quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Podcast e matéria

Trago o podcast da Rádio Bandeirantes, da entrevista de um meu amigo querido, jornalista, o Manoel Fernandes, que hoje publicou artigo sobre a enchente na Folha de São Paulo. Ele mora em Blumenau, faz 6 anos, com a família (inclusive sua filhinha mais nova, a Rafaela, que quem acompanha este blog faz algum tempo conheceu no ultrasom que ilustrou um post sobre a Páscoa).
Ouçam e se possível, leiam.
O artigo é de uma grande sensibilidade e conta o desespero, a tristeza e as esperanças de toda uma cidade:

artigo: "Voltamos aos tempos Primitivos"
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2711200803.htm

Podcast:
http://www.radiobandeirantes.com.br/audios/pgm2711itajai_sc.mp3

Importante é ouvir a parte sobre a água. Damos tão pouca importância a ela, que nos chega fácil e limpinha nas torneiras, basta abrir. Só nos damos conta de quanto é fundamental e imprescindível quando não podemos mais tê-la à disposição.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

SOS Blumenau!!! URGENTE!

Recebi este pedido de ajuda de Blumenau. Garanto que é gente séria.
Vou colocar aqui o texto completo, para quem quiser, de qualquer forma, contribuir após o imenso desastre que se abateu sobre aquela cidade.

Comunidade Caridade sem Fronteiras
CSF- 087/2008 Blumenau, 25 de novembro de 2008

Aos Amigos

Participo de um grupo de voluntários em Blumenau que dá apoio e auxílio na doação de roupas e cestas básicas e na organização de palestras com profissionais da área de saúde, para suprir as necessidades de 75 famílias carentes cadastradas no Morro da Garuva (Blumenau/SC) há 2 anos e 8 meses.

Mensalmente promovemos um sopão (muitas vezes com recursos próprios) onde, além da entrega de cestas básicas e de roupas, prestamos orientação às famílias na busca de colocação profissional.

Estas famílias cadastradas moram em pequenas casas de madeira, muitas delas em terreno de difícil acesso e com grandes problemas de infra-estrutura, como falta de água potável, energia elétrica e coleta de esgotos.

A média de filhos é de aproximadamente 6 a 8 crianças por família e a maioria ainda cursa o primeiro grau. Muitas dessas crianças, com idade de 6 meses a 5 anos não conseguem matrícula na creche decorrente de suas mães não conseguirem um emprego fixo, dificultando assim a ajuda financeira em seu lar. Atualmente são aproximadamente 98 meninas e 92 meninos com idade entre 0 a 16 anos.

Nosso principal objetivo é levar a essas famílias, não somente o alimento, mas também o resgate da auto-estima, dos valores morais, respeito, fé, educação e cidadania, para que sintam que fazem parte da sociedade.

Nosso trabalho também se estende ao Lar Ancionato São Lucas, com 16 idosos, onde 70% somente se locomovem com o auxílio de terceiros, muitos com esclerose múltipla, sem assistência médica necessária. Realizamos visitas semanais onde procuramos levar um pouco de carinho e atenção aos idosos e auxiliar com a doação de cestas básicas, fraldas, roupas, leite, etc.

Além dos sopões mensais, procuramos realizar em datas especiais (páscoa, dia das crianças, natal) um evento especial, proporcionando as famílias momentos de alegria e descontração.

Todos os recursos, como cestas básicas, leite, fraldas, roupas entre outros são adquiridos através de campanhas mensais que os voluntários e colaboradores realizam através de seus amigos, parentes ou pessoas que conhecem nosso trabalho e se prontificam a ajudar.

Infelizmente com os últimos acontecimentos no estado de Santa Catarina, além de ampliar o número de necessitados, não podemos, no momento, contar com os atuais colaboradores locais, pois muitos foram fortemente atingidos pelas enchentes.

Desta maneira, venho solicitar aos amigos, que residem fora do estado a possibilidade de nos auxiliarem através de doações de leite e cestas básicas, para que possamos continuar o nosso trabalho, agora com muito mais necessitados.

As doações poderão ser encaminhadas à nossa sede (vide abaixo) ou, se preferirem, realizar depósito bancário em conta corrente de Denise Roeck, CPF 472.657.369-15, Caixa Econômica Federal,
agência 0411-1, conta corrente 31892-5 (conta corrente provisória, processo de registro da entidade para obtenção de CNPJ em andamento).

Agradeço a confiança e carinho de todos os amigos e coloco-me à disposição de todos para esclarecimentos e os convido a conhecerem o trabalho da Comunidade Caridade sem Fronteiras.

Um grande abraço

M. Goretti Venutti


COMUNIDADE CARIDADE SEM FRONTEIRAS
Rosangela Montagna (Presidente) – (47) 9915-6583
Sandra Felsky (Vice-Presidente) – (47) 9993-7100
M.Goretti Venutti (Secretária) – (47) 9652-0416
Denise Roeck (Tesoureira) – (47) 9924-4733

Rua: Goiás, 129 - Garcia - Blumenau SC 89021-300

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Beatriz (Chico Buarque - Edu Lobo)

Eu punha esta música quando estava grávida de minha filha, Beatrice...Que é de louça, de éter, me leva com seus passinhos de valsa, e todo dia me ensina a entender que para sempre é sempre por um triz.
Tomara eu tenha entrado em sua vida do mesmo modo que ela entrou na minha...

Entre as cartas na PNAS: Bisfenol A!

