quinta-feira, 31 de julho de 2008

Hoje

Recebi algumas mensagens de gente que me quer bem.
Estava mesmo precisando.
Acho que no fundo, todos precisamos muito de algumas mensagens de carinho. Mesmo quem não admite, mesmo quem é duro (e estes talvez até precisem mais).
Recebi um abraço virtual de duas minhas ex-pacientes, me deixaram uma mensagem que fez ter valido a pena ter me tornado médica um dia. Fiquei comovida, obrigada.
Recebi um poema de outra amiga distante, uma coisa linda, que vou deixar aqui ao fim deste post para dividir com vocês. É de Cecília Meireles.
Recebi um beijo especial da minha filha (e um do meu marido também).
E para todos quero dizer: obrigada!


"Cântico II

Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens... não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu

Canção Mínima


No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta


NA: Os poemas acima foram extraídos da obra de Cecília Meireles, "Antologia Poética" (Editora Record - Rio de Janeiro), 1963.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Paul Éluard, "Leurs yeux toujours purs"

Jours de lenteur, jours de pluie,
Jours de miroirs brisés et d'aiguilles perdues,
Jours de paupières closes à l'horizon des mers,
D'heures toutes semblables, jours de captivité,

Mon esprit qui brillait encore sur les feuilles
Et les fleurs, mon esprit est nu comme l'amour,
L'aurore qu'il oublie lui fait baisser la tête
Et contempler son corps obéissant et vain.

Pourtant j'ai vu les plus beaux yeux du monde,
Dieux d'argent qui tenaient des saphirs dans leurs mains,
De véritables dieux, des oiseaux dans la terre
Et dans l'eau, je les ai vus.

Leurs ailes sont les miennes, rien n'existe
Que leur vol qui secoue ma misère,
Leur vol d'étoile et de lumière
Leur vol de terre, leur vol de pierre
Sur les flots de leurs ailes,
Ma pensée soutenue par la vie et la mort.


("SEUS OLHOS SEMPRE PUROS

Dias de lentidão, dias de chuva,
Dias de espelhos partidos e agulhas perdidas,
Dias de pálpebras fechadas ao horizonte dos mares,
De horas em todas iguais, dias de cativeiro.

Meu espírito que brilhava ainda sobre as folhas
E as flores, meu espírito é nú como o amor,
A aurora que ele esquece lhe faz abaixar a cabeça
E contemplar seu corpo obediente e vão.

Vi, no entanto, os mais belos olhos do mundo,
Deuses de prata que tinham safiras nas mãos,
Deuses verdadeiros, pássaros na terra
E na água, eu os vi.

Suas asas são as minhas, nada mais existe
Senão o seu vôo que sacode minha miséria.
Seu vôo de estrela e luz,
Seu vôo de terra, seu vôo de pedra
Sobre as ondas de suas asas.
Meu pensamento suspenso pela vida e pela morte.")

terça-feira, 29 de julho de 2008

More or LESS (Lauril Eter Sulfato de Sódio)

(continuação do texto anterior)

Na cosmética, o principal representante dos surfactantes aniônicos é o Lauril Sulfato de Sódio.
Funcionalmente é um produto muito eficaz, economicamente muito viável como matéria prima, porém é um potente irritante da pele. Muito potente. Tanto ao ponto de uma comissão de cientistas reunidos pela própria indústria cosmética (CTFA/CIR) o considerar entre os produtos que merecem limitação em seus usos.
Observem que o próprio CIR faz diferença entre a molécula de Lauril Sulfato de Sódio e seus etoxilados (laureth, lauril éter sulfato de sódio). Elas realmente são moléculas diferentes e com diferentes implicações de risco. Portanto, um nome parecido não significa necessariamente o mesmo produto ou a mesma molécula.
Vamos começar pelo Lauril Sulfato de Sódio (Sodium Lauryl Sulfate, SLS) e o Lauril Sulfato de Amônio ( Ammonium Lauryl Sulfate, ALS). O CIR reporta o que foi publicado no Journal of the American College of Toxicology, Volume 2, Number 7, pp. 127-181, 1983 e diz o seguinte:

“ O Lauril Sulfato de Sódio e o Lauril Sulfato de Amônio são irritantes em patch testing (teste de irritabilidade) em concentrações superiores a 2% ou mais, e a irritação aumenta com a concentração do ingrediente. Em algumas formulações cosméticas entretanto esta propriedade irritante é atenuada. Quanto mais estes ingredientes encontram-se em contato com a pele, maior a chance de irritação, que pode ou não ser evidente ao usuário.
Embora o SLS não seja carcinogênico em animais de experimentação, ele se demonstrou capaz de causar graves alterações na epiderme da área de pele de camundongo onde foi aplicado. Este estudo indica a necessidade de estudos complementares para avaliar a sua possibilidade de potencializar a atividade cancerígena na pele. Estudos com auto-radiografia com marcador radioativo demonstrou uma grande deposição do detergente na superfície da pele e nos folículos pilosos; dano ao folículo capilar pode decorrer desta deposição.
Além disso, foi relatado que Lauril Sulfato de Sódio a 1% e 5% produziram comedões quando aplicados a orelha de coelhos albinos.
Estes dois problemas, comedões e perda de cabelos, devem ser considerados na formulação de cosméticos.
SLS e ALS parecem causar poucos danos potenciais quando são utilizados em produtos de uso discontínuo, de curta exposição seguidos de um enxágüe abundante da superfície da pele. Conclusão: o SLS e o ASL parecem ser seguros nas formulações utilizadas esporadicamente seguidas de enxágüe abundante. Em produtos para contato prolongado com a pele não deve exceder 1%.”

