terça-feira, 30 de março de 2010

Enquanto isso, no CERN...

As primeiras colisões de partículas com uma energia nunca antes atingida artificialmente aconteceram no superacelerador do CERN. Com uma energia de 7.000 bilhões de eletrovolts (7TeV) os protons se chocaram viajando a uma velocidade próxima à da luz dentro do LHC.
Realmente entusiasmante, mesmo para "amadores" de conceitos astrofísicos.
E digo conceitos, pois quando a coisa se torna séria, eu, como a maioria, me transformo em astronauta (boiando no espaço), hahahaha

terça-feira, 23 de março de 2010

Você é o que você come, ou quase...

Um estudo realizado no Departmento de Saúde Ambiental da Escola de Saúde Pública da Universidade Nacional de Seul na Coreia do Sul nos faz pensar na importância da dieta nas concentrações de contaminantes e consequentemente na "carga" corporal destes agentes.
O objetivo do estudo foi entender qual a influência de uma mudança dietética nos níveis de exposição de vários contaminantes ambientais, em particular antibióticos e ftalatos em uma população adulta.
Para isto eles recrutaram 25 participantes para um período de 5 dias de permanência em um templo budista, coletando amostras antes e depois deste período. Durante a estadia os participantes seguiram as rotinas diárias dos monjes e mantiveram uma dieta vegetariana. Estas amostras foram então analisadas para os principais metabólitos inclusive para 4 ftalatos mais importantes e para o malondialdeído (MDA) como um biomarcador de estresse oxidativo.
A frequência e os níveis de detecção de antibióticos e ftalatos diminuiram sensivelmente durante o programa.
O MDA urinário foi significativamente menor que antes da participação ao programa
(0.16 contra 0.27mg/g creatinina).
Este estudo sugere que mesmo mudanças de curta duração na dieta podem alterar significativamente a exposição inadvertida a agentes tóxicos diminuindo o estresse oxidativo.

Sem dúvida é algo para ser levado em consideração.

Para saber mais:
Ji K, Lim Kho Y, Park Y, Choi K.
Influence of a five-day vegetarian diet on urinary levels of antibiotics and phthalate metabolites: A pilot study with "Temple Stay" participants.
Environ Res. 2010 Mar 11.

Um link necessário sobre H1N1

Como os leitores sabem, este blog trata de risco.
O bom senso diz que quando o benefício suplanta o risco abundantemente, este risco se justifica.
Sei que muitas pessoas estão receosas sobre a vacinação.
Aqui trago um post que considero válido para que as pessoas o acessem, leiam com atenção e possam decidir com clareza e sem preconceito:

http://scienceblogs.com.br/eccemedicus/2010/03/e_tome_vacina.php

Uma vez informados, cada um pode decidir o que acha mais conveniente para si, de forma responsável.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Uma criança a cada 20 segundos!


Hoje é o dia da água!
No mundo são 1,8 milhões de crianças abaixo dos 5 anos que morrem a cada ano por doenças ligadas à qualidade da água. Uma criança a cada 20 segundos!
Este dado chocante nos chega através de um relatório da UNEP, programa das Nações Unidas para o ambiente.
Metade dos leitos hospitalares ocupados no mundo são para doentes cuja patologia está relacionada à agua contaminada.
Dos 2,2 milhões de doentes morrem a cada ano por diarréia dos quais 90% são devidos a água contaminada ou escarsa higiene.
Novecentos milhões de pessoas não têm acesso à agua potável e destas 2,6 milhões não têm a possibilidade de garantir-se uma higiene mínima.
Morre mais gente por não dispor de uma fonte de água segura do que por guerras e todas as formas de violência juntas.
A água, elemento tão basilar para a vida na Terra será escarsa para 30% da população até 2030.
Novos elementos contaminantes vêm sendo descobertos na água e não são eliminados com os sistemas convencionais de tratamento. Todos os dias são despejados 2 milhões de toneladas de liquame e outros poluentes na água.

Hoje é o dia mundial da água.
Dia para informar-se, repensar consumos inúteis, poupar as fontes.
Com seriedade e compromisso.

