Um bate boca interessante nas cartas da PNAS (early edition) de hoje sobre Bisfenol A (BPA).
Tudo começou por conta de um artigo do grupo do Dr. Leranth do Departamento de Ginecologia da Universidade de Yale na mesma PNAS em Setembro pp. O artigo, cujo título é: Bisphenol A prevents the synaptogenic response to estradiol in hippocampus and prefrontal cortex of ovariectomized nonhuman primates (Bisfenol A impede a resposta ao estradiol no hipocampo e córtex pré-frontal de primatas não humanos ovariectomizados) trata dos efeitos deste aditivo em cérebros de macacos e documenta a interferência hormonal mesmo em baixas doses.
O putifério começou a partir do comentário de Mathews que comenta que as conclusões obtidas pelo grupo não eram aplicáveis pelos motivos que se seguem: a) que as doses que os cientistas utilizaram como referência diz respeito à exposição crônica e não aguda; b) que o bisfenol passa por um metabolismo rápido no fígado o que levaria a uma redução da exposição em outros órgãos. Assimo estudo perderia valor pois a rota de exposição não espelharia a que ocorreria por ingestão do BPA em humanos 9foi feito subcutâneo).
A resposta foi pontual e na mesma edição pelo Dr. Csaba Leranth, informando que o Dr. Mathews representa a indústria de plástico (conflito de interesse que não foi citado minimamente na carta anterior). Ele coloca que o fato de um metabolismo rápido de primeira passagem não consentiria uma detecção do Bisfenol em outros tecidos fora do fígado foi desbancada por outros estudos independentes, não financiados pela indústria. Os níveis de BPA no sangue estariam em faixas baixas de partes por bilhão e assim sendo, em níveis superiores aos que causam efeitos em animais e tecidos humanos. Ele sugere que o BPA prediria uma relação com diabetes e doenças cardiovasculares em adultos.
Não deixou também de recordar que existem várias fontes de exposição ao BPA além da via oral e que o melhor modelo seria através de uma cápsula de liberação contínua, como a utilizada em seu estudo. Diz ainda que existe uma grande massa de evidência que faz com que cientistas da Conferência sobre BPA conduzida pelo US National toxicology Program e do National Institutes of Health exprimam preocupação sobre os possíveis danos ao cérebro dos animais e assim ser um risco para humanos.
Termina ainda comparando o comentário de Mathews, cujo foco esteve no método de administração do BPA e não nos danos que ele provoca, aos defensores da indústria de tabaco anos atrás.
Coisa para se pensar...
Para saber mais:
artigo:
Leranth C, Hajszan T, Szigeti-Buck K, Bober J, MacLusky NJ.
Bisphenol A prevents the synaptogenic response to estradiol in hippocampus and prefrontal cortex of ovariectomized nonhuman primates.
Proc Natl Acad Sci U S A. 2008 Sep 16;105(37):14187-91.
comentário de Mathew:
http://www.pnas.org/content/early/2008/11/24/0808990105.full.pdf+html?etoc
resposta de Leranth:
http://www.pnas.org/content/early/2008/11/24/0810299105.full.pdf+html?etoc
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