O que é sintético e o que é natural? Você sabe?
Existe ainda muita confusão.
Por definição, uma substância que é formulada ou manufaturada por processo químico ou a alteração química de uma substância extraída de uma fonte natural (animal, vegetal ou mineral) se denomina sintética. Excluem-se desta categoria as substâncias criadas naturalmente por processos biológicos.
Em contra partida uma substância que seja derivada de fonte animal, vegetal ou mineral que não passa por processamento químico, dito de síntese, se denomina não sintética ou natural.
Gostaria de fazer um parêntese sobre produtos ditos naturais. Muitas empresas usam o apelo natural como sinônimo de segurança. Estejam atentos, pois nem sempre o que é natural é seguro.
A natureza é cheia de venenos (podendo ser inclusive orgânicos). Se vocês tiverem oportunidade de conhecer alguém que tenha vivido no campo, pergunte. Ser natural não garante nada. O importante é ser seguro. Na Itália, onde vivi por muitos anos, existe uma planta muito popular, o Oleandro. Facilmente encontrada em jardins, praças e canteiros centrais de estradas e avenidas. Floresce na primavera e no verão com flores em pencas de cores variadas como o rosa, o branco e o creme. São lindíssimas plantas. São venenosíssimas. Os princípios ativos, a oleandrina e a neriantina estão presentes seja nas flores que nas folhas. Natural, linda e fatal. Assim como a digitalis, a verbena, a mamona, a “comigo ninguém pode”, o joá, a giesta, a mandioca brava, entre tantas.
Cuidado com plantas e matérias primas que vocês não conheçam as propriedades. Isso é especialmente válido para fórmulas caseiras.
Substâncias sintéticas, em teoria, não são consentidas em produtos certificados como orgânicos, mas no Brasil ainda não existe uma legislação específica junto ao Ministério da Saúde para regulamentar o uso do termo orgânico no que concerne aos cosméticos. Fique alerta: em muitos produtos aparentemente orgânicos existem distorções. Muitas vezes somente alguns componentes da formulação são orgânicos e a presença de selos de certificação dos ingredientes no rótulo faz supor que o produto como um todo é orgânico. É como dizer: “feito de chuchu orgânico”, mesmo que o percentual de chuchu seja mínimo, porém colocando todos os selos do chuchu no rótulo. Pode ser até verdade que o chuchu da fórmula seja orgânico, mas não necessariamente esta qualidade se estende ao produto.
Outra fonte de erro é que algumas empresas utilizam o nome “orgânico” para um produto onde na verdade somente poucos ingredientes em proporções discretas (ou até nenhum) o são realmente. O consumidor que compra o xampu “Berinjela Orgânica” acha que o dito é orgânico, mesmo sem berinjela nele, talvez porque o fabricante, ou o setor de marketing da empresa achou que a linda cor berinjela do xampu merecesse dar este nome ao produto e a única coisa orgânica da fórmula seja a água. Talvez até pudesse ter tido o nome “Berinjela Explosiva Fluorescente”, “Berinjela Disco” (coisa antiga!), “Berinjela Ácida”, mas como orgânico está na moda, vamos pelo orgânico. Às vezes o termo “orgânico”, “natural”, ou similar está presente até no nome das empresas que não necessariamente tenham alguma coisa a ver com orgânicos de modo geral.
Estejam atentos também para formulações “espertas” que colocam a água entre os ingredientes naturais. Só isso já confere às fórmulas uma boa percentual de “naturalidade”. E acabam sendo vendidas com este apelo “natural”, tão de moda. Inclusive um importante selo certificador considera a água como ingrediente orgânico.
Mesmo assim, quando optar por um produto qualquer desta categoria, procure por aqueles que possuam certificação, principalmente aqueles que garantam que os ingredientes provêm de fontes sustentáveis e que respeitem o equilíbrio do meio ambiente onde são obtidos. Isto vale em especial para ativos da flora amazônica.
Outra coisa: atenção para a frase “100% natural”. Na realidade ela não possui nenhum significado. Tudo o que existe é de certa forma proveniente da Natureza. Portanto, leia bem o rótulo e fique esperto. Recentemente estive em uma loja de produtos de higiene pessoal e cosméticos bastante famosa. A matriz francesa vende a imagem de empresa que utiliza ativos e óleos essenciais naturais, que resgata antigas tradições regionais. O ambiente é bem cuidado, as embalagens um tanto rústicas remetem ao campo e a coisas genuínas e originais. As fragrâncias são agradáveis. Ao analisar um desodorante observei que a fórmula continha alumínio. Fiz um comentário sobre isso e a vendedora me respondeu textualmente: “- Ah, sim, mas este alumínio é mais natural do que os outros”. A frase se comenta sozinha.
(este texto é parte integrante do livro "Mamãe Passou Açúcar em Mim" por S. Goraieb e é protegido por leis de copyright).
Um comentário:
ai, sandra, eu estou na página 60, acho, do livro.
cada dia, minha lista de "não comprar" e "não fazer" está maior.
estou tão decepcionada com as minhas ex-marcas favoritas........
beijo e obrigada por toda a informação que você oferece.
Postar um comentário