Eu sempre gostei de gatos.
Desde menina.
Sempre quis um daqueles gatinhos pretinhos que jogavam no quintal da minha avó e ela nunca me deixou nem chegar perto.
Um dia ganhei um gato da Regina. Nós eramos estudantes de medicina e ele foi um grande companheiro naqueles anos.
O gato, que era marrom de uma cor linda até tomar seu primeiro banho ao chegar em casa, se demonstrou na realidade cinza tigrado e recebeu o nome pomposo de Padang Mauna Kea. Nome de praia e sobrenome de vulcão. Mas, apesar do nome ele era incrívelmente manso, o contrário de sua irmã, que acabou na casa de um outro nosso colega.
Minha gata atual se chama Letizia. Ela foi abandonada aqui e nos adotou à primeira vista e lembra em muitos aspectos o Padang.
Mas é sobre o Oscar que vou lhes contar.
Oscar é um gato de Providence, Rhode Island. Vive em um hospício, que é o nome que se dá aos hospitais que dedicam-se ao suporte a pacientes terminais ou de longa degência, desde filhote.
No hospício de Oscar se tratam pacientes dementes em estado avançado.
Oscar visita os pacientes todos os dias. Cada um deles.
Entra em seus quartos, cheira o ar.
E como se sentisse aqueles que estão prestes a morrer, Oscar lhes concede sua companhia, sua presença e seu calor, deitando-se no leito ao lado do moribundo e ali permanecendo irremovível até que morra.
No Steere House Nursing and Rehabilitation Center de Providence existe uma placa dedicada a ele: "For his compassionate hospice care, this plaque is awarded to Oscar the Cat."
Talvez seria bom se alguns humanos pudessem desenvolver, não a capacidade de predizer a morte, mas pelo menos a capacidade de compaixão e suporte.
A história de Oscar foi contada no New England Journal of Medicine e em muitas outras mídias.
Rubem Alves também o citou em uma crônica na Folha de S. Paulo.
Para quem quiser ir conferir:http://content.nejm.org/cgi/content/full/357/4/328
Nenhum comentário:
Postar um comentário