Um bate boca interessante nas cartas da PNAS (early edition) de hoje sobre Bisfenol A (BPA).
Tudo começou por conta de um artigo do grupo do Dr. Leranth do Departamento de Ginecologia da Universidade de Yale na mesma PNAS em Setembro pp. O artigo, cujo título é: Bisphenol A prevents the synaptogenic response to estradiol in hippocampus and prefrontal cortex of ovariectomized nonhuman primates (Bisfenol A impede a resposta ao estradiol no hipocampo e córtex pré-frontal de primatas não humanos ovariectomizados) trata dos efeitos deste aditivo em cérebros de macacos e documenta a interferência hormonal mesmo em baixas doses.
O putifério começou a partir do comentário de Mathews que comenta que as conclusões obtidas pelo grupo não eram aplicáveis pelos motivos que se seguem: a) que as doses que os cientistas utilizaram como referência diz respeito à exposição crônica e não aguda; b) que o bisfenol passa por um metabolismo rápido no fígado o que levaria a uma redução da exposição em outros órgãos. Assimo estudo perderia valor pois a rota de exposição não espelharia a que ocorreria por ingestão do BPA em humanos 9foi feito subcutâneo).
A resposta foi pontual e na mesma edição pelo Dr. Csaba Leranth, informando que o Dr. Mathews representa a indústria de plástico (conflito de interesse que não foi citado minimamente na carta anterior). Ele coloca que o fato de um metabolismo rápido de primeira passagem não consentiria uma detecção do Bisfenol em outros tecidos fora do fígado foi desbancada por outros estudos independentes, não financiados pela indústria. Os níveis de BPA no sangue estariam em faixas baixas de partes por bilhão e assim sendo, em níveis superiores aos que causam efeitos em animais e tecidos humanos. Ele sugere que o BPA prediria uma relação com diabetes e doenças cardiovasculares em adultos.
Não deixou também de recordar que existem várias fontes de exposição ao BPA além da via oral e que o melhor modelo seria através de uma cápsula de liberação contínua, como a utilizada em seu estudo. Diz ainda que existe uma grande massa de evidência que faz com que cientistas da Conferência sobre BPA conduzida pelo US National toxicology Program e do National Institutes of Health exprimam preocupação sobre os possíveis danos ao cérebro dos animais e assim ser um risco para humanos.
Termina ainda comparando o comentário de Mathews, cujo foco esteve no método de administração do BPA e não nos danos que ele provoca, aos defensores da indústria de tabaco anos atrás.
Coisa para se pensar...

Para saber mais:

artigo:
Leranth C, Hajszan T, Szigeti-Buck K, Bober J, MacLusky NJ.
Bisphenol A prevents the synaptogenic response to estradiol in hippocampus and prefrontal cortex of ovariectomized nonhuman primates.
Proc Natl Acad Sci U S A. 2008 Sep 16;105(37):14187-91.

comentário de Mathew:
http://www.pnas.org/content/early/2008/11/24/0808990105.full.pdf+html?etoc

resposta de Leranth:
http://www.pnas.org/content/early/2008/11/24/0810299105.full.pdf+html?etoc

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Coisas várias para pessoas várias




Agora a pouco vi o desastre em Santa Catarina na TV. Tenho amigos lá, em Blumenau, em Floripa. Que tristeza... Às vezes a gente vê as notícias e parece que elas não são reais. Mas são, infelizmente. Tem muita gente sofrendo as consequências de anos de descaso e de um clima enlouquecido.

E hoje é aniversário de um meu amigo do Rio, o Gui Gama. Pessoa do bem. Faz muitos anos que eu não o vejo, mas deixo os parabéns para ele do mesmo jeito. Bons vôos, boas ondas, Gui, e muitas tantas outras coisas boas, você merece!

Obrigada Fran! Você é uma graça de pessoa. Vi seu recadinho e senti seu carinho. Valeu!

Descolei uma coisa interessante no You tube: o canal dos vencedores do Premio Nobel. Está cheio de entrevistas com gente interessante.
Tá aqui o endereço para "fuçar" a vontade: http://www.youtube.com/profile?user=thenobelprize
Outro bem legal é o Research Chanel: http://www.youtube.com/user/ResearchChannel
Vão dar uma olhadinha...

O álcool nosso de cada dia...

Hoje trago para vocês o resumo do artigo do Dr. Dirk W Lachenmeyer sobre a segurança do uso do etanol em aplicações tópicas. O autor é químico alimentar e toxicologista, professor e pesquisador em Karlsruhe, Baden Wurttenberg, Alemanha.

O etanol é largamente usado em vários tipos de produtos com exposição direta da pele humana. Está presente em desinfetantes, em cosméticos (colutórios, laquês,...) em fórmulas farmacêuticas e produtos de limpeza.
Na literatura médica a segurança deste ingrediente tão comum é bastante controversa. O seu uso em preparações orais e produtos que vão em direto contato com a pele e mucosas não foi claramente estabelecida.
A primeira preocupação com o uso tópico do etanol em saúde pública são seus efeitos carcinógenos, uma vez que foi claramente determinado seu papel como agente carcinógeno quando ingerido oralmente na forma de bebidas alcoolicas. Mas até o momento existe uma falta de estudos que esclareçam a associação do uso de álcool tópico e tumores de pele. Existe alguma evidência, ainda que limitada e conflitante na associação entre o álcool presente em enxaguadores bucais e câncer oral. Alguns estudos apontaram para um aumento do risco de câncer da mucosa oral devido a produção de acetaldeído, similar ao mecanismo carcinogênico da ingestão de bebidas.
Além disso o álcool aplicado tópicamente age como uma potencializador de penetração podendo facilitar a absorção de xenobióticos (contaminantes carcinógenos em formulações cosméticas).
O uso de etanol está associado a fenômenos irritativos e dermatites de contato em especial nos indivíduos que sofram de deficiência na enzima aldeído desidrogenase. Quando utilizado frequentemente sobre a pele é possível detectar níveis plasmáticos baixos de etanol e de acetaldeído, mas obviamente abaixo de níveis para toxicidade aguda. Em crianças, no entanto, especialmente se houver laceração cutânea, a toxicidade aguda pode ocorrer por via percutânea.
O autor sugere que muitos estudos patrocinados pela indústria possam ter desvios em seus resultados e a pequena quantidade de estudos independentes possam ser um bom motivo para que a toxicidade tópica do etanol seja revista e estudada, principalmente no que concerne a toxicidade crônica (seja do etanol que do acetaldeído) em especial na população pediátrica e indivíduos mais susceptíveis (como os deficientes enzimáticos do metabolismo do etanol).

