Hoje falaremos de censura.
Em particular modo aos muitos países e governos que tentam e fazem censura na web.
A questão é bem espinhosa, em especial em plagas nossas onde o fantasma da censura ronda não só os cemitérios da antiga ditadura, mas também o futuro de uma nova.
A web possui muitos defeitos, muitas armadilhas, mas ao mesmo tempo é uma importante arma de denúncia na mão do cidadão comum. Não precisa estar em um grande jornal, em uma revista de circulação nacional, para condividir idéias e opiniões e para relatar o que se passa ao nosso redor. Você não precisa ser "estrela" para se fazer ouvir.
E é aí que entra a importância desta mídia e o interesse de tantos de controlá-la.
O que se segue abaixo é um resumo do artigo do jornal "Il Messaggero" cujo título é "Repórteres sem fronteiras".
No mundo foram sessenta países em 2009 que reforçaram a censura na rede.
Neste ano serão ainda mais.
Os maiores censores são aqueles já conhecidos: Birmânia, Turkmenistão, Coreia do Norte, Cuba, China, Vietnam ,Arabia Saudita, Síria, Tunísia, Egito, Iran , Usbequistão.
Os três primeiros da lista podem dar-se ao direito de cortar completamente a rede com a desculpa de "falta de infra-estrutura".
A Arábia Saudita e o Usbequistão filtram os dados e estimulam a "auto-censura".
China, Vietnam, Egito e Tunisia usam a rede para fins econômicos, mas controlam o uso social e político. China e Tunisia são particularmente eficazes no controle das críticas.
Turquia e Rússia entram na lista dos países em vigilância, com ameaça de prisão e processos contra blogueiros e bloqueio dos sites "extremistas". A propaganda do regime é cada vez mais presente na rede. Na Turquia os assuntos tabú são: governo, exército, as minorias curdas e armênias, e a dignidade nacional, coisa que pode ser interpretada dos modos mais versáteis e punidas com processos judiciais.
Existem no mundo 120 prisioneiros encarcerados por terem ousado exprimer-se livremente na rede, sendo 72 deles na China, seguidos pelo Vietnam e pelo Iran.
No Azerbaijão, dois blogueiros, Adnan Hadjizade e Emin Milli, que denunciaram corrupção das autoridades e fizeram um vídeo-sátira no You Tube estão na cadeia, no Yemen são 4 jornalistas, no Marrocos o proprietário de um cybercafé e um blogger estão presos por terem comentado a repressão em uma manifestação.
Nos países ditos ocidentais a coisa também ocorre em nome da luta contra a porno-pedofilia e furto da propriedade intelectual leis e decretos de "filtragem" existem ou estão em estudo em países como a Australia, o Reino Unido, a Italia e a França.
No site dos Repórteres sem fronteiras a história da censura contra o Estado de São Paulo pelo filho de um ex-presidente ilustra a página do Brasil.
Não sou nem nunca fui jornalista. Muitas vezes não fui retratada com a fidelidade e com a transparência que gostaria, mas pelo menos pude ter direito à replica. Pude dizer que o veículo tal e o jornalista tal não haviam dito o meu pensamento ou haviam manipulado o texto para outra direção.
Posso dizer o que penso (obviamente desde que documentada). Isto é um direito ao qual não devemos abrir mão nunca.
Temos ouvido de recente tentativas bem óbvias de retorno à censura neste país. Seria uma pena, um retrocesso. Espero sinceramente que isto não ocorra, mesmo disfarçada de "direitos humanos".
A livre expressão dos pensamentos e ideias é o verdadeiro metro de uma sociedade civilizada. Mesmo que não sejamos de acordo com eles.
E antes que me entendam mal, não sou a favor da pedofilia nem do furto intelectual, sou a favor da liberdade de expressão e de denúncia.
Para saber mais: Repórteres sem fronteiras (em francês) http://www.rsf.org/
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