Afrimar que um determinado agente tóxico não tenha causado uma doença reconhecível no homem não significa que ele não exerça um efeito fisiológico. Ou seja, o fato de não acontecer uma doença imediatamente não exclui efeitos indesejáveis destas substâncias, mesmo inaparentes.
Os agentes potencialmente tóxicos são indutores do sistema microssomal enzimático no fígado. Este sistema exerce um papel crítico para o metabolismo de drogas e venenos provenientes do meio externo.
A transformação de substâncias químicas orgânicas ocorre através de dois sistemas enzimáticos: as reações de fase I e fase II. As enzimas envolvidas nestes processos são conhecidas como enzimas de conjugação. Em todos os mamíferos a desintoxicação de poluentes orgânicos ocorre predominantemente no fígado, pois é ali, entre todos os órgãos do corpo, que estas enzimas existem em maior concentração.
As reações de fase I são processos metabólicos que fracionam moléculas complexas em moléculas mais simples. Isto se chama catabolismo. Estas reações também adicionam à molecula um grupo funcional com uma carga elétrica (polarização). Isto se dá através de uma adição enzimática controlada de oxigênio (oxidação), criando assim um intermediário mais reativo. As principais enzimas envolvidas nesta fase de catalização são as mono-oxigenases, em especial as da flavoproteina e as do citocromo P450 (também conhecido como sistema de oxigenase de função mista, MFO). Após a oxidação pelo sistema MFO, as reações de fase II conjugam o intermediário com moléculas hidrossolúveis como a glutadiona, através de reações catabólicas ou pela síntese mediada por enzimas de moléculas complexas denominada biossíntese. Os produtos da reação virão eliminados na bile ou na urina. Quando a desintoxicação não ocorre em modo suficiente resultará em um efeito tóxico que será percebido como toxicidade aguda, genotoxicidade (dano ao material genético) ou intoxicação crônica com efeitos prolongados no organismo.
Bem, todos estes nomes complicados servem para dizer que dentro de você existe um sistema de “tratamento químico” destas substâncias tóxicas e que se ele funcionar de maneira adequada muitas substâncias tóxicas poderão ser elaboradas e eliminadas do seu corpo. É importante, no entanto, saber que este mecanismo não é ilimitado e infalível e que certas substâncias são sempre tóxicas para o nosso organismo.
Outra coisa importante é ter em mente que a atividade do sistema enzimático microssomal é mínima ao nascimento e no início da vida, devido a sua imaturidade e que aumenta progressivamente com a vida adulta.
Supõe-se que o desenvolvimento da capacidade enzimática seja um reflexo da exposição do indivíduo aos agentes químicos ambientais. A atividade do sistema, uma vez induzida por um agente, pode ser válida também para outros. Então, quando mais de uma substância é introduzida no organismo simultaneamente, a disposição metabólica de uma das substâncias pode ser alterada pela presença ou características indutoras da outra. A este ajuste se dá o nome de sistema adaptativo hepático.
Normalmente os sistemas corporais são programados para atingir um estado de equilíbrio chamado homeostase. Muitos sistemas em nosso corpo funcionam continuamente, sem nehuma pausa, somente para manter esta homeostase sem algum dano. Mas para o correto funcionamento de alguns destes sistemas, ou seja, os que se utilizam de síntese protéica, faz-se necessária uma maior disponibilidade de precursores destas proteínas. Isso implicaria em um relativo “custo fisiológico”, pois haveria um “desvio” destes precursores de suas normais utilizações. Então, para cada reação adaptativa haveria um custo para os demais processos. Quando a ativação do sistema tem origem no meio externo, como no caso do sistema microssomal hepático, o contínuo e longo comprometimento com uma série de estímulos químicos poderia levar a um “custo fisiológico” que poderia se verificar deletério ao organismo.
Em nenhum outro tempo os seres humanos estiveram expostos a uma miríade tão ampla de substâncias químicas e, de fato, os efeitos de muitas delas ainda não estão perfeitamente claros no ser humano.

Este texto é parte integrante do livro "Mamãe passou açúcar em mim" e protegido por direitos de copyright. Para reproduções, favor entrar em contato com a autora.

