quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ciência: prazer ou drama (e uma receitinhade sabão)

Recebi um comentário da Letícia no post de ontem e vou transcrevê-lo aqui para dar maior visibilidade.

"Olá amigos, deixo aqui a minha dica:
A Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia da América Latina e do Caribe (Red-POP) recebe até 15 de novembro, propostas de trabalho para a 12ª Reunião Bienal (http://www.mc.unicamp.br/redpop2011/) que acontece no Brasil, organizada pelo Museu Exploratório de Ciências (MC), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de 29 de maio a 2 de junho de 2011.
Com o tema “A profissionalização do trabalho de divulgação científica”, o encontro aceitará tanto trabalhos de pesquisa, de caráter acadêmico, quanto de profissionais da área, interessados em relatar suas experiências. Cinco eixos temáticos vão nortear a 12ª Reunião: Educação não-formal em ciências; Jornalismo científico; Programas e materiais para museus de ciências: materiais e práticas concretas; Museografia e museologia científica; Público, impacto e avaliação dos programas. Leticia"

Acredito seriamente que uma boa divulgação científica é uma boa forma de tornar a ciência algo divertido, compreensível e intuitivo.
Digo isto pois sou apaixonada pelo Universo, por astrofísica, mas reconheço a minha incapacidade diante de textos específicos, estritamente científicos, direcionados aos físicos.
Amo a idéia, o conceito, a capacidade de procurar os porquês da Natureza e devo isto aos físicos que entenderam que as noções vão além das fórmulas e puderam nos conceder, pobres mortais que somos, um lampejo de seu conhecimento traduzido em linguagem acessível. A ciência nasceu da observação da Natureza, porém com o tempo acabamos nos distanciando dela.
Tive também, coincidentemente, no final de semana, a visita de meus sobrinhos. Um deles, adolescente, demonstra pouco interesse pelas matérias acadêmicas científicas. Eu estava fazendo sabão de Castilla, um sabão simples a base de óleo de oliva e soda cáustica.
Ele se aproximou, e ficou observando. Me perguntou se a soda era ácida, por ser corrosiva, e ficou surpreso em saber que era justo o contrário. Achou o máximo a reação ser exotérmica, mas ficou realmente fascinado quando a soda transformou o óleo em sabão. Tanto que quis repetir ele mesmo o processo. E fez uma receita toda dele, pesando, medindo os ingredientes, misturando. Foi uma aula de química e ele adorou, pois viu resultados aplicáveis em todos aqueles conceitos.
Queria dizer que isto também é divulgar ciência, é algo que podemos fazer em nossas casas, com nossos filhos. É mostrar naquilo que fazemos o que existe por trás de cada coisa. Pensei quantos jovens poderiam estar apreciando a Química, a Física, a Biologia se encontrassem sentido nelas ao invés de simplesmente torcer o nariz e fazer de conta que nada daquilo lhes diz respeito.

Talvez a minha paixão pelo Universo esteja no fato que quando eu era criança meu pai contava uma historinha chamada "Big Bang" para eu dormir (embora na época, a minha preferida era a do ciclo da água, conhecida como a "história da gotinha"). Começava assim: "Era uma vez a singularidade..." Foi o primeiro divulgador científico que conheci. :)

Receita do sabão de Castilla

1 litro de óleo de oliva
142 gramas de soda cáustica
340 ml de água destilada

Aqueça o óleo até 43 graus Celsius. Em um recipiente de vidro acrescente a água à soda. A reação libera calor e gases tóxicos, deixe o ambiente bem arejado. Quando a temperatura da diluição chegar à 43C, acrescente a soda ao óleo. Misture. Se quiser acrescentar fragrância (óleo essencial) ou corantes, acrescente neste momento, embora não seja necessário. Misture até que você veja um rastro da colher por alguns segundos. Pode levar até uma hora. A reação de saponificação inicia-se imediatamente e continua até que todo o óleo seja convertido em sabão pela soda. Se quiser acrescentar fragrância (óleo essencial) ou corantes, acrescente neste momento, embora não seja necessário. Misture.
Coloque a mistura em uma forma e deixe-a repousar por 24 horas em ambiente ventilado e escuro para solidificar. Ela vai "suar" e esfriar.
O sabão deve passar por um período de "cura" que dura de 2 a 4 semanas. Após este tempo pode ser utilizado.
Este sabão é muito delicado e pode ser realizado com ingredientes orgânicos. Para quem quer um produto de fato genuíno, este é o ideal. O óleo pode ser substituído por outros óleos vegetais. O aspecto não é o do sabonete industrializado, mas de sabão de antigamente. O maior risco é a manipulação da soda cáustica que é muito corrosiva, portanto use luvas de proteção sempre. Separe os apetrechos destinados a este procedimento dos que você usa na sua cozinha.

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