quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Cidadãos e cidadãs não são iguais nos cartórios!

Hoje fui ao cartório para reconhecer uma firma. Como não possuía firma depositada, me foram solicitados RG e CPF para a abertura do cartão. Ao ser perguntada sobre meu estado civil, me solicitaram também a certidão de casamento. Como sou uma pessoa normal e não circulo portando certidão de casamento na carteira, informei ao atendente que não o portava. Ele lamentou muitíssimo dizendo que não poderia fazê-lo pois eu poderia ter alterado meu sobrenome. Meu marido estava comigo e perguntei se ele também precisaria da certidão para fazer o cartão e a resposta foi: NÃO!
ISTO É INCONSTITUCIONAL! A lei brasileira na sua última atualização do código civil prescreve que homens ou mulheres podem assumir ou não o sobrenome do conjuge, independente do sexo.
"O novo Código Civil (de 2002, que entrou em vigor no dia 11 de janeiro de 2003), numa redação conforme o preceito constitucional da igualdade, dispõe, no artigo 1.565, parágrafo 1º, que qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. É livre a qualquer dos cônjuges (seja o marido, seja a mulher) adotar o sobrenome do outro ou conservar o nome de solteiro. "( de "O Liberal", Zeno Veloso)

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Vergonha!

Caros senadores, os senhores enojam a nação. Vergonha!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Numeri (Trilussa)

- Conterò poco, è vero:
- diceva l’uno ar Zero -
ma tu che vali? Gnente: proprio gnente.
Sia nell’azione come ner pensiero
rimani un coso vòto e inconcrudente.
Io invece, se me metto a capofila
da cinque zeri tale e quale a te,
lo sai quanto divento? Centomila.
È questione de nùmmeri. A un dipresso
è quello che succede ar dittatore
che cresce de potenza e de valore
più so’ li zeri che se mette appresso.

(Trilussa foi um poeta dialetal romano, foi cidadão, foi gênio. Expressou a alma da sua gente como poucos.
É uma homenagem que faço a ele e aos romanos pelo mundo.)

Alarmes e silêncios

Hoje uma notícia da "Ultima Instância" comenta o fato que as Lojas Americanas deverão indenizar uma senhora pelo constrangimento de ter sido revistada pelos funcionários porque no caixa foi esquecido de remover o dispositivo de segurança anti-furto do produto. E a situação foi vexatória para a cliente.
As lojas tem todo o direito de proteger seu patrimônio. Mas o cliente também tem o direito de ser respeitado. Aonde foi parar aquela coisa do "todos somos inocentes até prova em contrário"?
E hoje é 11 de setembro. Dia de silêncios. Para que se possa ouvir o eco dos gritos das vítimas de tantas tragédias no mundo inteiro. Que continuam acontecendo a cada dia em que a liberdade é substituída pela violência.

sábado, 8 de setembro de 2007

Nananina, Nano!

Nanotecnologia vem se tornando uma referência frequente em produtos cosméticos. Especialmente em bloqueadores solares e cremes anti-idade. Queria chamar a atenção para um artigo de 2006 do grupo de Engenharia Civil e Ambiental da Rice Univ. de Houston (Adams LK, Lyon DY, McIntosh A, Alvarez PJ.Comparative toxicity of nano-scale TiO2, SiO2 and ZnO water suspensions.Water Sci Technol. 2006;54(11-12):327-34.).
Os autores alertam para a toxicidade ambiental destas nanopartículas, justamente pelas propriedades fotoclásticas que possuem sobre a microflora.
Assim, quando usar um protetor solar com nanopartículas, pense bem, pense duas vezes. Parte delas vai parar no ralo.
Lembre-se que as partículas absorvem radiação e sua nanoescala faz com que penetrem até estratos mais profundos da pele. Quando isto ocorre, elas vão desacelerando e produzindo radicais livres durante este trajeto. Elas são capazes de matar bactérias destruindo o DNA delas. Pense no que pode acontecer com o seu.
Ah, lembre-se que a pele do bebê é 2,5 vezes mais permeável do que a sua.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Pondo pingos nos is

Quero esclarecer alguns pontos que não ficaram claros para algumas pessoas que insistem em não querer entender:

