segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A dor e a alegria de ser o que se é.

Hoje não vou falar de artigos científicos, mas de uma coisa que vem me incomodando tanto. Tenho visto com preocupação os efeitos do excesso de "perfeição corporal" sobre as mentes de nossas crianças.
Certos comentários que ouço de minha filha, de suas primas e amiguinhas, acendem o meu sensor de alarme e tento, dentro das minhas possibilidades, dimensionar as coisas para um parâmetro real. Mas confesso que é bem difícil, em especial quando todas as mídias vendem uma imagem impossível de ser atingida na vida real (e natural) e criam semi-Barbies, gente de plástico, sem rugas e sem expressão.
Elas querem já, aos sete, seis, cinco anos, uma imagem corporal compatível com uma modelo de passarela e sofrem pois não encontram do outro lado do espelho aquilo que imaginam como "ideal", mesmo sendo crianças perfeitamente normais, dentro da curva de desenvolvimento adequado para a idade, com um BMI mais do que ótimo.
O que vai ser destas meninas quando chegarem na adolescência e não couberem no "modelo perfeito"?
Vejo que existe uma imensa preocupação com a forma e pouca ou nenhuma com os modos.
Ninguém mais se preocupa com a elegância das maneiras, mas de uma forma banalizada e superficial, só com a forma.
Alguém se lembra da Socila? Onde as moçoilas aprendiam a mover-se e comportar-se, mais do que desfilar na passarela? Já ouviram falar de uma senhora chamada Maria Augusta Nielsen?
Polidez, etiqueta e elegância foram substituídas por silicone, botox e lipoescultura. Mas será que a troca valeu a pena?
Vi o putifério que desencadeou a imagem de uma modelo, Lizzie Miller, na "Guardian", "gorda demais" para ser uma modelo de tamanho XL (se ela é gorda, o que será de mim?)!
Me parece que as pessoas normais perderam o senso de realidade e acreditam realmente que podem ser o que vêem nas revistas de moda.
Lamento informar: ninguém é perfeito. Todos temos alguma coisa que gostaríamos de mudar em nosso aspecto. Mas somos quem somos, e podemos ser melhores em nosso modo de fazer as coisas. Podemos nos tornar seres elegantes e interessantes sendo o que somos, apesar de nossos defeitos, nossas rugas, nossos cabelos que encolhem na chuva, nossa celulite.
E para quem acha que não, acabei de ver uma reportagem na Época on line muito válida para dimensionar os efeitos e "defeitos" especiais que se usam largamente na edição de fotografias.
Deixo o link para vocês verem.
Não deixem de assistir aos videozinhos. Você vai ver a perfeição muito mais imperfeita do que está habituada.
Quem sabe você não descobre uma "Gisele" em você.


Revista Época:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI79086-15228-1,00-ISABELI+RAQUEL+RAICA+E+OUTRAS+BELAS+FOTOGRAFAM+SEM+RETOQUE.html

The Guardian:
http://www.guardian.co.uk/lifeandstyle/2009/sep/02/lizzie-miller-model-fat

2 comentários:

Pérola disse...

Querida,
Faço de suas palavras as minhas!
Concordo plenamente!
Vejo com preocupação que a cada dia a cultura consumista e capital vem ganhando o imaginário de tantas meninas e mulheres em busca do inatingível. E de um inatingível que vende muito creme, muito plano de academia e fortalece a indústria coméstica.
Uma realidade muito triste!
Beijos e Parabéns pelo post!

thais disse...

é triste, né?
eu já me peguei várias vezes falando para a Mel parar de comer isso ou aquilo porque engorda. sempre tive medo dela ser diferente, fora do padrão e sofrer por isso.
como é difícil sair do comum.....