Desculpas

Peço desculpas a todos vocês. Estou "de cama" por conta de um resfriado. Impressionante como uma coisinha tão pequenininha, tão reles, consiga derrubar uma mulher do meu tamanho de forma tão destruidora.
Bem, só me resta tomar muito líquido e ficar um pouco quietinha no meu canto, desejando que ele passe bem depressa...
Vou postar mais um tópico do livro.
Bjs

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

"Technology Day" na Vrije Universiteit Brussel

No dia 18 de Setembro a Universidade de Vrije, em Bruxelas, realizará o "TECHNOLOGY DAY", onde se proporão temas de grande importância como as alternativas "3R ", ou seja novas metodologias para substituição (replace), redução e refinamento dos testes em animais.
A proposta é de aproximar as indústrias do mundo acadêmico e oferecer colaborações entre as partes. A oportunidade é excelente.
Quem me escreve é a Prof.a Vera Rogiers, responsável pela organização do curso.
O site para inscrições e contatos é:
www.vub.ac.be/technologytransfer

Abaixo segue os temas, palestrantes e horários:


New scientific impulses towards
3R Alternatives - Methods to replace,
reduce and refine animal use
Stimulating research collaborations between industry and university

Thursday September 18th, 2008

09.45: Registration & Coffee

10.15: Welcome & introduction by Prof. Jan Cornelis, Vice-rector Research VUB

10.30: The use of microdialysis in drug discovery & development by Prof. Ilse Smolders, Department of
Pharmaceutical Chemistry, Drug Analysis and Drug Information, VUB

10.45: Small animal molecular imaging in preclinical research by Prof. Tony Lahoutte, Department of Nuclear Medicine,
UZ Brussel

11.00: Coffee break

11.15: Stabilisation of functional hepatocytes in culture by epigenetic modification(s) by Prof. Tamara Vanhaecke,
Department of Toxicology, Dermato-Cosmetology and Pharmacognosy, VUB

11.30: Use of in vitro systems to develop antifibrogenic drugs by Prof. Albert Geerts, Department of Cell Biology &
Histology, VUB

11.45: Production of functional hepatocytes by mimicking the liver embryogenesis in vivo: an innovative in vitro
technology by Dr. Sarah Snykers, Department of Toxicology, Dermato-Cosmetology and Pharmacognosy, VUB

12.00: Round table and question time moderated by Prof. Vera Rogiers, Chairperson of ecopa, Department of Toxicology,
Dermato-Cosmetology and Pharmacognosy, VUB, and Dr. Bernward Garthoff, Co-chair of epaa, Crop Protection and
Bioscience, Bayer AG

12.30: Walking Lunch

14.00: Human embryonic stem cells: possible uses and ongoing research at the VUB by Prof. Karen Sermon, Department
of Embryology and Genetics, VUB

14.15: Predicting effects of endocrine disruptors on the ovary and the oocyte by the in vitro approach by Drs Sandy Lenie,
Centre for Reproductive Medicine, UZ Brussel

14.30: Human gametes and embryos: balance between research and respect by Prof. Josiane Van der Elst,
Centre for Reproductive Medicine, UZ Brussel

14.45: Coffee break

15.00: In vitro cell culture assays for screening of potential Antipicornavirus compounds by Prof. Bart Rombaut, Department
of Pharmaceutical Biotechnology and Molecular Biology, VUB

15.15: Alternative host models to investigate the pathogenicity and virulence of the opportunistic pathogen
Pseudomonas Aeruginosa by Prof. Pierre Cornelis, Department of Microbial Interactions, VUB

15.30: Chromatographic and chemometric approaches to evaluate and predict membrane passage of drug molecules
by Prof. Yvan Vander Heyden, Department of Analytical Chemistry and Pharmaceutical Technology, VUB

15.45: Round table and question time moderated by Prof. Vera Rogiers, Chairperson of ecopa, Department of Toxicology,
Dermato-Cosmetology and Pharmacognosy, VUB
and Dr. Philippe Vanparys, Managing Director of CARDAM (VITO, Belgium)

16.15: Reception & networking

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Mais um site

Hoje trago para vocês mais um site rico de informações sobre o tema interferência endócrina. A fonte é muito séria, ou seja, o National Institute of Health, o NIH, ou melhor, o ramo do NIH dedicado às ciências de saúde do ambiente, o NIEHS.
É bastante interessante e vale uma olhada. Também vai para a barra lateral para ficar sempre fácil para consultas:

http://www.niehs.nih.gov/health/topics/agents/endocrine/index.cfm

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Cuidado, sombra e água fresca...

