No último post comentei sobre a disparidade entre a aparência e o conteúdo.
Hoje vou dizer o motivo da embalagem ser importante.
Objetivamente a embalagem deve proteger o conteúdo. Quando "vestimos" algo, o fazemos de forma a manter o que existe dentro menos exposto às agressões físicas (mais frequentes) ou químicas resultantes do ambiente que o circunda.
Mas a embalagem tem principalmente uma importância subjetiva. Ela nos "fala" sobre os valores que existem naquilo que ela "veste".
É uma forma de fazermos julgamentos rápidos e intuitivos sobre coisas (e pessoas) que não conhecemos em circunstâncias que nos exijam uma resposta.
É imediato e portanto absolutamente emocional. É o pré-conceito, aquilo que se espera de algo que não se conhece. Não é necessariamente o que a coisa ou a pessoa sejam de verdade, é só aquilo que achamos que ela possa ser em base a uma série de experiências e "moldes" que calcamos ao longo de nossas vidas, de nossos valores e daquilo que achamos importante em uma determinada circunstância, ou um padrão socialmente válido.
Mesmo na Natureza, o aspecto exterior de um animal pode sinalizar se ele é mais ou menos venenoso (embora existam falsos ali também).
Ocorre para coisas, para pessoas, para situações.
Não se sintam um lixo por terem julgado mal algo ou alguém que vocês não conheciam e que à primeira vista pareceu pior do que eram de verdade. É uma reação normal.
Porém quero fazer uma colocação que me parece importante no que diz respeito às embalagens. Os valores estão mudando (lentamente, mas inexoravelmente) e a hierarquia da beleza vai ter que ser substituída pela da sustentabilidade.
Quando usamos uma embalagem, além da beleza e da funcionalidade, temos que nos preocupar com alguns aspectos que até bem recentemente não faziam parte do repertório do cidadão comum, ou seja: de que material a embalagem é feita? Quanta energia foi usada para fabricá-la? Ela é reciclável e no processo de reciclagem deixará resíduos tóxicos? Quanto lixo esta embalagem produz? Ela é mesmo necessária?
Acredito que em termos práticos a última pergunta resuma muito do que qualquer pessoa, mesmo uma criança, deva se fazer diante de qualquer coisa que se consuma.
Ela é mesmo necessária?
Se não for, podemos prescindir dela. Assim como para cantarmos uma canção não precisamos da cara da Angelina Jolie, mas sim da voz de Suzan Boyle.
Nenhum comentário:
Postar um comentário