Vamos dar uma olhada no que eu grifei acima e analisar os fatos: as substâncias são sabidamente irritantes, causam alteração da epiderme por longo período de tempo com perda da função de barreira, causam dano ao folículo piloso, pode causar comedões e perda de cabelos. Curioso que depois de todos estes fatos estes compostos serem considerados pouco danosos e seguros, você não acha?
O mais importante é que em muitas formulações ele vem em seguida da água na lista de ingredientes. Isto indica que, se a empresa é honesta na listagem dos ingredientes, que existe nesta formulação um grande percentual de SLS. Como é um ingrediente relativamente barato, é muito difuso. A ANVISA afirma que o SLS, em base ao estudo publicado pelo CIR em 1983 é seguro até a concentração de 50%.
Em média, um produto comercial contém algo em torno de 30% de Lauril Sulfato de Sódio. Então quanto de SLS vem aplicado efetivamente sobre nossas peles e qual é a real quantificação do dano?
O SLS desnatura proteínas. Nossa pele e nossos cabelos contêm proteínas. Elas são a matéria prima da qual são feitos.
Quero deixar claro que o Lauril sulfato de sódio não é cancerígeno em si. O que ele faz é facilitar a penetração de substâncias que possam sê-lo e que estejam em contato com a pele.
Muito bem, existe solução para melhorar o Lauril Sulfato de Sódio de modo a que ele se torne menos irritante? Sim, tem, e se chama reação de etoxilação.

Etoxilação, uma paixão!

A reação de etoxilação é um processo químico que permite a fixação de uma ou mais moléculas de óxido de etileno sobre um composto químico (o mesmo vale para o óxido de propileno e se chama propoxilação). E é isso que faz com que a molécula de Lauril Sulfato de Sódio se torne maior e um pouco menos irritante. Muito útil para ser usado nas formulações infantis e para pessoas “sensíveis”. Lembre-se que a pele imatura do bebê não agüentaria uma boa dose de SLS e que uma boa parte dos produtos cosméticos tem necessidade de agentes tensoativos. Então o SLS vai ser substituído pelo Lauril Éter Sulfato de Sódio, ou Laureth.
Você vai tirar um suspiro de alívio, não é? Cedo demais para festejar. Esta reação produz durante o processo uma contaminação por uma substância denominada 1-4 dioxana.
Não confundir com dioxinas, que são outros compostos bastante danosos e que abordaremos em outro tópico.
Dioxanas ou dióxido de etileno são éteres incolores, líquidos em temperatura ambiente e pressões normais, inflamáveis e tóxicos, perigosos se inalados, ingeridos ou aplicados sobre a pele. Além de potencialmente cancerígenas, as dioxanas são genotóxicas (discretas).
Muito bom, não é? O mais interessante é que estes compostos etoxilados são muito difusos.
Você deve estar querendo saber como vai fazer para reconhecer uma molécula etoxilada ou propoxilada? Bem, não é tão simples, mas uma pista é procurar por finais terminados em eth, como laureth, mireth,... Eles também podem ser listados como PEG (polietilenoglicol), POE (poliortoester), ou compostos que contenham a palavra éter. É importante dizer que nem todos os éteres são etoxilados. Agora, vá ao seu banheiro e dê uma olhadinha na fórmula do seu xampu, do condicionador, do creme hidratante...

Uma enorme quantidade de produtos usa surfactantes etoxilados na sua formulação, coisas como laureth e polisorbatos (tweens). Estes ingredientes são quase sempre contaminados por concentrações relevantes de dioxanas que acaba imediatamente inalada (por ser volátil), e absorvida através da pele.
Ah, você vai dizer, isso é uma grande novidade, ninguém sabia disso até ontem. Não é bem assim. Este fato é de conhecimento público, só o público é que não o conhece.
A carcinogenicidade da dioxana em roedores foi estabelecida pela primeira vez em 1965 e confirmada em 1978, com predominância para cânceres nasais em cobaias e de fígado em camundongos. Ela também se demonstrou cancerígena sistêmica em estudo realizado pelo “National Cancer Institute” onde era “pintada” sobre a pele de animais de experimentação. Estudos sobre a absorção transdérmica demonstraram que a dioxana penetra rapidamente em pele animal e humana dos mais variados veículos, embora seja ainda incerto quanto seja absorvido e quanto evaporado.
Estudos epidemiológicos em seres humanos encontraram fortes evidências de ligação da dioxana com tumores de nasofaringe. Com estes resultados o Consumer Product Safety Commission concluiu que mesmo traços deste contaminante são motivo de preocupação.
Foram muitos os avisos de que os produtos infantis continham quantidades inapropriadas de agentes contaminantes até mesmo dentro do FDA.
Em setembro de 1992 o diretor da Divisão de Cosméticos do FDA, John Bailey, relatou a descoberta deste agente contaminante que parecia estar presente em cosméticos, especificamente em xampus e sabonetes líquidos para banho, condicionadores e xampus infantis. Na ocasião se sabia que a 1,4 dioxana causasse câncer de fígado em animais de laboratório desde um estudo do Instituto Nacional do Câncer realizado nos anos 70, e que quanto maior fosse o grau de etoxilação maior a probabilidade de ocorrência da contaminação por dioxana. Mais de dez anos depois as coisas não melhoraram muito, infelizmente. Os riscos permanecem inalterados.
Existe solução? Sim, existe. As dioxanas podem ser eliminadas em produtos etoxilados com um processo de remoção a vácuo ao final da polimerização denominado "stripping".
A pergunta a ser feita é: então por que ninguém faz?
A resposta talvez possa ser: porque custa, porque ninguém se importa, porque ninguém exige. Seria evitável, pense nisso.