O Dr. Luke Hofkamp* da Sanford School of Medicine da University of South Dakota e colaboradores da Complutense University of Madrid e da University of Zuerich, publicam em julho na Environmental Health Perspectives, um artigo que associa a exposição a alguns filtros solares (4 Metilbenzelideno-cânfora e 3 Metilbenzelideno-cânfora) durante o período fetal e o crescimento do volume prostático (ductal, com prevalência em algumas regiões da glândula).
Os autores concluíram, a partir dos seus achados, que a exposição durante o desenvolvimento do aparato reprodutor e suas glândulas assessórias ao 4MBC levou a uma clássica resposta estrogênica e que este agente pode ser classificado como interferente hormonal (por toxicidade reprodutiva).
Para quem quiser saber mais, o artigo é disponível gratuitamente para leitura no site da EHP: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?tool=pubmed&pubmedid=18629307 e a referência é:
Hofkamp L, Bradley S, Tresguerres J, Lichtensteiger W, Schlumpf M, Timms B. Region-specific growth effects in the developing rat prostate following fetal exposure to estrogenic ultraviolet filters. Environ Health Perspect. 2008 Jul;116(7):867-72.

Recentemente, no site da uol ciência e tecnologia, um artigo interessante trazia uma transcrição do NYT sobre o trabalho o Environmental Working Group sobre bloqueadores solares com muitas críticas dos dermatologistas, pois segundo eles, esta posição faria com que as pessoas fossem mais expostas aos cânceres de pele.
É bom, no entanto, ter em mente que o uso de bloqueadores solares reduz com efeito os tumores de pele, mas que este não é o único modo para se proteger da radiação. Em alguns casos, estimularia a superexposição solar, fazendo inclusive que todos os seus benefícios se perdessem.
Evitar o sol entre as 10:00 e as 16:00h é o melhor a fazer.
Sol, como tudo na vida, deve ser usado com moderação e bom senso.
Aumenta a biodisponibilidade de Serotonina, aumenta a síntese de Vitamina D, faz seus ossos mais fortes e põe um sorriso na sua cara. Assim, cuidado, sombra e água fresca, acaba sendo a melhor saída.

OBS: Lembrem-se que, como a pele, os olhos também estão sujeitos aos efeitos da radiação solar, em especial quanto ao desenvolvimento precoce de catarata. Jamais use óculos de sol de baixa qualidade ou sem adequado filtro, pois neste caso, você poderia ainda piorar a exposição por dilatação das pupilas.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

1,2,3 testando...

Como a ANVISA vê a avaliação dos riscos potenciais de um produto cosmético? No guia de segurança publicado pelo órgão eles afirmam: “a maioria das informações necessárias na avaliação do risco potencial de um produto cosmético resulta do conhecimento dos ingredientes que compõem sua fórmula. São eles que podem, diretamente, ser os responsáveis por qualquer efeito sistêmico e por boa parte do risco alergênico. Contudo, a fórmula do produto acabado pode interferir, à medida que facilita a absorção total ou parcial dos ingredientes sendo responsável, também, por possíveis sinergismos, resultantes da associação de ingredientes.” E ainda alertam que tal conhecimento “pode não ser suficiente para prevenir um um efeito indesejável ao consumidor alvo.” Portanto deve-se levar em consideração outros parâmetros.
Ainda que a maioria dos cosméticos seja de aplicação tópica, alguns ingredientes permeiam a barreira cutânea podendo ser absorvidos em diferentes graus, outros ainda podem ser ingeridos ou inalados. O modo de uso de certa forma pode determinar a quantidade de produto que será absorvida, ingerida ou inalada. Assim, os parâmetros a serem observados são: categoria do produto, modo de uso, concentração dos ingredientes na formulação, quantidade por aplicação e freqüência de uso, via de aplicação e superfície total de aplicação, duração do contato, tipo do consumidor (infantil, adulto, gestante, idoso,...).
De posse destes dados e da fórmula é possível calcular a concentração de cada ingrediente em contato com a pele e conhecendo-se o potencial de absorção de cada ingrediente se pode, sem nenhum outro estudo adicional, prever o risco potencial de um produto.
Quando o risco previsível não pode ser avaliado, se recorre a métodos complementares experimentais in vitro ou in vivo.
Ainda segundo a ANVISA: “De maneira geral, é melhor privilegiar a avaliação dos riscos irritativos e alergênicos em testes clínicos que apresentam uma melhor idéia da resposta dos consumidores alvo”. Os testes sugeridos pelo órgão para os produtos acabados são resumidos a seguir, e as avaliações sejam aplicadas caso a caso:


