sexta-feira, 11 de setembro de 2009

No Journal of Alzheimer’s Disease, um artigo de Ming Tong e colaboradores do Dep. de Neuropatologia da Warren Alpert Medical School-Brown University sobre os efeitos das nitrosaminas sobre a resistência insulínica me chamou bastante a atenção.
Como se sabe, recentemente estamos diante de uma sorte de "epidemia" de doenças relacionadas à resistência insulínica: Diabetes melitus do tipo 2 (DM2), Esteato-hepatite não alcoólica (NASH), e também Doença de Alzheimer (DA). Os autores afirmam que a exposição às nitrosaminas seriam uma causa de resistência insulínica.
A Estreptozotocina, uma molécula relacionada às nitrosaminas, já havia sido investigada pelo grupo que concluiu que causava resistência insulínica inclusive neurodegeneração do tipo Alzheimer. Os autores então hipotizaram que a exposição crônica às nitrosaminas poderia contribuir para a patogênese destas três síndromes e para isto expuseram ratos a um tratamento com N-nitrosodietilamina (NDEA) e após 2-4 semanas estes animais foram avaliados para disfunção cognitiva e motora, resistência insulínica e degeneração neural usando abordagem comportamental, bioquímica e molecular. Os ratos tratados apresentaram deficits na função motora e no aprendizado espacial, peroxidação lipídica, perda celular, níveis aumentados de proteína precursora de amiloide-β, amiloide-β fosfo-tau e imunoreatividade da ubiquitina, alteração da expressão (upregulation) das citocinas pró-inflamatórias e dos genes pró-ceramidas, que juntos levam à resistência insulínica. O tratamento causou diabetes do tipo 2 e esteatose hepática.
Em base a estes resultados, os autores concluiram que a exposição ambiental às fontes dietéticas ou não de nitrosaminas são um fator crítico para a patogênese destas síndromes e que uma maior detecção, e consequentemente prevenção, poderia ser útil no combate a esta epidemia.

*Nitrosaminas são encontradas facilmente em alimentos processados e também em cosméticos. São também produzidas em nossos corpos (suco gástrico).
Fontes comuns de nitrosaminas:
Alimentos: bacon frito, cerveja, leite em pó, salames, salsichas, alimentos curados.
Exposição ocupacional: produtos derivados do tabaco, do látex, indústria da borracha, metalúrgicas, pesticidas, indústrias químicas, cosméticos.

O que procurar e evitar nos rótulos de cosméticos (INCI):
Bronopol (2-bromo-2-nitropropane-1,3-diol)
Brononitrodioxane
Cocamidopropil betaíne
DEA (e condensados)
DEA-sodium lauryl sulfate
Morpholine
Padimate-O (octyl dimethyl PABA)
Quaterniums
TEA


Para ler o artigo:
Tong M, Neusner A, Longato L, Lawton M, Wands JR, de la Monte SM.
Nitrosamine Exposure Causes Insulin Resistance Diseases: Relevance to Type 2 Diabetes Mellitus, Non-Alcoholic Steatohepatitis, and Alzheimer's Disease.
J Alzheimers Dis. 2009 Jun 19.

* "Mamãe passou açúcar em mim", Copyright: S. Goraieb,2006

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