NA. Este texto é protegido por direitos de Copyright e é parte do livro "Mamãe passou açúcar em mim", de Sandra Goraieb, 2006. Para reproduções consulte a autora.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Lambendo sabão

Um mito muito difuso entre nós é que para limpar é necessário fazer espuma. Tanta espuma. Isso não é verdade. Espuma em grande quantidade significa excesso de tensoativo, que vai escorrer pelo seu ralo e ir parar em rios e mares contaminando a cadeia alimentar e o meio ambiente. Nem todos os tensoativos são biodegradáveis. Pense duas vezes, pense melhor e entenda melhor.
Quem é que faz a espuma? O que são surfactantes?
Surfactantes ou tensoativos são compostos orgânicos que contém um segmento lipossolúvel e um segmento hidrossolúvel. Esta solubilidade parcial tanto em água como em óleo permite ao surfactante de ocupar a interfase água/óleo. Para tornar o conceito mais simples, eles tornam uma gordura solúvel em água.
Existem várias categorias de surfactantes: agentes de limpeza, emulsificantes, potencializadores de espuma, agentes hidrótropos (afins à água), solubilizadores e agentes de suspensão. Consequentemente eles têm uma ampla aplicação. Estes agentes tensoativos são ainda classificados de acordo com o fato de se ionizarem ou não em uma solução, podendo então ser classificados em aniônicos, catiônicos, não iônicos e anfóteros.
Os surfactantes aniônicos, ou seja, aqueles que carregam uma carga negativa, possuem ótimas propriedades de remoção de sujeira e manchas e são largamente utilizados nos detergentes para casa e nos sabões e sabonetes.
Sabões para remoção da sujeira graxa têm sido relatados desde o ano 3000 aC. Antes de 1950 os detergentes e xampus eram principalmente constituídos de ácidos graxos de sais de amônio ou potássio. Estes sabões tinham uma boa performance espumógena em águas moles (como as da maioria das localidades brasileiras), mas ruins em águas calcáreas, ditas águas duras, comuns em países do hemisfério norte. Desde então vários surfactantes sintéticos foram desenvolvidos especialmente para que pudessem ter uma adequada solubilidade em águas duras. Os surfactantes aniônicos sintéticos mais freqüentes são os alquil sulfatos e os alquil éter sulfatos.
Os surfactantes não iônicos não possuem carga elétrica. Por serem resistentes á água dura e dissolverem-se em óleo e graxa, são utilizados para limpar fornos. Eles são superiores aos aniônicos, porém apresentam baixa capacidade espumógena. Alcanol amidas e alquil amino óxidos são mais usados como potencializadores e estabilizadores de espuma, sendo mais delicados para a pele.
Surfactantes catiônicos possuem carga positiva. São primariamente derivados da amônia, antiestáticos e sanitizadores. São usados como redutores de atrito em condicionadores e amaciantes.
Os surfactantes anfóteros podem apresentar carga negativa ou positiva dependendo da atividade ou alcalinidade da água. São usados em combinação com surfactantes aniônicos e não iônicos para obter uma maior delicadeza na formulação em xampus e loções. O típico representante desta categoria é o N-acil amidopropil betaína.

...(continua)...

Este texto foi extraído do livro "Mamãe passou açúcar em mim", 2006. Todos os direitos reservados para Sandra M. Goraieb. Para reproduções, consultem a autora.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Desculpas

Gente, peço desculpas pois estou "fuori sede", fazendo uma reciclagem.
Peço paciência a vocês, assim que der posto novamente.
Abraços e obrigada pela compreensão.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Darbre strikes again!

Mais um artigo de revisão da Dr.a Philippa Darbre (e Philip Harvey) está disponível na literatura.
O artigo aborda os Parabenos e sua toxicidade. É bom recordar que a Dra Darbre foi a cientista que causou furor ao associar os parabenos aos tumores de mama, e que ao longo dos anos nos tem brindado com novos artigos que corroboram seus achados iniciais.
O artigo cobre o período desde 2004 , quando se observou pela primeira vez esteres intactos de ácido p-hidrobenzóico, também conhecidos por parabenos, em células tumorais de mama e a sugestão que estes poderiam provir de cosméticos aplicados topicamente. Posteriormente, a capacidade destes passarem a barreira cutânea sem modificação pelas esterases foram demonstrados não só in vitro como in vivo, inclusive pelo achado destes ésteres intactos na urina humana. Suas propriedades estrogênicas vêm sendo exaustivamente documentadas além de suas propriedades como antagonistas androgênicos, sua ação inibitória sobre as sulfotransferases e sua atividade genotóxica.
O artigo acessa também a contínua exposição a estes agentes através de produtos de uso comum como cosméticos (onde sua presença como conservante é bastante frequente) sugerindo a necessidade de uma avaliação correta entre as associações destes agentes e outros presentes nas formulações e o aumento da incidência de tumores de mama, de disfunção reprodutiva masculina e de melanoma maligno (que também é estrogênio sensível).


