Um mito muito difuso entre nós é que para limpar é necessário fazer espuma. Tanta espuma. Isso não é verdade. Espuma em grande quantidade significa excesso de tensoativo, que vai escorrer pelo seu ralo e ir parar em rios e mares contaminando a cadeia alimentar e o meio ambiente. Nem todos os tensoativos são biodegradáveis. Pense duas vezes, pense melhor e entenda melhor.
Quem é que faz a espuma? O que são surfactantes?
Surfactantes ou tensoativos são compostos orgânicos que contém um segmento lipossolúvel e um segmento hidrossolúvel. Esta solubilidade parcial tanto em água como em óleo permite ao surfactante de ocupar a interfase água/óleo. Para tornar o conceito mais simples, eles tornam uma gordura solúvel em água.
Existem várias categorias de surfactantes: agentes de limpeza, emulsificantes, potencializadores de espuma, agentes hidrótropos (afins à água), solubilizadores e agentes de suspensão. Consequentemente eles têm uma ampla aplicação. Estes agentes tensoativos são ainda classificados de acordo com o fato de se ionizarem ou não em uma solução, podendo então ser classificados em aniônicos, catiônicos, não iônicos e anfóteros.
Os surfactantes aniônicos, ou seja, aqueles que carregam uma carga negativa, possuem ótimas propriedades de remoção de sujeira e manchas e são largamente utilizados nos detergentes para casa e nos sabões e sabonetes.
Sabões para remoção da sujeira graxa têm sido relatados desde o ano 3000 aC. Antes de 1950 os detergentes e xampus eram principalmente constituídos de ácidos graxos de sais de amônio ou potássio. Estes sabões tinham uma boa performance espumógena em águas moles (como as da maioria das localidades brasileiras), mas ruins em águas calcáreas, ditas águas duras, comuns em países do hemisfério norte. Desde então vários surfactantes sintéticos foram desenvolvidos especialmente para que pudessem ter uma adequada solubilidade em águas duras. Os surfactantes aniônicos sintéticos mais freqüentes são os alquil sulfatos e os alquil éter sulfatos.
Os surfactantes não iônicos não possuem carga elétrica. Por serem resistentes á água dura e dissolverem-se em óleo e graxa, são utilizados para limpar fornos. Eles são superiores aos aniônicos, porém apresentam baixa capacidade espumógena. Alcanol amidas e alquil amino óxidos são mais usados como potencializadores e estabilizadores de espuma, sendo mais delicados para a pele.
Surfactantes catiônicos possuem carga positiva. São primariamente derivados da amônia, antiestáticos e sanitizadores. São usados como redutores de atrito em condicionadores e amaciantes.
Os surfactantes anfóteros podem apresentar carga negativa ou positiva dependendo da atividade ou alcalinidade da água. São usados em combinação com surfactantes aniônicos e não iônicos para obter uma maior delicadeza na formulação em xampus e loções. O típico representante desta categoria é o N-acil amidopropil betaína.
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Este texto foi extraído do livro "Mamãe passou açúcar em mim", 2006. Todos os direitos reservados para Sandra M. Goraieb. Para reproduções, consultem a autora.
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