Para saber mais:http://www.unep.org/

sexta-feira, 12 de março de 2010

Não será em dezembro de 2012

Gosto de assistir o History Channel. Desde que vivia na Italia. Mas recentemente a coisa se tornou um pouco triste. Se fala só apocalipse, Nostradamus e profetas do fim do mundo.
Para dar uma alegria ao programador vou dizer a ele que o Universo vai acabar muito antes do previsto. Daqui a sete bilhões de anos. Uau! A taxa de entropia do Universo é 30 vezes maior do que se supunha! Chas Egan e Charley Lineweaver, da Australian National University, calcularam a medida da entropia, ou quanto o Universo possa ser próximo ao caos, baseando-se em todos os objetos celestes, das estrelas à radiação de fundo e chegaram a esta conclusão: já se foram 3/4 da vida do Universo. Resta aproveitar o último, hehehe...

Para saber mais sobre muitas coisas, inclusive esta: http://www.sciencedaily.com/

Dia mundial contra a Cyber censura

Hoje falaremos de censura.
Em particular modo aos muitos países e governos que tentam e fazem censura na web.
A questão é bem espinhosa, em especial em plagas nossas onde o fantasma da censura ronda não só os cemitérios da antiga ditadura, mas também o futuro de uma nova.
A web possui muitos defeitos, muitas armadilhas, mas ao mesmo tempo é uma importante arma de denúncia na mão do cidadão comum. Não precisa estar em um grande jornal, em uma revista de circulação nacional, para condividir idéias e opiniões e para relatar o que se passa ao nosso redor. Você não precisa ser "estrela" para se fazer ouvir.
E é aí que entra a importância desta mídia e o interesse de tantos de controlá-la.
O que se segue abaixo é um resumo do artigo do jornal "Il Messaggero" cujo título é "Repórteres sem fronteiras".

No mundo foram sessenta países em 2009 que reforçaram a censura na rede.
Neste ano serão ainda mais.
Os maiores censores são aqueles já conhecidos: Birmânia, Turkmenistão, Coreia do Norte, Cuba, China, Vietnam ,Arabia Saudita, Síria, Tunísia, Egito, Iran , Usbequistão.
Os três primeiros da lista podem dar-se ao direito de cortar completamente a rede com a desculpa de "falta de infra-estrutura".
A Arábia Saudita e o Usbequistão filtram os dados e estimulam a "auto-censura".
China, Vietnam, Egito e Tunisia usam a rede para fins econômicos, mas controlam o uso social e político. China e Tunisia são particularmente eficazes no controle das críticas.
Turquia e Rússia entram na lista dos países em vigilância, com ameaça de prisão e processos contra blogueiros e bloqueio dos sites "extremistas". A propaganda do regime é cada vez mais presente na rede. Na Turquia os assuntos tabú são: governo, exército, as minorias curdas e armênias, e a dignidade nacional, coisa que pode ser interpretada dos modos mais versáteis e punidas com processos judiciais.
Existem no mundo 120 prisioneiros encarcerados por terem ousado exprimer-se livremente na rede, sendo 72 deles na China, seguidos pelo Vietnam e pelo Iran.
No Azerbaijão, dois blogueiros, Adnan Hadjizade e Emin Milli, que denunciaram corrupção das autoridades e fizeram um vídeo-sátira no You Tube estão na cadeia, no Yemen são 4 jornalistas, no Marrocos o proprietário de um cybercafé e um blogger estão presos por terem comentado a repressão em uma manifestação.
Nos países ditos ocidentais a coisa também ocorre em nome da luta contra a porno-pedofilia e furto da propriedade intelectual leis e decretos de "filtragem" existem ou estão em estudo em países como a Australia, o Reino Unido, a Italia e a França.

No site dos Repórteres sem fronteiras a história da censura contra o Estado de São Paulo pelo filho de um ex-presidente ilustra a página do Brasil.

Não sou nem nunca fui jornalista. Muitas vezes não fui retratada com a fidelidade e com a transparência que gostaria, mas pelo menos pude ter direito à replica. Pude dizer que o veículo tal e o jornalista tal não haviam dito o meu pensamento ou haviam manipulado o texto para outra direção.
Posso dizer o que penso (obviamente desde que documentada). Isto é um direito ao qual não devemos abrir mão nunca.
Temos ouvido de recente tentativas bem óbvias de retorno à censura neste país. Seria uma pena, um retrocesso. Espero sinceramente que isto não ocorra, mesmo disfarçada de "direitos humanos".
A livre expressão dos pensamentos e ideias é o verdadeiro metro de uma sociedade civilizada. Mesmo que não sejamos de acordo com eles.
E antes que me entendam mal, não sou a favor da pedofilia nem do furto intelectual, sou a favor da liberdade de expressão e de denúncia.