Para saber mais:

Darbre PD, Harvey PW. Paraben esters: review of recent studies of endocrine toxicity, absorption, esterase and human exposure, and discussion of potential human health risks.J Appl Toxicol. 2008 Jul;28(5):561-78.


PS (off topic): Obrigada Thais! Pelo carinho, valeu!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

“João Roberto não é um número. É um menino!”

Alessandra é a sua mãe. E este é o seu grito.
Tomara ele assinale o início de uma revolução.
Porque todas as mães deste pais já tiveram medo por seus filhos, mas ela o viveu.
João, como tantos Joãos neste pais de tantas latitudes e tantas indiferenças.
João como Hélio, outro caído pela violência absurda de uma sociedade que não soube dar um basta quando devia.
E a coisa se espalha silenciosa como uma praga. A guerra civil que existe e é tapada com uma peneira furada de balas e que o cidadão comum enfrenta todos os dias nas metrópoles deste país.
Não, João não é um número, é um menino. É. Porque ele não morreu com aquela bala na cabeça, uma entre as dezessete disparadas contra o seu carro. Vai continuar vivendo dentro do medo de cada cidadão por seus filhos e por si próprio.
Não é possível condenar uma inteira instituição, mas é possível condenar a imperícia, a imprudência e a negligência de cada um dos envolvidos. É possível condenar o homicídio disso resultante. É possível criar uma Polícia profissional. É só necessário investimento e vontade política de resolução, e não gente que se utiliza da fragilidade do cidadão para obter mais vantagens pessoais.
Os indivíduos serão expulsos da Polícia, pois qualquer sentença superior a um ano já os exonera automaticamente do cargo que exerciam. Não é bondade do Governador ou do Superintendente. É a lei.
Mesmo porque dentro da Polícia existem muitos pais de outros tantos Joãos, que também precisam ter garantias de cidadão. Como todos nós. Como os nossos filhos, que não são números, são meninos.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Matemática não é uma opinião...

A notícia do dia 07 era: "Planeta tem 7 anos para conter mudança climática".
O autor da afirmação era o economista Rajendra Pachauri, vencedor do Nobel da Paz de 2007 e presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e a frase era: "Para conter a alta das temperaturas entre 2 e 2,4 graus centígrados, o que segundo nossos estudos é o limite para não ficar em grave perigo, só nos restam sete anos" (Le Monde).
E aí, ontem a surpresa: o G8 decidiu cortar em 50% as emissões de Carbono nos países interessados em até 2050.
Fazendo as contas, 2008 mais 7 faz 2015, ergo: 2015 não é 2050 e 42 anos não são 7 e vice-e-versa.
Me lembra a musiquinha "44 gatti, in fila per sei con resto di due"... Acho que a cúpula do MEM poderia assistir TV nos intervalos dos aprazíveis encontros, tipo "Num3ers" para aprender a ter gosto pela matemática.
Já se espera pouco do grupo mais poderoso do mundo, mas que fala muito e faz pouco.
Aliás como todo mundo, nós também. Infelizmente. Porque as mudanças dependem de todos, inclusive nós, dos chineses, dos indianos, e todos os indivíduos ricos e menos ricos que habitam um planeta chamado Terra (que um tempo foi Gaia, mas agora...).
Ah, mas plantaram 8 árvores... até 2050, se resistirem vão estar grandinhas e trocando CO².

terça-feira, 8 de julho de 2008

Excesso de soja e perda da memória

Ultimamente há no mercado uma enorme quantidade de produtos derivados da soja. A soja vem sendo cantada em versos e prosa por suas excepcionais qualidades nutritivas, mas também por suas propriedades ligadas às isoflavonas que contém. Tudo parece uma beleza, mas as coisas não são tão bonitinhas quanto podiam parecer.
Porém, há na literatura uma boa quantidade de artigos que analiza o excesso de consumo de soja e efeitos colaterais indesejáveis, principalmente relacionados com a presença de genisteína (fitoestrógeno) em seus subprodutos.
O mais recente artigo é de um consórcio de universidades como a de Oxford e a de Loughborough e a Fundação para Pesquisa em Alzheimer (Alzheimer's Research Trust). Os pesquisadores nas Universidades inglesas em colaboração com pesquisadores na Indonésia, analizaram o efeito de uma dieta rica em soja, em especial de tofu e leite fortificado com soja na população anciã da ilha de Java (2 zonas rurais e 1 urbana) e encontraram uma piora da memória nos indivíduos em especial nos indivíduos acima dos 65 anos que ingeriam tofu ou derivados da soja mais que 2 vezes por dia. Estes indivíduos apresentavam uma perda de cerca 20% da memória quando comparados ao grupo controle.
Mulheres acima dos 65 anos e as pessoas vegetarianas seriam as de maior risco, justamente pelo aumento do consumo de derivados da soja.
Segundo a autora principal do artigo, Profa. Eef Hogervorst*, em outros estudos já se observaram os efeitos deletérios sobre a memória mesmo em quem tinha uma ingesta de tofu e produtos similares mesmo somente duas ou três vezes por semana.
Ela supõe que os achados estejam relacionados com o efeito do excesso de estrógenos sobre a célula nervosa envelhecida, efeito que nas células jovens não se verifica ou poderia ser até o contrário.