Lachenmeier DW.
Safety evaluation of topical applications of ethanol on the skin and inside the oral cavity.
J Occup Med Toxicol. 2008 Nov 13;3(1):26.

Food Chem Toxicol. 2008 Aug;46(8):2903-11. Epub 2008 Jun 6. Links
The role of acetaldehyde outside ethanol metabolism in the carcinogenicity of alcoholic beverages: evidence from a large chemical survey.Lachenmeier DW, Sohnius EM.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Quem tem medo dos cabelos brancos?

Eu diria, muita gente. Mesmo! Imaginem que a própria fundadora do Body Shop, Anita Roddick, pioneira nos cosméticos ditos "naturais", não abria mão de tingir seus cabelos. Ela dizia que esta era a única concessão cosmética que se permitia fora de seus princípios.
Anita Roddick faleceu em 2007, mas se ainda estivesse viva, talvez ficasse interessada em uma notícia deste mês no British Journal of Dermatology. Pesquisadores das Universidades de Manchester e Luebeck apresentaram uma nova perspectiva para este problema muito diferente das paraenediaminas, chumbos e afins que envenenam as vítimas das tinturas em todos as latitudes.
Vamos começar do princípio da história: muitas doenças atingem de certo modo o cabelo, fazendo com que ele caia e quando renasça, seja apigmentado (branco). Para muitos pacientes o problema se torna tão grande quanto a própria perda inicial dos fios. O que dá cor à pele e aos cabelos é um peptídeo chamdo melanina (não confundir com melatonina, que é outra coisa). A melanina é estimulada por um grupo de hormônios proteicos, conhecidos como MSH, ou seja, hormônio estimulante dos melanócitos. Então, estes cientistas estudaram um peptídeo chamado KDPT e suas relações com o MSH. O KDPT pode ser produzido em laboratório de forma sintética. Dadas as similaridades eles supuseram que o KDPT poderia provocar a mesma estimulação como o MSH natural e devolver a cor natural do fio de cabelo antes da doença.
Então eles isolaram folículos capilares de 6 mulheres entre 46 e 65 anos e trataram com difrentes concentrações de KDPT. Em alguns grupos os folículos foram submetidos a um estímulo pró-inflamatório (expostos ao interferon tipo II- IFNy) que mimetizaria a inflamação presente em certas doenças auto-imunes e que causam a perda dos cabelos, como a alopécia aerata e o eflúvio telógeno (um afinamento e fragilização do fio pós esteresse).
O estudo encontrou um aumento significativo na quantidade de melanina no folículo quando foi administrado após um pré tratamento com o IFNy.
Parece que o estímulo pró-inflamatório é necessário para a pigmentação efetiva, pois esteve ausente no grupo ande este pré-requisito não existiu. Isto fez com eles supusessem que talvez possa haver um ainda desconhecido receptor que seriam ativados somente na presença de inflamação.
O coordenador da pesquisa, Dr Ralf Paus, da Universidade de Luebeck, afirma que os resultados abrem novas perspectivas para um agente inovador no campo da pigmentação capilar, em especial no que diz respeito a perda da pigmentação após doenças como a alopécia aerata.
É importante, no entanto, deixar claro que este tratamento ainda não está pronto para ser usado em pacientes e se restringe a uma fase muito inicial de testes de laboratório. Ainda não está claro se é possível com o tratamento fazer com que os cabelos retornem completamente a sua cor original, nem que este tratamento possa ser aplicado a todos os tipos de pessoas e situações, como por exemplo na pós-quimioterapia (por não ter sido testado no protocolo).
O artigo é parte das News & Communications do British Journal e a referência é:

K.C. Meyer,T. Brzoska , C. Abels and R. Paus
The a-melanocyte stimulating hormone-related tripeptide K(D)PT stimulates human hair follicle pigmentation in situ under proinflammatory conditions
British Journal of Dermatology - DOI 10.1111/j.1365-2133.2008.08872.x

Talvez no futuro possam abrir-se novas perspectivas e soluções para este problema.
Estaremos aguardando.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Para quem se interessa por nutrição

Trago uma aula muito interessante da Dr.a Marion Nestle, nutricionista e professora da New York University sobre o que comemos.
Pensei logo na Thais L., acho que ela vai gostar. A aula é em inglês e dura cerca 1 hora e é da FORA.tv.
Está aí o link:



quem tiver pressa e só quiser ver a parte sobre marketing para alimentos destinados à infância, veja só o pedacinho abaixo, que é parte da mesma aula:

SIN list 1 e REACH, está chegando a hora da troca!

Há algum tempo na Europa iniciou-se uma pequena revolução através de um protocolo chamado REACH. Ele quer dizer registro, avaliação (evaluation), autorização e restrição de substâncias químicas (chemicals) dentro da União Européia.
E desde sua proposta e colocação em prática muitas coisas vêm mudando por lá.
A novidade de hoje diz respeito a proposição da primeira lista de susbtituição, a SIN list(Substitute It Now!), onde são assinaladas as substâncias de maior risco e sua necessidade de substituição imediata dadas as características danosas destas moléculas para as espécies, inclusive a humana. Esta lista foi proposta por uma série de entidades comprometidas com o ambiente, ou seja:

European Environmental Bureau (EEB)
WWF European Policy Office
Friends of the Earth Europe (FoEE)
Greenpeace European Unit
Instituto Sindical de Trabajo Ambiente y Salud (ISTAS)
The European Consumers’ Organisation (BEUC)
Women in Europe for a Common Future (WECF)
The Center for International Environmental Law (CIEL)
The Health and Environment Alliance (HEAL)

O objetivo é fazer com que o protocolo REACH seja realmente aplicado e que as suas decisões tenham prioridade de implantação na UE.
Como copiamos alegremente muito do que vem de fora, talvez esta seja uma sugestão interessante para o Ministério do Ambiente.
Quem quiser descarregar a lista com os agentes mais danosos do planeta é só ir no site do SIN (http://www.sinlist.org/).

