sábado, 18 de outubro de 2008

Dia do Médico, violência, Eloá e um livro

Desculpem meu desabafo. Tenho visto muitas coisas nestes últimos dias. Me incomodam.
Hoje é dia do médico. Deixo meus sinceros parabéns para todos os colegas que nunca traíram o seu juramento ao longo de suas vidas profissionais. Percebo muitas dificuldades no exercício da profissão, mas também vejo dentro dela ainda muita gente boa, séria e digna, que faz imensos sacrifícios por ela.

Me lembro que logo depois de formada me queixei uma vez a um amigo, também médico, de uma rotina absurda de plantões. Sua resposta foi: "ninguém te obrigou a jurar". Me serviu de lição. Eu fazia este trabalho porque escolhi fazê-lo. ESCOLHI, ninguém me obrigou. Então tudo aquilo que vinha com ele estava implícito, inclusive os plantões massacrantes, as ausências constantes, a pouca ou nenhuma vida social e pessoal, o eterno estudar, as remunerações nem sempre satisfatórias, as responsabilidades, os dilemas.
Outras categorias poderiam também levar isto em consideração quando estão exercitando um trabalho difícil. Digo isto depois de ter visto na TV a "guerra" entre policiais. Não significa que as pessoas não possam e nem devam pleitear melhores condições de trabalho e remuneração. Significa que os métodos não são os corretos. Significa que quando se optou por aquela carreira, sabia-se perfeitamente das responsabilidades e dos limites que ela impõe. Se você quer ser policial, deve assumir todas as facetas da sua carreira, principalmente seus limites.

Acho curioso que muitos meios na mídia citem a moça chamada Eloá, não usando o seu nome, mas como a "ex-namorada" do fulano de tal, o sequestrador, como se o importante fosse ele, o bandido, e não ela, a vítima. Me recuso a dar importância a este sujeito. Ouvi nestes dias muitas bobagens, entre elas, que este era um ato de amor, um seuqestro por amor. AMOR? Mas será que estas pessoas sabem o que é amor? Amor não ameaça, não constringe, não violenta. Amor é generoso. O nome disso que eu vi é RAIVA. Este foi um ato de raiva, de ódio. Ódio não é amor, nunca foi.
Achei incrível quando as pessoas diziam: o moço é um amor, um modelo, um "fofo", trabalhador e tal e coisa, só que de vez em quando tem uns acessos de violência... De vez em quando... Foram duas tentativas de homicídio, sequestro, cárcere privado, tentativa de lesão corporal e intimidação... mas é só de vez em quando.
Sinceramente deveríamos repensar os nossos valores e os caminhos que nossa sociedade civil está tomando onde todos os direitos humanos são dos agressores e nenhum direito humano é das vítimas. Humano está se tornando sinônimo de violento, de agressor.
Enquanto isto Eloá corre risco de vida, ou na melhor hipótese, uma vida com grave sequelas neurológicas...e seu agressor está vivinho, sem um arranhão, em poucos anos estará por aí, livre de novo, para quem sabe, de vez em quando, ter mais um ímpeto de violência.

No meio disto tudo recebo e-mail da Dr.a Vera Rogiers, de Bruxelas comunicando sobre seu livro que acaba de ser lançado sobre segurança em cosméticos na UE. O título é: "Safety Assessment of Cosmetics in the EU", publicado pela S. Karger. Está disponível na Amazon para encomendas. Já havia pedido o meu e depois comentarei as novidades. Tem uma parte só sobre testes sem o uso de animais, o que é uma promessa boa para o futuro.

Bom final de semana a todos vocês. Me perdoem a acidez, até uma ponta de tristeza, mas certas coisas me causam uma grande perplexidade.

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