Para saber mais:

Hogervorst E, Sadjimim T, Yesufu A, Kreager P, Rahardjo TB. High Tofu Intake Is Associated with Worse Memory in Elderly Indonesian Men and Women. Dement Geriatr Cogn Disord. 2008 Jun 27;26(1):50-57. (texto disponível on-line)

*A Prof.a Hogervorst, PhD, é neuropsicóloga e epidemióloga, especializada em declínio cognitivo relacionado à idade e Doença de Alzheimer, tendo trabalhado nas Universidades de Oxford, Arkansas Medical Sciences, e Cambridge. Atualmente é professora e pesquisadora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade de Loughborough, UK.

A grama do vizinho é sempre mais verde?

Muita gente cita a FDA (Food and Drugs Administration), a agência americana que corresponderia a nossa ANVISA, como um modelo de eficiência. Efetivamente o é, no que diz respeito à indústria farmacêutica. Porém a FDA dá baixíssima prioridade aos cosméticos não exercendo nenhuma atividade reguladora sobre esta categoria. Ao contrário da ANVISA, a FDA não exige testes de segurança antes que um cosmético seja colocado no mercado americano, nem os ingredientes são revisados ou controlados. Surpreso, leitor? Eu também fiquei! A FDA não tem poder para solicitar de livre iniciativa o recolhimento de produtos colocados no mercado, podendo somente monitorizar à distância as empresas que decidirem fazê-lo. E ela precisa de uma queixa pública para poder tomar uma iniciativa.
A coisa só fica diferente quando a FDA classifica o produto como um cosmecêutico. Nesta categoria o cosmético deve realizar algo mais além de limpar e perfumar. Deve propor uma vantagem curativa ou de tratamento. Bloqueadores e protetores solares se enquadram nesta categoria. Na verdade o que determina se um produto é um cosmético ou um cosmecêutico é a declaração de uso. Se você diz que um creme é cicatrizante de algo, ele é um cosmecêutico, se você diz que é um hidratante é um cosmético.
Mas qual é o motivo para esse pouco interesse? Porque se acreditava erroneamente que cosméticos fossem totalmente inóquos e que não afetariam nossa saúde e segurança. O conceito de que agentes nocivos podem passar a barreira da pele é relativamente recente. Foi somente após os anos sessenta do século XX que este conceito tomou forma por conta de uma substância denominada DMSO (dimetilsulfoxido) que provocou lesões oculares em coelhos e demonstrou ser carreada através da pele. Atualmente se considera que qualquer substância química há um potencial de absorção transdérmica. A prova está inclusive nos vários medicamentos que se encontram atualmente disponíveis como “patches” adesivos, seja para terapia hormonal, tratamento para fumantes, etc...
Apesar de disponíveis no mercado bons testes para monitorar a penetração cutânea destes agentes químicos e de testes para medir efeitos sistêmicos e degradação metabólica de um ingrediente cosmético, eles são raramente utilizados. Os consumidores e as indústrias estão legitimamente muito preocupados com as possíveis reações alérgicas e irritações cutâneas, imediatas e muito evidentes. Mas e a absorção sistêmica, toxicidade e efeitos crônicos desta exposição? Praticamente ninguém sabe quanto você realmente absorve para dentro do seu corpo quando passa um creme e ele permanece no seu rosto ou até na pele do corpo todo por horas. Imagine quantas vezes ao longo da vida nós fazemos isso. Imagine que as indústrias investem todos os dias em pesquisas para encontrar veículos que carreiem substâncias cada vez mais profundamente. Então, sabendo disso, faça as próprias contas.
Ainda nos Estados Unidos existe uma entidade, o CTFA, Cosmetics, Toiletries and Fragrance Association, associação dos produtores de cosméticos que por própria iniciativa instituiu um comitê de controle das matérias primas consideradas de risco, o CIR (Cosmetics Ingredients Review). Os relatórios deste comitê são elaborados por sete cientistas em um time multiprofissional. A partir destes relatórios a indústria americana se auto-regula. Esta foi uma medida para escapar a uma regulamentação governamental. A indústria paga aos cientistas para que sejam analisadas as matérias primas. Seria interessante se não houvesse claro conflito de interesse.
A COLIPA é a associação européia dos fabricantes. Geralmente é bem mais exigente. Compreende 23 associações nacionais entre os países europeus, mais 21 grandes multinacionais e 7 afiliados.
Recentemente a União Européia (UE) propôs o protocolo denominado REACH (Registration, Evaluation and Authorization of Chemicals), cujo objetivo é aumentar a proteção à saúde humana e ao ambiente através de uma identificação melhor e mais precoce das propriedades das substâncias químicas. A Agência de Química da UE seria responsável por reunir as informações completas (que seriam responsabilidade das indústrias) e mantê-las em um banco de dados. Se uma substância for definida como perigosa ela deverá ser eliminada no território europeu e substituída por outra mais segura. Mas existe um porém que vale a pena ser evidenciado. Nem sempre uma empresa européia usa os mesmos critérios e as mesmas matérias primas em todo o mundo. Normalmente elas se ajustam às agências reguladoras de cada país onde atuam.
Assim sendo o mesmo creme que na Europa pode satisfazer critérios restritivos na União Européia, pode apresentar uma formulação diferente aqui no Brasil ou nos EUA. E infelizmante não há nada, exceto a leitura atenta dos ingredientes, que possa fazer você perceber isto.

