A literatura está cheia de artigos que garantem a eficácia do triclosan como antiséptico em dentifrícios. E assim as prateleiras estão cheias de dentifrícios contendo triclosan. Poderia dizer com boa probabilidade de acerto que o dentifrício que você usou hoje o continha.
Mas não só dentifrícios contém triclosan. Ele está presente com frequência em desodorantes e sabonetes, se pensamos em produtos cosméticos.
Então o que acontece com o tal triclosan? Bem, o triclosan é uma daquelas moléculas com atividade antibacteriana. Seu potencial de biodegradabilidade é muito baixo e seus resíduos na água não são removidos pelos sistemas usuais de filtragem.
Estes resíduos são capazes de causar contaminação ambiental suficiente para provocar toxicidade no ecossistema aquático de rios, estuários e costas, inclusive motivando discussões sobre normas regulatórias para este composto.
Triclosan demonstrou-se um agente com atividade endócrina.
O triclosan ativa o receptor da pregnana X, mecanismo responsável pela indução de enzimas responsáveis pelo metabolismo dos esteróides (e pela desintoxicação dos xenobióticos).
Além disto, ele demonstrou possuir atividade estrogênica e androgênica de multipla modulação.
Acontece que o triclosan é ubíquo e um dos poluentes mais comuns nos mananciais de água.
Muito mais do que os "12 problemas bucais" este é um problema realmente grande e ainda não resolvido.
OBS: Tenho muitos dentistas na família e todos eles afirmam em uníssono que é a ação mecânica o principal diferencial para remoção da placa bacteriana e não o dentifrício. Portanto, vale mais aprender a escovar os dentes de forma correta e usar somente uma quantidade pequena de dentifrício (tamanho de um grão de arroz).
Para saber mais:
1)Jacobs MN, Nolan GT, Hood SR. Lignans, bacteriocides and organochlorine compounds activate the human pregnane X receptor (PXR).
Toxicol Appl Pharmacol. 2005 Dec 1;209(2):123-33.
2)Gee RH, Charles A, Taylor N, Darbre PD.Oestrogenic and androgenic activity of triclosan in breast cancer cells. J Appl Toxicol. 2008 Jan;28(1):78-91.
3)Brain RA, Hanson ML, Solomon KR, Brooks BW. Aquatic plants exposed to pharmaceuticals: effects and risks. Rev Environ Contam Toxicol. 2008;192:67-115.
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