terça-feira, 2 de setembro de 2008

Large Hadron Collider, física e riscos calculados.

Dia desses vi na TV européia uma matéria onde se apresentava o LHC (large Hadron Collider) e a próxima experiência da criação de um "mini-universo" no dia 10 de setembro (p.v.), como o evento científico mais esperado do século, capaz de revolucionar a física como a conhecemos e todos os conceitos até agora cimentados como "verdadeiros".
Sou uma entusiasta do progresso da ciência. Acho que é a única saída para as arapucas da sobrevivência e quanto maior o conhecimento, maior a possibilidade de acerto nas escolhas que obrigatoriamente fazemos ao longo de nossa tragetória como indivíduos. Porém o que me causou um certo desconforto foi o que veio em seguida, a parte menos "gracinha" da coisa: os riscos.
Eu deveria estar relativamente tranquila, visto que de certa forma é o que tratamos aqui na maioria do tempo, mas confesso que não me senti completamente confortável. Não sou física, menos ainda nuclear, assim meu limitado conhecimento me trouxe certa angústia. Mas qual seriam estes riscos derivados da maior experiência científica jamais realizada pelo ser humano?
"Nientepopòdimeno" que a possibilidade de um buraco negro estável com a possibilidade de englobar o sistema solar inteiro. Ou em outra hipótese ainda a criação de partículas de matéria estranhas (stranglets) que por uma reação em cadeia "contaminariam" a matéria conhecida.
Os especialistas, alguns proeminentes ganhadores de premios Nobel, dizem que a coisa é possível mas não provável. Garantem que os possíveis buracos negros oriundos da reação vão se evaporar através da radiação Hawking (se é que ela existe mesmo). A questão está justamente aí: não sabemos com certeza que ela exista, é uma suposição. Tudo bem calculadinho em modelos teóricos.

(do site do CERN)
"There are many theories as to what will result from these collisions, but what's for sure is that a brave new world of physics will emerge from the new accelerator, as knowledge in particle physics goes on to describe the workings of the Universe. For decades, the Standard Model of particle physics has served physicists well as a means of understanding the fundamental laws of Nature, but it does not tell the whole story. Only experimental data using the higher energies reached by the LHC can push knowledge forward, challenging those who seek confirmation of established knowledge, and those who dare to dream beyond the paradigm."

Segundo o CERN, os benefícios para o conhecimento podem ser imensos. E se vê isto nos cientistas envolvidos que parecem crianças à espera da festa.
No entanto, outros cientistas tentaram inclusive impedir judicialmente o experimento, por acreditarem que o risco existe e implicaria a aniquilação do planeta.
Mas a coisa está toda de pé e será no dia 10 deste mês, transmitido on line, em tempo real, para todo o planeta no site do CERN (European Organization for Nuclear Research).

Moral: aproveite estes 8 dias, viva bem, como se fossem os últimos (coisa que deveríamos fazer sempre, independente de aceleradores nucleares ou não). A Vida é efêmera e podem até ser mesmo, hehehe...
Quem viver, verá.

Para saber mais:

http://public.web.cern.ch/Public/en/LHC/LHC-en.html
http://public.web.cern.ch/Public/en/LHC/Safety-en.html
http://public.web.cern.ch/Public/Welcome.html
http://news.bbc.co.uk/1/hi/sci/tech/4035747.stm

Off Topic:
E para dar uma aliviada, fez grande sucesso no Festival de Cinema de Veneza a apresentação do filme de Marco Bechis sobre os índios do Mato Grosso do Sul chamado A Terra dos Homens Vermelhos ("La Terra degli Uomini Rossi"), e trata do conflito entre os índios guaranis e os proprietários de terras no MS... aplaudido de pé.

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