NA. Este texto é parte do livro "Mamãe passou Açúcar em Mim", copyright e todos os direitos garantidos para Sandra M. Goraieb, 2006. Para reproduções, consulte a autora.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Quem toma conta de mim?

O órgão responsável pelo controle do que se faz em termos de cosméticos no Brasil é o mesmo que regula remédios e alimentos: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA.
Recomendo aos leitores que acessem o site do órgão e tomem conhecimento do conteúdo do “Guia de Segurança de Produtos Cosméticos”. É interessante também aproveitar a ocasião para ler os demais informes no site.
Mas o que é necessário para que um produto cosmético venha a ser comercializado? Existem testes obrigatórios? A resposta é sim. Eles são suficientes para garantir total segurança? A resposta é não.
Uma coisa precisa ser dita. Ultimamente a ANVISA vêm aumentando os requisitos de controle sobre os produtos cosméticos no Brasil. Até bem pouco tempo muitos produtos não eram submetidos a testes antes de serem comercializados. Novas leis promulgadas no final de 2005 mudaram esta perspectiva e aumentaram a segurança para o consumidor. Muitas indústrias protestaram veementemente contra estas mudanças pois implicou em custos adicionais e documentação suplementar.
Os testes obrigatórios variam de acordo com a categoria do produto, onde e como vai aplicado e a quem se destina. Existem categorias mais protegidas como as crianças e gestantes. Esta classe de cosméticos é definida técnicamente como cosméticos de “grau dois” de risco sanitário. Todos os cosméticos desta categoria devem obrigatoriamente passar por testes de irritabilidade primária e irritabilidade acumulada, sensibilização e fototeste, alguns ainda passam por testes de toxicidade oral (brilho labial, dentifrícios) e alguns por determinação de FPS (produtos com fator de proteção solar). Cosméticos definidos como “grau um” não exigem testes elaborados. Abaixo se segue uma lista contendo os exemplos de produtos de grau 1 e 2 segundo a ANVISA:

I) LISTA DE TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU 1
1 Água de colônia, Água Perfumada, Perfume e Extrato
Aromático.
2 Amolecedor de cutícula (não cáustico).
3 Aromatizante bucal.
4 Base facial/corporal (sem finalidade fotoprotetora).
tora).
5 Batom labial e brilho labial (sem finalidade fotoprote
6 Blush/Rouge (sem finalidade fotoprotetora).
7 Condicionador/Creme rinse/Enxaguatório capilar (exceto
os com ação antiqueda, anticaspa e/ou outros benefícios específicos
que justifiquem comprovação prévia).
8 Corretivo facial (sem finalidade fotoprotetora).
9 Creme, loção e gel para o rosto (sem ação fotoprotetora da
pele e com finalidade exclusiva de hidratação).
10 Creme, loção, gel e óleo esfoliante ("peeling") mecânico,
corporal e/ou facial.
11 Creme, loção, gel e óleo para as mãos (sem ação fotoprotetora,
sem indicação de ação protetora individual para o trabalho,
como equipamento de proteção individual - EPI - e com
finalidade exclusiva de hidratação e/ou refrescância).
12 Creme, loção, gel e óleos para as pernas (com finalidade
exclusiva de hidratação e/ou refrescância).
13 Creme, loção, gel e óleo para limpeza facial (exceto para
pele acnéica).
14 Creme, loção, gel e óleo para o corpo (exceto os com
finalidade específica de ação antiestrias, ou anticelulite, sem ação
fotoprotetora da pele e com finalidade exclusiva de hidratação e/ou
refrescância).
15 Creme, loção, gel e óleo para os pés (com finalidade
exclusiva de hidratação e/ou refrescância).
16 Delineador para lábios, olhos e sobrancelhas.
17 Demaquilante.
18 Dentifrício (exceto os com flúor, os com ação antiplaca,
anticárie, antitártaro, com indicação para dentes sensíveis e os cla
readores químicos).
19 Depilatório mecânico/epilatório.
20 Desodorante axilar (exceto os com ação antitranspiran te).
21 Desodorante colônia.
22 Desodorante corporal (exceto desodorante íntimo).
23 Desodorante pédico (exceto os com ação antitranspirante).
24 Enxaguatório bucal aromatizante (exceto os com flúor,
ação anti-séptica e antiplaca).
25 Esmalte, verniz, brilho para unhas.
26 Fitas para remoção mecânica de impureza da pele.
27 Fortalecedor de unhas.
28 Kajal.
29 Lápis para lábios, olhos e sobrancelhas.
30 Lenço umedecido (exceto os com ação anti-séptica e/ou
outros benefícios específicos que justifiquem a comprovação prévia).
31 Loção tônica facial (exceto para pele acneica).
32 Máscara para cílios.
33 Máscara corporal (com finalidade exclusiva de limpeza
e/ou hidratação).
34 Máscara facial (exceto para pele acneica, peeling químico
e/ou outros benefícios específicos que justifiquem a comprovação
prévia).
35 Modelador/fixador para sombrancelhas.
36 Neutralizante para permanente e alisante.
37 Pó facial (sem finalidade fotoprotetora).
38 Produtos para banho/imersão: sais, óleos, cápsulas ge-
latinosas e banho de espuma.
39 Produtos para barbear (exceto os com ação anti-sépti-
ca).
40 Produtos para fixar, modelar e/ou embelezar os cabelos:
fixadores, laquês, reparadores de pontas, óleo capilar, brilhantinas,
mousses, cremes e géis para modelar e assentar os cabelos, restaurador
capilar, máscara capilar e umidificador capilar.
41 Produtos para pré-barbear (exceto os com ação anti-sép-
tica).
42 Produtos pós-barbear (exceto os com ação anti-séptica).
43 Protetor labial sem fotoprotetor.
44 Removedor de esmalte.
45 Sabonete abrasivo/esfoliante mecânico (exceto os com
ação anti-séptica ou esfoliante químico).
46 Sabonete facial e/ou corporal (exceto os com ação antiséptica
ou esfoliante químico).
47 Sabonete desodorante (exceto os com ação anti-séptica).
48 Secante de esmalte.
49 Sombra para as pálpebras.
50 Talco/pó (exceto os com ação anti-séptica).
51 Xampu (exceto os com ação antiqueda, anticaspa e/ou
outros benefícios específicos que justifiquem a comprovação prévia).
52 Xampu condicionador (exceto os com ação antiqueda,
anticaspa e/ou outros benefícios es
pecíficos que justifiquem comprovação
prévia).
3. Observação: As exceções mencionadas no item “I) LISTA
DE TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU 1” caracterizam os produtos
de Grau 2.