Quer ler mais? Vá ao site do WWF-DETOX, tem muito material lá. (http://www.panda.org/about_wwf/where_we_work/europe/what_we_do/wwf_europe_environment/initiatives/chemicals/index.cfm)

Quer saber mais sobre o REACH? Vá ao site governamental: http://ec.europa.eu/environment/chemicals/reach/reach_intro.htm

É gente, está chegando a hora de trocar.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Vem aí: EUROPEANA e também a vacina contra o câncer de pele de células escamosas

Gente, desde pequena sempre fui fascinada por livros. Para mim, casa é o lugar onde meus livros estão. Onde vivi, em tantos lugares diferentes, tinha sempre uma quantidade de livros muito maior do que o espaço disponível. Mesmo em épocas menos generosas, me divertia indo aos sebos e passando horas fuçando em pilhas e pilhas de preciosidades, tentando imaginar quem teria feito as dedicatórias que às vezes se viam, pensando na história daquelas pessoas e das páginas que lhes fizeram companhia por algum tempo.
Um livro é muito mais do que um simples objeto. Tem vida própria. É como uma porta que você abre para outros tempos, outros lugares, outras gentes. Às vezes é como olhar pela fechadura para um universo fascinante e inatingível.
Muitas vezes me senti adiando o final de uma boa narrativa, quase de luto pela separação dos personagens, que iriam embora com a última página.
Bem, tudo isso é só para dizer que vem aí a biblioteca européia, Europeana, um projeto magníficamente ambicioso, que vai colocar on line e gratuitamente 10 milhões de obras literárias até 2010. Para quem gosta de ler, é um prato cheio!
Começa na 5° feira com 2 milhões de títulos digitalizados, disponíveis no site: http://dev.europeana.eu/, entre eles a Divina Comédia, os manuscritos de Beethoven, Mozart e Chopin, a Carta Magna inglesa, os quadros de Vermeer, e até imagens da queda do muro de Berlim.
Mais uma oportunidade de trazer para mais perto um pedaço do mundo através do que ele pode oferecer de melhor: a cultura.

O outro assunto é menos poético e mais prático. Em Sidney, o Dr. Ian Fraser, o mesmo da vacina contra o câncer de colo, anuncia o início da experimentação humana de uma vacina contra um tipo de câncer de pele. A vacina se destina aos carcinomas de células escamosas e é ineficaz contra os melanomas. mesmo que a vacina seja eficaz, ainda serão necessários alguns anos. O projeto se iniciou em 1985, imaginem!
Apesar da boa notícia, a vacina não substitui as medidas PREVENTIVAS como evitar o sol nas horas de maior radiação, usar bloqueadores solares e sabiamente ficar na sombrinha.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

uma idéia, um blog

Moçada, um dia desses fui levada a conhecer um blog que adorei e passei a seguir com frequência assídua: o idéias cretinas (http://lablogatorios.com.br/cretinas/). De cretino não tem nada. A começar pelo subtítulo: "Não desrespeitamos pessoas, mas esculhambamos idéias".
É um blog delicioso, curioso, daqueles que a gente tem gosto de ler (eu pelo menos me divirto).
Vou por no "bla bla blogs", para vocês também.
Boa semana!

sábado, 15 de novembro de 2008

Uns filminhos pra vocês (ou a aulinha de inglês do feriado)

Umas coisinhas para vocês treinarem o ouvido (e as conexões a seguir também).

Dr. Paul Erhlich (biólogo, Stanford) fala sobre a poluição ambiental por agentes interferentes hormonais, parte da aula sobre "O Animal dominante":



Dr Tyrone Hayes, que já apareceu por aqui em uma aulinha sobre Atrazine e seus efeitos no ambiente, traz um comentário sobre a persistência dos efeitos dos interferentes hormonais ao longo das gerações além de comentários sobre o body burden.


Os vídeos são parte do acervo do FORA.TV, site bem legal que vou colocar na barra de links ao lado. Lá os temas são desenvolvidos mais amplamente, mas a duração dos vídeos é bem maior, então vou deixar em aberto para vocês visitarem se acharem interessante.
A aula do Dr. Erhlich está no link: http://fora.tv/2008/06/27/Paul_Ehrlich_The_Dominant_Animal

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Filhos das estrelas




Confesso que ontem me passou desapercebido. Recebi o Science Express e nem li, de tão cansada. Hoje fiz o giro dos meus blogs preferidos e vi no do Osame Kinouche (http://www.comciencias.blogspot.com/) o comentário sobre a primeira imagem de um sistema planetário fora do sistema solar. Fui dar uma conferida e trago aqui para vocês.
As fotos foram feitas com o telescópio espacial Hubble através dos pesquisadores Paul Kalas e sua equipe da Universidade da California em Berkeley. As fotos, históricas por seu ineditismo, consentem uma observação direta dos astros, indo além dos modelos matemáticos aplicados até hoje.
Até agora, cerca de 200 planetas extrasolares haviam sido individualizados, mas nunca haviam sido vistos. Para isto se usava técnicas indiretas, cálculos de influências gravitacionais do planeta sobre sua estrêla-mãe.
As imagens têm uma importância histórica.
As imagens publicadas na Science Express são de 4 planetas parecidos com os gigantes gasosos, Jupiter, Saturno e Netuno, apesar de maiores. O mais próximo deles está a somente 25 anos-luz da Terra. Pertinho para um conceito universal. Se chama Formalhaut b e gira ao redor da estrela Formalhaut, a mais brilhante na constelação do Peixe Austral e formada a cerca 200 milhões de anos, muito jovem se comparada ao Sol. Formalhaut b teria uma massa entre 0,3 3 2 massas de Jupiter e orbitaria a uma distância da estrela mãe de cerca quatro vezes a que separa Netuno do Sol. Formalhaut b é uma boa idéia de como foram Saturno e Jupiter na sua "juventude". No espaço entre os planetas fotografados e a estrela poderiam existir planetas que contenham água e potencialmente habitáveis. Mas para conseguir fotografá-los seria necessário um telescópio mais potente, o James Webb, disse o Dr. Kalas.
Os outros 3 planetas estão em uma família planetária a 130 anos luz, muito mais distantes e foram fotografados pelos telescópios Keck e Gemini Norte, no Hawaii, por um grupo coordenado pelo Conselho de Pesquisas canadense, pelos Laboratórios Nacionais de Lawrence Livermore e pela Universidade de Berkeley. A estrela deste sistema planetário é muito jovem e está na constelação de Pégaso e é visível a olho nú. A conformação e as características deste sistema confirmariam, segundo os pesquisadores, os modelos onde a formação dos planetas é devida a somatória das partículas do disco de pó e gas que circunda as estrelas jovens.