1) não sou a favor de vivissecção.
2) No projeto em que trabalho não fazemos testes em animais. Optamos por culturas de células tumorais e análise epidemiológica.
3) Não considero os testes atualmente vigentes suficientes para garantir a segurança individual em relação a novos produtos e aos efeitos cumulativos daquilo que já existe no mercado.
4) Atualmente ainda se realizam testes em animais, principalmente no que diz respeito à novas moléculas e terapias. Isto não significa que eu seja a favor daquilo que existe. Mas existe, é a realidade e é nela que vivemos. O que se pode fazer é trabalhar pelas alternativas.
5) Excessos devem sempre ser coibidos
6) o ser humano é um animal, portanto, mesmo que os testes se limitem à espécie humana (clínicos), são realizados em animais. É absurdo pensar que o homem seja uma categoria separada. O mote "não testado em animais" é uma inverdade. O que não foi testado foi o produto acabado pois para ter o registro na ANVISA é necessário garantir a segurança, ainda que mínima, do produto.
7) A Natureza tende ao equilíbrio. Os seres vivos não são iguais na forma, na função e na atividade, mas merecem respeito em todas as instâncias pois são interdependentes entre si. A Natureza é um todo e não fragmentos (mas é filosófico demais para a maioria, infelizmente).
8) Sou a favor de substâncias mais seguras. SEGURAS para todos, humanos, cães, gatos, ratos, pássaros, microfauna e microflora. Para quem quiser ter uma idéia do que isto significa leia: "Silent Spring" de Rachel Carlson, ou "Our Stolen Future" de Theo Colburn (disponível em português pela L&PM do RS). É um bom começo para introduzir o tema. Ou procurem no site do WWF : http://www.panda.org/about_wwf/where_we_work/europe/what_we_do/epo/initiatives/chemicals/publications/index.cfm?uPage=2
Proteger somente animais de experimentação é olhar para o umbigo e esquecer o resto do planeta. É necessário proteger a todos.
9) Há circunstâncias em que aquilo que temos não corresponde ao que gostaríamos de ter, basta abrir os olhos e olhar em torno. A realidade dos fatos é que eu não estou satisfeita com o que temos e foi exatamente isto o que eu disse.
10) Bom senso não é artigo de luxo e deveria fazer parte do dicionário de todos.
11) Bioética e biossegurança não são incompatíveis.
12) Testes em animais não são tão baratos nem tão simples assim. Quando realizados em instituições sérias, são analizados por um comitê de ética animal. Os critérios são definidos por estes comitês. O lobby da indústria não é por testes, pelo contrário. Se pudesse, a indústria aboliria tudo.
13) Recomendo que protocolos similares ao que foi implantado na Europa como o REACH sejam presos em consideração pelas autoridades locais onde limitação de substâncias perigosas e de procedimentos fúteis sejam a palavra de ordem.

Dito isto, deixo as perguntas:

Alguém que tenha um filho (e que o ame) o exporia a um teste voluntariamente?
Você exporia seu cachorrinho de estimação a um teste?
Eu não. Nem minha filha, nem meus cães e gatos ( eu tenho vários e cuido deles com muito carinho), nem as aves do meu quintal, nem minhas plantinhas na horta (orgânica). Egoismo? Instinto? Chame como quiser, mas é assim, o bicho que eu sou defende aquilo que ama.

Espero com isto ter esclarecido alguns pontos, para evitar que pessoas usem meu nome e minha opinião de forma errônea. Se mesmo assim não for suficiente, eu só posso lamentar.

Ah, eu fiz um juramento de proteger pacientes. Tenho que usar o arsenal terapêutico que possuo (e que certamente foi testado em animais) e para combater a doença tive que matar tantos agentes patológicos: vermes, bactérias, insetos. Não posso declinar de minha profissão , o que prova que nem sempre as coisas são do jeito que a gente gostaria que fossem. O ideal seria que não houvesse doenças, nem doentes, mas a realidade é outra.
Os doentes existem, precisam de tratamento. Então eu uso o bom senso e os trato com que que existe, apesar de tudo e sem remorsos, mas com a convicção de que as coisas podem e devem melhorar.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

No blog do Planeta

Obrigada ao Alexandre Mansour por ter levado em consideração mais um comentário meu no "Blog do Planeta".
Bioética é território difícil e nem sempre unânime. Às vezes o que é perfeitamente aceitável para uns é impraticável para outros.
Aplicar o bom senso e a otimização de meios na pesquisa seria sempre o ideal. Infelizmente o ideal não é sinônimo do real. Seria necessário uma somatória de forças para obter os melhores resultados, sem lobbys, sem preconceitos, sem vaidades. Coisa praticamente inviável no estado atual das coisas.

Ah, sobre o post de ontem: a Mattel já anunciou o recall por aqui.

Novos recalls

A Gulliver, empresa antiga de brinquedos anuncia o recall de um brinquedo que continha ímãs (http://www.gulliver.com.br/comunicado.php). O brinquedo em questão é o Magnetix (e toda a linha na antiga versão).
Enquanto isso, na Europa, a Mattel anuncia seu 3º recall por chumbo na tinta de seus brinquedos*. Resta saber se fomos também interessados por esta outra leva de produtos com problemas. (*As linhas são: GEOTRAX e algumas peças da casa da Barbie.)
A infância tem que ser protegida. Brincar é fundamental para que as crianças se desenvolvam adequadamente.
Só penso que o recall deveria ser facilitado e não dificultado.
Muitas pessoas podem achar que eu sou implicante. É verdade, sou mesmo. Todas as mães deveriam ser.