II) LISTA DE TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU 2
1 Água oxigenada 10 a 40 volumes (incluídas as cremosas
exceto os produtos de uso medicinal).
2 Antitranspirante axilar.
3 Antitranspirante pédico.
4 Ativador/ acelerador de bronzeado.
5 Batom labial e brilho labial infantil.
6 Bloqueador Solar/anti-solar.
7 Blush/ rouge infantil.
8 Bronzeador.
9 Bronzeador simulatório.
10 Clareador da pele.
11 Clareador para as unhas químico.
12 Clareador para cabelos e pêlos do corpo.
13 Colônia infantil.
14 Condicionador anticaspa/antiqueda.
15 Condicionador infantil.
16 Dentifrício anticárie.
17 Dentifrício antiplaca.
18 Dentifrício antitártaro.
19 Dentifrício clareador/ clareador dental químico.
20 Dentrifrício para dentes sensíveis.
21 Dentifrício infantil.
22 Depilatório químico.
23 Descolorante capilar.
24 Desodorante antitranspirante axilar.
25 Desodorante antitranspirante pédico.
26 Desodorante de uso íntimo.
27 Enxaguatório bucal antiplaca.
28 Enxaguatório bucal anti-séptico.
29 Enxaguatório bucal infantil.
30 Enxaguatório capilar anticaspa/antiqueda.
31 Enxaguatório capilar infantil.
32 Enxaguatório capilar colorante / tonalizante.
33 Esfoliante "peeling" químico.
34 Esmalte para unhas infantil.
35 Fixador de cabelo infantil.
36 Lenços Umedecidos para Higiene infantil.
37 Maquiagem com fotoprotetor.
38 Produto de limpeza/ higienização infantil.
39 Produto para alisar e/ ou tingir os cabelos.
40 Produto para área dos olhos (exceto os de maquiagem
e/ou ação hidratante e/ou demaquilante).
41 Produto para evitar roer unhas.
42 Produto para ondular os cabelos.
43 Produto para pele acneica.
44 Produto para rugas.
45 Produto protetor da pele infantil.
46 Protetor labial com fotoprotetor.
47 Protetor solar.
48 Protetor solar infantil.
49 Removedor de cutícula.
50 Removedor de mancha de nicotina químico.
51 Repelente de insetos.
52 Sabonete anti-séptico.
53 Sabonete infantil.
54 Sabonete de uso íntimo.
55 Talco/amido infantil.
56 Talco/pó anti-séptico.
57 Tintura capilar temporária/progressiva/permanente.
58 Tônico/loção Capilar.
59 Xampu anticaspa/antiqueda.
60 Xampu colorante.
61 Xampu condicionador anticaspa/antiqueda.
62 Xampu condicionador infantil.
63 Xampu infantil.
( Resolução RDC nº211 de 14 de Julho de 2005)

Muitos fabricantes consideram produtos de grau 2 como dermocosméticos. Na verdade este termo não tem nenhuma significância para fins regulatórios.
De qualquer maneira, o maior fiscal da sua saúde é você próprio. Os testes obrigatórios são realizados durante curto período de tempo, cerca dois ou três meses, mas você usa produtos cosméticos diariamente e durante toda a sua vida.
Nunca, em nenhum tempo, nós usamos tantos produtos tantas vezes ao dia.
Testes de longa duração e observações de longo prazo não foram considerados ou realizados pela indústria cosmética.


NA: Este texto é parte do livro "Mamãe Passou Açúcar em Mim", copyright e todos os direitos garantidos para Sandra M. Goraieb, 2006. Para reproduções, favor entrar em contato com a autora.

domingo, 6 de julho de 2008

Stunt mans no Globo Esporte

Enquanto escrevo vejo no Globo Esporte uma série de "stunt mans", ou seja, dublês de corpo.
Me desculpem, são todos profissionais de altíssimo nível e especialização. Não vai para eles a crítica, mas confesso que me incomodou a matéria.
Tenho muitos sobrinhos adolescentes e certas imagens excitam a imaginação.
Vejo um dos dublês que se joga de 20 metros de um paredão de pedra, vejo outro que cai de cavalos em movimento, outro que rola de uma escadaria... tudo muito técnico. Mas na cabeça da molecada vendo isso fica a idéia de que seria uma coisa legal fazer também. O comentário: "-Eu também sei rolar de escada, hahaha".
Talvez porque tenha cuidado de tantos politraumatizados, inclusive gente que se machucou gravemente caindo de cavalo com sequelas definitivas, achei que faltou na matéria uma advertência.
Então, já que não foi dito, digo eu: estas coisas são para PROFISSIONAIS, não é para qualquer um não.
É necessário técnica e muito treino. Não é para copiar. Não é para se jogar de alturas em cima de caixas de papelão vazias. Não é para se jogar de veículos em movimento, independente da tração.