Para saber mais: Repórteres sem fronteiras (em francês) http://www.rsf.org/

quinta-feira, 11 de março de 2010

Irresponsabilidade médica e o risco desnecessário

Ontem, ao fim da novela "Viver a Vida", um comentário de uma mulher chamada Patrícia me chamou a atenção. Ela dizia que fez uma cirurgia bariátrica (de redução de estômago) e teve uma séria complicação que a deixou em coma e resultou muitas cicatrizes e discorre sobre a superação do problema da auto-imagem débil.
Na verdade a parte mais significativa para mim do seu depoimento foi que ela havia procurado dois bons profissionais que haviam se recusado a fazer o procedimento, por ela não ter indicação para isto. Ela não era obesa mórbida.
Estava acima do peso e por uma disfunção tireoidea não conseguia atingir o peso-forma que havia pré-estabelecido para si própria. Como a paciente havia uma exigência de uma imagem compatível com seu passado de modelo (sic), ela insistiu.
Então procurou um terceiro médico, que aceitou fazer o procedimento que resultou em todas as complicações já ditas. Mesmo sem indicação.
Aqui ficou bem claro que houve um deslize. A coisa era grande, resultou em uma complicação evidente.
Mas o mesmo acontece quando as pessoas vão ao consultório e exigem com prepotência antibióticos para tratar seu resfriado. Ou se decepcionam quando o médico diz que elas não têm necessidade de nenhum medicamento, mas dieta e exercício, bom sono, abandonar um hábito nocivo, ou seja: simplesmente disciplina e higiene.
Na faculdade de Medicina se aprende que todo o procedimento médico implica em riscos. Alguns maiores, outros menores. Todo o procedimento médico possui uma indicação e contra-indicações.
Em qualquer circunstância, o benefício obtido pelo ato médico deve suplantar abundantemente o risco, ou ele é inútil, fútil, irresponsável, torna-se iatrogênico. Não cura doença, a cria.
Isto se aplica a toda a prática médica. Desde uma delicada cirurgia até um aparentemente inocente comprimido de aspirina.
Ali, no depoimento, o risco foi superior ao benefício, e aconteceu. De risco se tornou fato.
Já tive na UTI histórias similares em nome de um excesso de "beleza", mas não só. Histórias de irresponsabilidade de ambas as partes e que acabam perpetuadas a cada vez que um profissional diz sim quando deveria dizer não.

Você que é paciente, reflita. Você que é médico também.


Para assistir o depoimento:http://especial.viveravida.globo.com/portal-da-superacao/2010/03/10/patricia-hall-versao-estendida/

terça-feira, 9 de março de 2010

O sexto gosto

Os sentidos são a nossa comunicação com o mundo que nos cerca.
Na Australia, cientistas acabam de descobrir o sexto sabor: gordura!
Até então sabíamos de cinco sabores primordiais: amargo, doce, salgado, azedo e umami.
O interessante é que pessoas sensíveis ao sabor da gordura tendem a comer menos o que leva a índices de massa corpórea menor. Esta descoberta pode abrir uma nova fronteira no combate à obesidade.
Os cientistas da Deakin University, liderados pelo Dr Russell Keast descobriram que os humanos podem identificar o sabor da gordura mais por sua composição química que por sua textura.
O grupo estudou diversas amostras de ácidos graxos encontrados em alimentos comuns misturados em leite desnatado. Todos os 33 indivíduos estudados foram capazes de detectar o sabor da gordura de certa forma.
Assim como nos demais sabores, o grau de sensibilidade dos indivíduos pode variar de indivíduo para indivíduo.
As pessoas que são mais sensíveis ao sabor grasso, podem sentir concentrações muito pequenas de gordura e assim acabam ingerindo uma menor quantidade delas. Segundo o Dr. Keast, parece que estes indivíduos possuem um mecanismo que limita a ingesta, fazendo com que a pessoa sensível pare de comer, o inverso acontece com os insensíveis levando ao sobrepeso e à obesidade.
O grupo agora deverá interessar-se do porque algumas pessoas são sensíveis e outras não. Vamos aguardar as pesquisas.

http://www.deakin.edu.au/
http://www.deakin.edu.au/hmnbs/ens/staff/index.php?username=russellk


Stewart JE, Feinle-Bisset C, Golding M, Delahunty C, Clifton PM, Keast RS.
Oral sensitivity to fatty acids, food consumption and BMI in human subjects.
Br J Nutr. 2010 Mar 3:1-8.