Nós somos filhos das estrelas...
Legal, né?
Quer saber mais?

Isis Diniz,
Portal G1: Cientistas ‘fotografam’ exoplanetas orbitando uma estrela pela primeira vez
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL860104-5603,00-CIENTISTAS+FOTOGRAFAM+EXOPLANETAS+ORBITANDO+UMA+ESTRELA+PELA+PRIMEIRA+VEZ.html

Osame Kinuche
SEMCIÊNCIA
http://www.comciencias.blogspot.com

Science Express:
Kalas P et alli
http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/1166609

E hoje é o Dia Internacinal da Diabetes. Doença insidiosa, debilitante, grave. Muitas pessoas não tem esta impressão e isto precisa mudar. Diabetes é coisa séria e precisa de atenção e cuidados.
No site da Sociedade Brasileira de Diabetes tem um monte de informações.
Percam um tempinho e vão dar uma olhada:
SBD
http://www.diabetes.org.br/

Pode salvar vidas.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Strada Facendo (C. Baglioni) é dedicada a vocês

Esta é uma canção dedicada a tantas pessoas que encontrei ao longo destes últimos anos da minha vida e que acreditam num futuro melhor.
E isto inclui muitos dos que lêem este blog. Obrigada, vocês fazem a gente sentir que vale a pena.
Um beijo para as Sônias, Walkírias, Sophias, Sandras, Glaucias, Andreias, Thaíses, Nayaras, Inaras, Lilians, Veras, Bias, Camilas, muitas Cris e outras tantas de tantos outros nomes e tantas caras que compartilharam e compartilham o sonho.
A presença de vocês ao longo da estrada faz toda a diferença.

Strada Facendo (C. Baglioni)

Io ed i miei occhi scuri siamo diventati grandi insieme
con l'anima smaniosa a chiedere di un posto che non c'è
tra mille mattini freschi di biciclette
mille e più tramonti dietro i fili del tram
ed una fame di sorrisi e braccia intorno a me...

Io e i miei cassetti di ricordi e di indirizzi che ho perduto
ho visto visi e voci di chi ho amato prima o poi andar via
e ho respirato un mare sconosciuto nelle ore
larghe e vuote di un'estate di città
accanto alla mia ombra lunga di malinconia...

Io e le mie tante sere chiuse come chiudere un ombrello
col viso sopra il petto a leggermi i dolori ed i miei guai
ho camminato quelle vie che curvano seguendo il vento
e dentro un senso di inutilità
e fragile e violento mi son detto tu vedrai... vedrai... vedrai...

Strada facendo vedrai
che non sei più da solo...
strada facendo troverai
un gancio in mezzo al cielo...
e sentirai la strada far battere il tuo cuore
vedrai più amore... vedrai...

Io troppo piccolo tra tutta questa gente che c'è al mondo
io che ho sognato sopra un treno che non è partito mai
e ho corso in mezzo a prati bianchi di luna
per strappare ancora un giorno alla mia ingenuità
e giovane e invecchiato mi son detto tu vedrai... vedrai... vedrai...

Strada facendo vedrai
che non sei più da solo...
strada facendo troverai
anche tu un gancio in mezzo al cielo...
e sentirai la strada far battere il tuo cuore
vedrai più amore... vedrai...

È una canzone e neanche questa potrà mai cambiar la vita
ma che cos'è che ci fa andare avanti e dire che non è finita
cos'è che ci spezza il cuore tra canzoni e amore
che ci fa cantare e amare sempre più
perché domani sia migliore... perché domani tu...

Strada facendo vedrai...
perché domani sia migliore... perché domani tu...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Veneno, o mundo é pequeno demais para nós dois!

Como eu lhes disse no início, este livro* começou por acaso. Só com a preocupação de uma mãe em relação aos produtos consumidos por sua filha pequena. Mas com o passar do tempo e com a informação que foi se acumulando ao longo do percurso, os dados foram se entrelaçando em outros, e acho que vale a pena fazer um parêntese sobre outras coisas relevantes.
Todos nós sabemos o quão dependente somos das substâncias químicas sintéticas que permeiam a nossa realidade cotidiana. E isso acontece em todo o mundo, em todos os continentes. Embora nos tragam muitos benefícios e confortos estas toxinas estão entrando na nossa cadeia alimentar, nos mananciais de água doce, nos mares, no ar, nos nossos corpos, no nosso futuro.
No norte do oceano Pacífico e nas regiões polares, focas, albatrozes, e outras espécies animais no topo da cadeia alimentar, apresentaram em seu sangue e tecidos substâncias como PCB, furanos e dioxinas fabricados a milhares de quilômetros de distância. Emblemático e preocupante é o caso descrito nos anos 90 de mulheres que viviam às margens do lago Michigan que, contaminado décadas antes, ingeriam 2 a 3 porções de peixe por mês pescado no lago. Estas mulheres davam à luz crianças com déficits de aprendizado e de memória. Este vínculo entre contaminação ambiental e danos à saúde não foi uma descoberta imediata. Passaram-se anos até que esta correlação fosse feita.
Na África e não só, pesticidas obsoletos são estocados de modo inadequado, e que acabam vazando e contaminando o solo, o ar e a água. Aqui mesmo no Brasil não fomos isentos de vários acidentes deste tipo. Aconteceu em Paulínia (SP), por exemplo, o vazamento de organoclorados (aldrin, endrin e dieldrin) em um terreno pertencente a Shell. Dê uma olhada no mapa de crimes ambientais corporativos disponibilizado pelo Greenpeace. Você vai perceber que o perigo mora ao lado.
Em 1956, em Minamata, Japão, uma série de pessoas apresentou sintomas de até então uma nova doença desconhecida que mais tarde foi reconhecida como contaminação por sais de mercúrio provenientes da descarga de uma fábrica local de produtos químicos. O mercúrio intoxicava os peixes, que intoxicavam as pessoas.
A realidade é que por muitas décadas nossa capacidade de criar novas substâncias foi muito superior à capacidade de entender as suas conseqüências sobre nós e sobre o planeta. Existe já uma grande quantidade de evidências na literatura científica que estas substâncias possam ser danosas a uma série de espécies agindo sobre seus sistemas reprodutivos, seus órgãos, seus sistemas imunitários, sobre o DNA. Existe suficiente evidência para supor que estas substâncias ponham em risco a homeostase no ser humano.
A coisa se torna ainda mais séria quando as substâncias implicadas permanecem no meio ambiente. A esta categoria de agentes químicos se dá o nome de poluentes orgânicos persistentes, os POPs. Eles possuem a característica de serem moléculas muito tóxicas, de difícil degradação e de potencial bioacumulativo, que entrando na cadeia alimentar se depositam nos tecidos das espécies vivas. Algumas destas substâncias podem persistir no ambiente por centenas de anos. Isso motivou a comunidade internacional a propor um documento onde os países assinantes se comprometessem a eliminar os agentes POP mais perigosos e examinar outras moléculas danosas para futuras proibições. Este tratado, também assinado pelo Brasil e mais 150 países se chama “Tratado de Estocolmo” (Stockholm Convention on Persistent Organic Pollutants). Nele, os governos se propõem a eliminar doze substâncias denominadas “dirty dozen”, a dúzia suja, na nomenclatura INCI: aldrin, chlordane, DDT, dieldrin, dioxin, endrin, furans, heptachlor, hexachlorobenzene, mirex, polychlorinated biphenyls (PCBs), toxaphene.
Esta ação deveria ser aplicada de forma conjunta por todos os países do globo, por um motivo simples: estas substâncias não se limitam ao lugar onde são produzidas. Portanto, mesmo que restasse um único país do mundo onde esta produção fosse livre, o esforço de todos os demais seria em vão. O risco persistiria igualmente para todos.
No Brasil, o CONAMA, órgão do Ministério do Meio Ambiente é o responsável pelos estudos e a aplicação do protocolo de Estocolmo.
Mas de onde vêm os POPs? Eles vêm de vários processos industriais que empregam derivados de petróleo e cloro, por exemplo: a fabricação de defensivos agrícolas, a incineração de lixo, a produção de PVC, o branqueamento de papel com cloro e outros processos.
Outras substâncias bastante danosas são as chamadas substâncias tóxicas persistentes, os PTS. Além dos POPs ela inclui os metais pesados e os compostos organo metálicos. Os metais pesados são metais que apresentam alta densidade. Na natureza apresentam-se em baixas concentrações na forma livre. Eles são muito reativos além de ser praticamente indestrutíveis. Então de onde eles vêm? De novo dos resíduos industriais e da incineração de lixo urbano. As indústrias de tintas, de cloro, de plástico, as metalúrgicas, mineradoras, etc, utilizam metais pesados em seus processos industriais. A queima do lixo produz cinzas ricas principalmente em mercúrio, chumbo e cádmio. E da mesma forma que os POPs, eles possuem potencial bioacumulativo uma vez que contaminem água, solo e ar, podendo ser absorvidos pelos tecidos e intoxicá-los. Veja o que ocorreu em Minamata. Lá os gatos dançavam e as pessoas morriam, como diz Dr. Moacyr Scliar em sua curiosa e dramática crônica escrita para a Clinica Literária e publicado no site de Luis Peaze (http://www.clinicaliteraria.com.br/minamata.htm#scliar).
Infelizmente, alguns peixes que consumimos habitualmente já apresentam um potencial tóxico não indiferente e que pode se constituir em risco. O consumo de atum fresco ou congelado é desaconselhado para gestantes e mães que aleitam. O atum em lata pode ser consumido em doses pequenas, no máximo 1 lata por semana. O atum light contém menos tóxico do que o conservado no óleo, mas as quantidades também devem ser limitadas. Isso é uma pena, pois seria uma ótima fonte de proteína de alta qualidade, vitaminas e ácidos graxos omega 3, se não estivesse contaminado por metilmercúrio. Quanto maior for a atividade predatória do peixe, maior é o risco de contaminação. Portanto, se estiver grávida ou estiver amamentando seu bebê, elimine completamente tubarão, peixe espada, merlin, cavala, peixe batata e outros peixes predadores de grande porte. O cozimento não elimina o metal impregnado na musculatura dos peixes. Para saber mais consulte a página do EPA em português sobre o tema (http://www.epa.gov/waterscience/fish/MMBrochurePOR200603.pdf). A placenta, infelizmente, não é suficiente barreira para os metais pesados.
Os rios da região amazônica contêm altos teores de mercúrio. Segundo estimativas do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), só na década de 80 os garimpeiros que atuavam no leito do rio Tapajós despejaram 600 toneladas de mercúrio nas suas águas.
Em Cubatão, baixada Santista, Estado de São Paulo, houve nos anos 80, denúncias de um alto índice de anencefalia (ausência de cérebro) em recém-nascidos e este problema estaria relacionado com a emissão industrial de metais pesados, notadamente o chumbo. Só no ano de 1981 foram 10 casos em 3400 partos, quando a OMS considera aceitável 1 caso em cada mil. Em Guaíra, SP, no ano de 2002, também houve suspeita de contaminação ambiental por chumbo com a ocorrência de 3 casos em 500 partos/ano.
Vamos esclarecer algumas coisas: o nosso organismo necessita em doses muito pequenas de alguns metais como o zinco, o cobalto, o ferro e o magnésio, porém excessos destes mesmos elementos são tóxicos e perigosos.
Outros metais como o mercúrio, cádmio, chumbo, arsênio e cromo, não fazem parte de processos fisiológicos e a sua ocorrência em organismos vivos acarreta somente prejuízos biológicos e nenhuma vantagem em nenhuma concentração.
E o que isso tem a ver com cosméticos? Acontece que alguns cosméticos possuem na formulação alguns metais pesados como o alumínio, o chumbo, o zinco. Acontece que a água pode estar contaminada com metais pesados.
Nos processos industriais se adicionam quelantes de metais pesados, do tipo EDTA (ethylenediaminetetraacetic acid). Estas substâncias podem eventualmente liberar nitrosaminas dependendo dos demais ingredientes da formulação.
E na vida cotidiana? Existem pequenas atitudes que podemos adotar para fazer com que este problema diminua. Coisas simples como não jogar baterias e pilhas no lixo comum. Em alguns supermercados e pontos de venda existem recipientes especiais para este lixo.
Outra decisão que pode melhorar um pouco o potencial de risco é escolher bem a panela com que se cozinha. Panelas de alumínio podem contaminar os alimentos. Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da Universidade de São Paulo (USP), coordenado pela Eng.a Elaine Cristina Bocalon encontraram quantidades excessivas de alumínio tanto na água quanto no alimento cozido em panelas comuns de alumínio. A transferência do metal em água com sal (na concentração de 10 gramas de sal para 4 litros de água) foi de 20 miligramas de alumínio por litro após 3 horas de fervura. De acordo com a literatura internacional, o limite aceitável de consumo diário de alumínio é de no máximo 14 miligramas. Quando a quantidade de sal foi aumentada, os resultados foram ainda piores.
Por muito tempo acreditou-se que as panelas de ferro eram benéficas, que o ferro que liberam no alimento fosse bom para o organismo. Isso é parcialmente verdadeiro. Novamente o problema vem do excesso. Se utilizarmos panelas de ferro no dia-a-dia, poderemos ficar intoxicados. Mas elas podem ser interessantes para o tratamento de anemia em casos especiais.
Panelas de teflon, apesar de sua praticidade podem trazer problemas. Com o tempo, com o uso, a camada de teflon vem danificada e você passa a ingerir o que não deveria: os derivados dos fluoroquímicos. Ao contrário de outros contaminantes persistentes, os compostos fluorados se ligam às proteínas do plasma e se depositam no fígado. Existe evidência de toxicidade sobre vários aparelhos e sistemas em roedores e de malformações fetais quando a rata é exposta durante a gravidez.
Panelas de aço inox são feitas de uma liga contendo ferro, cromo e níquel. Entre estes elementos o níquel seria o mais tóxico, porém eles não são transferidos para a água de cozimento e consequentemente para o alimento.
Portanto, dê preferência a panelas de vidro ou aço inox, salgue os alimentos somente após serem cozidos. Lave as panelas com esponja macia, sem “arear” nem esfregar as panelas com superfícies ou substâncias abrasivas. Elas removem a camada que torna mais difícil a migração dos íons. Panelas não são espelhos. Com isso você vai economizar seu tempo, seu esforço e melhorar a sua saúde.

*Este texto é parte integrante do livro "Mamãe passou açúcar em mim", S. Goraieb, 2006 e é protegido por direitos de copyright. Para reproduções, consulte a autora.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Um site legal

Pus na barra de links aí do lado um site bem interessante sobre química verde, a Green Chemistry. É do iniciativa do Instituto de Química da Carnegie Mellon University.
O link é:http://www.chem.cmu.edu/groups/Collins/ e o site se chama Institute for Green Science.
Lá inclusive tem um artigo muiiiiiito interessante denominado: Persuasive Communication about Matters of Great Urgency: Endocrine Disruption (e que foi publicado na Environmental Science & Technology, October 13, 2008).
Legal, principalmente por chamar a atenção para a próxima catástrofe ambiental, a chamada "endocrine disruption" (tema deste blog) ou interferência endócrina causada por substâncias químicas sintéticas (ou não) nos eixos de regulação das diversas espécies animais, inclusive o homem e colocá-la no patamar das mudanças climáticas em importância e relevância.
O link específico para este artigo é: http://pubs.acs.org/cgi-bin/sample.cgi/esthag/2008/42/i20/html/es800079k.html
Pena que nem todos tenham esta lucidez e esta percepção...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Uma visita, novos amigos

Ontem a bomba do poço pifou. Consequentemente ficamos sem água. Um azar, pois foi bem no dia que nós recebemos visitas.
Foi a família da Thais, que já faz tempo ensaiava para conhecer, que veio até aqui.
Uma família adorável, gente boa de verdade, com G grandão.
As crianças são mais lindas que nas fotos e a Thais e o Angelo gente finíssima.
Eu moro na roça, vivo no que, para mim, é uma lugar privilegiado. Nada de luxuoso, exceto a exuberância das árvores e a tranquilidade. As casas são velhas, as coisas são simples e a gente leva uma vida sem grande espalhafato.
Gostei de tê-los tido na minha cozinha, batendo papo como se nos conhecêssemos faz tempo.
Foi bom, foi mesmo muito bom.
Apesar da bomba do poço.
Amei a visita! Valeu, meninos! Voltem sempre. A casa é também de vocês.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Esclerose Lateral Amiotrófica, uma nova perspectiva?