Conselho da titia: se você quiser se tornar um dublê, existem escolas especializadas. Não vá fazendo o que foi visto na matéria de qualquer jeito, só pra provar que você consegue.

sábado, 5 de julho de 2008

Tinturas e câncer de bexiga

Embora ainda seja um tema controverso, dois recentes artigos associam a exposição a tintas e o aumento da incidência de tumores de bexiga.
Os dois estudos foram conduzidos em áreas bem diferentes do planeta, um na Alemanha e outro na Nova Zelândia. São observações epidemiológicas interessando grupos profissionais específicos como cabelereiros e pintores.
Em ambos os estudos, os autores encontraram significativa associação linear entre a exposição e a frequência aumentada para este tipo de tumor.

Para saber mais:

Golka K, Heitmann P, Gieseler F, Hodzic J, Masche N, Bolt HM, Geller F. Elevated bladder cancer risk due to colorants--a statewide case-control study in north Rhine-Westphalia, Germany. J Toxicol Environ Health A. 2008;71(13-14):851-5.

Dryson E, 't Mannetje A, Walls C, McLean D, McKenzie F, Maule M, Cheng S, Cunningham C, Kromhout H, Boffetta P, Blair A, Pearce N. Case-control study of high risk occupations for bladder cancer in New Zealand. Int J Cancer. 2008 Mar 15;122(6):1340-6.

Antonello Venditti!! Roma sei splendida.....

Perché mi manchi, con tutto quello che sei: grandiosa, difficile, capricciosa, capocciona...Splendida Roma. Ti mando un bacio col cuore.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Ingrid Betancourt está LIVRE!

Meses atrás postei sobre Ingrid Betancourt. Fico feliz com o bom resultado, com sua liberdade e lhe desejo sorte. Que ela possa superar junto a quem lhe ama o difícil período de readaptação.
Força, Ingrid! Muita gente no mundo todo torce por você.

"Sleep through the static"

Bem, o cara era surfista. Agora é músico. O rei do "mellow".
Vive no Hawaii, nada mal.
Jack Johnson, no entanto está fazendo mais. No seu álbum, cujo título é o do post, faz um trabalho bem interessante de preservação ambiental.
Toda a registração foi feita com energia solar. O cara é engajado em campanhas de educação ambiental e motiva as platéias para serem mais conscientes.
Validíssimo, em especial para a moçada.
E o som?
É "cool". Como o dos álbuns anteriores.
Coisa para quem quer um pouco de tranquilidade e uma certa inocência, uma baladinha básica no meio do trânsito, desejando a praia e o balanço da rede, pés descalços e um pouco da juventude perdida,...
Mesmo para quem nunca sonhou o Hawaii.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Jack Johnson

A ilha de plástico e o efeito boomerang


Você sabia que no Oceano Pacífico existe uma "ilha de plástico" quase do tamanho de dois Estados Unidos?

O oceanógrafo que a descobriu, Charles Moore, calcula cerca de 100 milhões de toneladas de resíduos de plástico flutuando a cerca de 500 milhas nauticas da costa da Califórnia.

Na verdade, não é uma ilha como a gente imagina, sólida, que se possa caminhar, é como uma sopa de plástico. Está situada dos dois lados das ilhas Hawaii, em duas regiões onde as correntes marinhas carregam estes resíduos, conhecidas como a North Pacific Gyre, a Lixeira do Grande Pacífico, ou o vórtice do lixo, e continua a aumentar, podendo até dobrar de tamanho na próxima década.

Cerca um quinto do lixo, que inclui de tudo, desde bolas de futebol, brinquedos até kaiaks e sacolinhas de plástico, vem de navios, o resto vem da terra firme. Pense que cada objeto de plástico que caiu no mar nos últimos 50 anos PERMANECE LÁ, EM ALGUM LUGAR.

Acredita-se que o plástico seja cerca de 90% de todo o lixo flutuante nos oceanos e constitui a causa mortis de mais de um milhão de pássaros marinhos e cerca de 100.000 mamíferos marinhos. E se encontra de tudo nos estômagos destes animais, seringas, escovas de dentes, isqueiros, copinhos de plástico e garrafas PET.

Esta massa de plástico circulante é um risco também para humanos pois a fragmentação em pequenos pedaços libera os nossos já conhecidos contaminantes que acabam por entrar na cadeia alimentar e fazer parte de nosso jantar, e consequentemente de nós também.

Este tema foi tratado pelo "The Independent" ( de onde provém a imagem, http://www.independent.co.uk/environment/the-worlds-rubbish-dump-a-garbage-tip-that-stretches-from-hawaii-to-japan-778016.html) e pela RAI em reportagem recente.


Mas não pensem que estas áreas se limitam somente ao oceno Pacífico. Todos os mares do mundo possuem áreas de vórtice, onde as correntes giram sobre elas mesmas e levam a uma estagnação dos materiais. Inclusive o Oceano Atlântico.