Alberto Kornblihtt e um grupo de cientistas de diversos países da Universidade de Buenos Aires descobriram que a radiação UV em células humanas provoca síntese protêica que estimula a morte celular. É como um mecanismo de defesa interno que garante que as mutações não se propaguem a uma nova geração de células limitando a possibilidade de um câncer.
O artigo foi publicado na Cell do dia 15 de maio.
Todas as células do corpo se baseiam em um set de cerca 25000 genes que determinam as proteínas funcionais necessárias para o bom funcionamento do organismo. Eles expandem seu repertório através de um mecanismo denominado “splicing” alternativo , que permite que a célula produza um grupo de proteínas diferentes a partir do mesmo gene por uma modificação do RNA mensageiro (mRNA).
No experimento conduzido pelo grupo, eles bombardearam células humanas com radiação UVC, uma forma de radiação de altamente energética e normalmente retida na camada de ozônio, e observaram os danos em especial sobre o mRNA. Assim seria possível observar quais genes ou suas partes seriam usadas para a síntese protêica nas células expostas.
O grupo encontrou cerca 14% dos genes modificados pela radiação UVC.
Um dos pesquisadores, Manuel Muñoz , então focou sobre a possibilidade destes genes estarem relacionados a apoptose celular e acabou identificando dois genes, Bcl-X e caspase 9. Estes dois genes podem produzir difernetes proteínas pela via alternativa. Para cada um deles, uma versão previne a morte celular, enquanto a outra, a estimula. Os pesquisadores então observaram que após a estimulação e o dano causado pela radiação UVC, existia a liberação da proteína que induzia a apoptose (morte celular).
Os pesquisadores então repetiram o experimento em células onde uma proteína chave chamada p53 tinha sido suprimida. Em circunstâncias normais a p53 desencadeia uma cascata de eventos que leva à apoptose em resposta ao dano celular. Interessante notar que mesmo nestas células privas de p53, a radiação UV continuou induzindo à apoptose através da ação independente da Bcl-X e da caspase 9.
Para descobrir como a radiação UV induz à morte celular, o grupo de Kornblihtt retornou ao estudo prévio e focou sobre uma enzima chave chamada polimeraseII. Esta enzima lê o DNA e então faz cópias de mRNA, que serão as chaves para a síntese protêica. A velocidade pela qual a polimerase II desliza na banda de DNA, determina se acontecerá ou não uma versão alternativa de mRNA por “splicing”. Nas céluals expostas à radiação houve um atraso na velocidade da polimerase II levando a formas alternativas de caspase9 e Bcl-X, levando à morte celular.
Agora o grupo está planejando repetir os estudos interessando as outras formas de radiação UV, ou seja UVA e UVB, menos energéticas, mas as causas mais comuns de lesão cutânea em seres humanos.
Para saber mais:
Manuel J. Muñoz, M. Soledad Pérez Santangelo, Maria P. Paronetto, Manuel de la Mata, Federico Pelisch, Stéphanie Boireau, Kira Glover-Cutter, Claudia Ben-Dov, Matías Blaustein, Juan J. Lozano, Gregory Bird, David Bentley, Edouard Bertrand, Alberto R. Kornblihtt
DNA Damage Regulates Alternative Splicing through Inhibition of RNA Polymerase II Elongation
Cell, Volume 137, Issue 4, 708-720, 15 May 2009
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