Sugestão para avaliação de segurança de produtos acabados

Avaliação do potencial irritante

Produto com risco desconhecido:
• “Triagem” com métodos in vitro ou, in vivo em animais, seguido de teste clínico.

Produto com ausência presumida de risco:
• Teste clínico.

Avaliação do potencial alergênico

Nível de absorção dos ingredientes desconhecido:
• Teste in vivo, em animais.

Produto com ausência presumida de risco:
• Teste clínico.

Cabe uma observação: você vai ler em muitos rótulos “este produto não foi testado em animais”. Isso é uma meia verdade.
Todos os produtos em uma qualquer etapa foram necessariamente testados em animais. Testes em animais ainda fazem parte de todos os protocolos de novas substâncias químicas em qualquer lugar do mundo.
O que vem se tentando fazer é reduzir os testes em animais “in vivo” preferindo as técnicas “in vitro” e as simulações computadorizadas, reduzir o sofrimento destes animais submetidos à experimentação e potencializar ao máximo a eficácia dos métodos e a sua transponibilidade entre as espécies. Mas ainda estamos muito longe de efetivar uma conduta de exclusão completa quanto aos animais de experimentação.
O que na verdade significa “não testado em animais” ainda é: esta formulação, assim como você a está comprando, o produto acabado, não foi testada em animais de experimentação. Isto, desde que você exclua seres humanos da categoria “animal”.
Existe na União Européia uma lei de 2004, a 7ª emenda à Diretiva de Cosméticos, que restringe inicialmente e prevê o fim dos testes em animais até o ano de 2013, mas o prazo final está sujeito a aumento do se os testes “em não animais” ainda não forem disponíveis. Mas como se pode bem intuir ainda está bem longe do que os animalistas gostariam *.
Uma crítica frequentemente citada a respeito de testes com animais é que as pesquisas realizadas, e que servem de embasamento para muitas restrições e conclusões em muitos estudos, foram feitas em outras espécies (em especial roedores) e que estes dados não são transponíveis para o homem, pois somos espécies diferentes e de certa forma esta é uma crítica justa. Nem sempre o que é válido para uma espécie é aplicável a outra, porém nem tudo é assim tão diferente. Certos processos metabólicos podem apresentar similaridade e serem sobraponíveis de uma espécie para outra.
O problema para realização de testes mais precisos é que a conduta ética não admitiria que um pesquisador sério, em uma instituição séria, testasse uma substância ou um procedimento que se desconfia ser potencialmente danoso diretamente em seres humanos. Portanto estudos prospectivos, aleatórios, duplo-cegos, são impossíveis de serem realizados em seres humanos com substâncias que se demonstraram potencialmente danosas em animais de laboratório ou mesmo in vitro ou mesmo em estudos observacionais.
A real questão a ser colocada é: quais e quantos testes são suficientes para garantir segurança para todas as espécies vivas, não apenas para seres humanos, mas também para o ambiente onde estas substâncias vão acabar se depositando. E infelizmente esta resposta ainda está muito longe de ser cogitada.

NA: Este texto é parte do livro "Mamãe Passou Açúcar em Mim", Copyright 2006, todos os direitos reservados.

* até o momento deste post os testes disponibilizados ainda são insuficientes para suprir todas as etapas dos protocolos de segurança atualmente exigidos pelas agências regulatórias, como já visto recentemente em post de 31/05 (http://leiaorotulo.blogspot.com/2008/05/mtodos-alternativos-para-testes-em.html).

Obrigada à Revista Crescer

Pela oportunidade de divulgar a importância de ler os rótulos. Em especial quero agradecer à Melissa Diniz, à Thais Lazzari e também à Thais Saito.
Muito obrigada de coração.