Para que uma substância tenha algum efeito sobre uma determinada população (pessoas, animais, vegetais,...) é importante que esta substância seja capaz de permear as barreiras de proteção desta forma de vida.
Por este motivo o potencial de absorção e de retenção de uma substância possui uma significativa importância do ponto de vista de sua toxicidade. Quanto maior a absorção e quanto maior a capacidade de permanecer dentro do organismo, maior a chance de que seus efeitos possam ser observados.
Este preâmbulo diz respeito ao que vamos tratar hoje, que é a capacidade de absorver e de reter parabenos em nosso organismo.
Como dissemos anteriormente a família dos parabenos é usada como conservantes e agentes antimicrobianos em formulações cosméticas (e não só). É a família de compostos mais utilizadas para este fim, interessando cerca de 95% do mercado cosmético. Ela vem apresentada comumente nas formas butil, etil, propil, isobutil e metilparabeno. Você pode facilmente verificar, basta ler o rótulo dos produtos cosméticos que você tiver em casa ou na bolsa.
São substâncias eficazes, de custo moderado, porém possuem atividade de sensibilização e de interferência endócrina (estrogênica) considerável. As consequências desta atividade já foram discutidas anteriormente neste mesmo blog.
Assim, nos parece válido observar o quanto este potencial tóxico pode efetivamente ser relevante focando sobre a capacidade de absorção destas substâncias através da pele e sua retenção nos extratos cutâneos.
Segundo a literatura médica disponível¹,², a capacidade de penetração (absorção) dos parabenos depende mais de sua liposolubilidade que da formulação onde este conservante se encontra. Ou seja: quanto maior a liposolubilidade, menor a capacidade de penetração através da pele.
No caso específico, o potencial absortivo do metilparabeno é superior ao do etilparabeno que por sua vez é superior ao propil e ao butil.
Após 8 horas de contato com a pele, 60% do metilparabeno, 40% do etilparabeno e 20% do propilparabeno pode ser encontrado através da pele exposta. Já a retenção pela pele dependeria não apenas das características do parabeno, mas também da composição da emulsão onde o mesmo se encontra aplicado.
Observou-se também que mesmo após 36hs da exposição ainda era possível observar estes compostos nos extratos cutâneos.
Isto nos faz pensar nos efeitos cumulativos derivados desta retenção e confirma o potencial tóxico destes agentes.
Para saber mais:
1) S. Pedersen, F. Marra, S. Nicoli, P. Santi (2007) In vitro skin permeation and retention of parabens from cosmetic formulations. International Journal of Cosmetic Science 29 (5) , 361–367
2) Sawsan El Hussein, Patrice Muret, Michel Berard, Safwat Makki, Philippe Humbert (2007) Assessment of principal parabens used in cosmetics after their passage through human epidermis-dermis layers (ex-vivo study). Experimental Dermatology 16 (10) , 830–836
Um comentário:
Acho muito legal as discussões que você têm aqui.
beijos
Postar um comentário