A Esclerose Lateral Amiotrófica, conhecida como ELA, é uma doença neurodegenerativa que provoca grande sofrimento ao paciente e a quem o trata diretamente.
Até agora se supunha que a causa principal da ELA fosse um defeito dos motoneurônios, que controlam o movimento, mas um estudo italiano do grupo do Dr. Antonio Musarò, da Università degli Studi di Roma, La Sapienza, publicado na revista Cell Metabolism, sugere que a verdadeira origem da doença estaria nos músculos. Os autores observaram uma direta ligação entre a sintomatologia e uma progressiva atrofia muscular, sem degeneração dos motoneurônios.
O músculo esquelético seria um alvo primário dos efeitos tóxicos da mutação da SOD1 (superoxidodismutase1), que é um potente antioxidante que protegeria a célula dos efeitos tóxicos dos radicais livres, independentemente dos motoneurônios. E assim a ELA seria uma doença multisistêmica e isto explicaria os escarsos resultados obtidos com as terapias convencionais que são miradas especificamente aos neurônios.
O estudo foi conduzido no Institudo de Histologia e Embriologia da Universidade de Roma com ratos transgênicos e pode abrir novas perspectivas terapêuticas para a abordagem desta patologia. A perspectiva futura, diz o Dr. Musarò, é a de monitorização do quadro patológico muscular e instituição de uma abordagem farmacológica ou uma terapia gênica ou com células tronco.
A frequência desta patologia nos jogadores de futebol vem aumentando muito nos últimos anos e é muito maior que o da população geral e poderia levar a hipotisar uma relação entre traumatismos múltiplos e lesões frequentes neste grupo e a etiologia da doença (embora esta relação ainda não esteja definida científicamente).
Fica a esperança...

Para saber mais:

Cell Metabolism (o artigo deveria ser grátis mas uma página envia a outra a pagamento, vejam que a propaganda enganosa existe em todas as latitudes... :P)
http://www.cell.com/cell-metabolism/home

Dobrowolny G, Aucello M, Rizzuto E, Beccafico S, Mammucari C, Bonconpagni S,Belia S, Wannenes F, Nicoletti C, Del Prete Z, Rosenthal N, Molinaro M, Protasi F, Fanò G, Sandri M, Musarò A.
Skeletal Muscle Is a Primary Target of SOD1G93A-Mediated Toxicity
Cell Metabolism, Volume 8, Issue 5, 5 November 2008, Pages 425-436

O site é do laboratório, mas é rico de informações: http://www.tudosobreela.com.br/home/index.asp

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Nada de novo no front.

Hoje é um aniversário para se lembrar. Noventa anos atrás acabava aquela que até então havia sido a maior tragédia que a humanidade havia conhecido: a Primeira Guerra Mundial.
Guerra chamada Grande por suas dimensões massacrantes, por envolver as nações mais importantes do globo na época.
Começou em Sarajevo, com um atentado ao príncipe herdeiro austríaco, Francisco Ferdinando, terminou com um saldo de 10 milhões de mortos, 30 milhões de feridos e uma sociedade marcada pela tragédia. Foi a guerra das trincheiras, do gás, dos lança-chamas, das primeiras batalhas aéreas. Marcou o fim dos tempos onde nas guerras morriam soldados, para iniciar os tempos onde morrem mais civis que militares.
Foi um horror. Aliás como todas as guerras o são. São sempre horríveis. Na verdade, no fundo, não existem vencedores nas guerras. São, somos, todos perdedores. Fica sempre um saldo de dor e de miséria, de perdas irreparáveis, de raiva e de mágoas.

Hoje é um dia para se lembrar. O dia da última batalha. Em nome de todos aqueles que perderam suas vidas (mortos e sobreviventes) naqueles campos de batalha e que nem estão mais aqui para gritar pela paz. Um dia para lembrar.




segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Novos aspectos nas dermatites de contato alérgicas

O grupo do Dept. de Dermatologia da Universidade de Odense, liderado pelo Dra. Charlotte Gotthard Mortz publicou na Current Opinion in Allergy & Clinical Immunology uma revisão no mês de outubro que tinha como foco a correlação entre os patch tests positivos e a sua interpretação clínica.
Os autores relatam que a alergia pelo níquel é ainda a mais frequente em território europeu, apesar da diretiva de 2001. Cosméticos e drogas tópicas são outra causa comum de dermatite de contato alérgica e os principais agentes interessando são ingredientes de fragrâncias, preservantes e tinturas de cabelo. A diretiva para rotulagem de cosméticos é de grande ajuda para encontrar o possível agente causador da reação, segundo os autores. Eles também acenam que a presença concomitante de muitos ingredientes cosméticos em produtos de limpeza e outros produtos industrializados (geralmente com outros nomes) ampliam a possibilidade de contao e reações cruzadas. Pacientes com alergias de contato múltiplas constituem um grupo cuja qualidade de vida vem bastante reduzida devido a quantidade cada vez maior de produtos no ambiente.
Na revisão os autores ainda não esclarecem o porque destes pacientes se tornarem tão facilmente sensibilizados.
Na mesma edição da revista, outra revisão do Dr. Torsten Schaefer (Luebeck University) analisa as relações entre eczema atópico e sensibilização alérgica. Cerca 50% das crianças e 35% dos adultos portadores de eczema atópico são sensibilizados para alergenos comuns. Segundo o autor, fatores como sexo, localização geográfica e condições sócio-econômicas seriam determinantes para a proporção desta sensibilização. A concorrência de ambas as patologias aumentaria o risco para alergias respiratórias. Sensibilização aos ácaros parece ser relevante e um fator importante para eczema atópico.
Estudos populacionais correlacionando alergias alimentares e eczema são muito limitados, embora 40% das crianças hospitalizadas apresentem agudização de seus eczemas por reação a alimentos, os adultos reagem só ocasionalmente após exposição a alergenos alimentares. Em base aos estudos epidemiológicos o impacto entre alergia alimentar no eczema não é suficientemente claro e necessita de investigação mais detalhada.
O autor conclui dizendo que o eczema não está necessariamente associado a uma sensibilização alérgica, exceto no caso dos ácaros, onde parece haver uma associação relevante.
Para saber mais:

Mortz CG, Andersen KE.
New aspects in allergic contact dermatitis.
Curr Opin Allergy Clin Immunol. 2008 Oct;8(5):428-32.

Schaefer, Torsten
The impact of allergy on atopic eczema from data from epidemiological studies
Curr Opin Allergy Clin Immunol. 2008 Oct;8(5):418-422.