Você sabia que o Brasil é o maior mercado de agrotóxicos do mundo? Com significativos 16% do mercado mundial de defensivos agrícolas ocupamos mais este primado no cenário mundial. Me maravilha que ninguém no horário político cite este detalhe, só o fantástico crescimento do campo, como se tudo fosse uma maravilha.
Só em 2009 a indústria de defensivos faturou algo como 8 bilhões de dólares pelas 780 mil toneladas de agrotóxicos vendidos no Brasil. Um mercado assim promissor, faz sim que as empresas mais importantes do setor concentrem suas vendas por estas plagas.
De recente, a ANVISA propôs-se a atualizar as avaliações de 13 agentes, boa parte deles já proibidos em lugares mais ou menos civilizados, da UE à Nigéria.
Estes agentes, em nosso meio, são a causa de morte de muitos trabalhadores rurais, sem falar em outras patologias crônicas sub-notificadas e sub-diagnosticadas relacionadas à esta exposição.
Frente à disposição da Anvisa de reavaliar produtos como Gramoxone, Paraquat, Tamaron, Mancozeb, Monocrotfos, Folidol, Malation e Decis, o Sindicato das Indústrias de Defensivos Agrícolas recorreu ao Judiciário, solicitando que não sejam publicados os resultados das reavaliações. Houveram também tentativas de proibir os estudos da Anvisa que verificavam a segurança destas substâncias e suas formulações comerciais.
O próprio Ministério da Agricultura inclusive, opôs-se ao papel fiscalizador e normativo da Vigilância Sanitária, pretendendo ser o único responsável pelo registro (e avaliação de segurança) destes produtos sem nem sequer levar em consideração o conflito de interesses evidente.
O que ninguém leva em conta é que os resíduos destes agentes contaminantes acabam no prato do consumidor, na água, enfim, acabam em nós.
Já escrevemos várias vezes sobre os efeitos destas substâncias neste blog. Quem tiver curiosidade, por favor, veja no índice na barra ao lado.
Desde o início do Programa de Fiscalização de Resíduos nos Alimentos iniciado no início da década, sempre encontrou-se um percentual bastante elevado de resíduos de agrotóxicos nos alimentos, e em cerca de pouco mais de 17% deles, índices de resíduos acima do permitido, em especial nas culturas de tomate, morango e alface, mas também na batata, brócolis, amendoim, couves, feijão, pimentão, repolho, melão, amendoim, entre outras.
Assim, da próxima vez que você comer a sua saladinha, ou hortaliças, ou cereais, pensando estar fazendo algo de bom para a sua saúde, lembre-se de cobrar uma posição dos orgãos normativos. Algo que se comprometa seriamente com a saúde de todos, em especial, com a de nossos filhos.
E enquanto isto não acontece, arrume um cantinho para fazer sua horta orgânica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário